A assessora do Presidente

17-02-2017 | Nuno Passos

Na receção aos Reis de Espanha, com o Presidente da República, no Paço dos Duques (Guimarães), em novembro de 2016

A intermediar (à esquerda) uma conferência de imprensa com Durão Barroso e o então secretário de Estado norte-americano John Kerry, na Comissão Europeia (Bélgica), em 2013

Com o eurodeputado Nuno Melo no Parlamento Europeu, em Bruxelas (Bélgica), em 2012

Numa reportagem televisiva pela SIC, em Viseu, em 2009

Num momento de convívio com colegas, no campus de Gualtar, em 2006

Numa cerimónia solene no Pavilhão Desportivo da UMinho, em 2006

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Mariana Mira Corrêa

Licenciada em Comunicação Social na UMinho, a portuense de 35 anos foi jornalista da SIC, assessorou Nuno Melo em Bruxelas, trabalhou no serviço de porta-vozes da Comissão Europeia na era Durão Barroso e inscreveu-se como voluntária para a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, acabando por integrar a sua equipa restrita da comunicação, no Palácio de Belém.



A que se deve o seu gosto por Comunicação Social e porque decidiu tirar este curso na UMinho?
Desde que me lembro, sempre quis ser jornalista. No início talvez tenha sido influência da minha professora primária, de quem eu gostava muito, que nos dizia sempre que se não fosse professora teria sido jornalista. A verdade é que sempre fui muito comunicadora e o jornalismo fazia todo o sentido para mim. Em 2000, quando entrei para a licenciatura, a UMinho era uma das melhores no curso de Comunicação Social… Sendo eu do Porto e dada a proximidade de casa, a escolha pareceu-me óbvia.
 
Como foi o seu primeiro dia no campus e a integração?
Não me recordo propriamente do primeiro dia, mas a integração foi ótima.
 
Que “estórias” guarda da vida académica?
Não posso dizer propriamente que tenha tido uma vida académica muito ativa. Sempre fui trabalhadora-estudante (trabalhava no Porto), o que não me deixava muito tempo para participar em atividades extra, mas cheguei a fazer parte do jornal do curso, onde tinha uma coluna em que escrevia sobre mulheres que ficaram mundialmente conhecidas.
 
Como foi a sua entrada no mercado de trabalho?
Demorou, não foi imediata, mas tive muita sorte no local onde fui estagiar, a SIC Porto. O meu estágio foi de três meses – de agosto a novembro de 2006. Depois estive mais seis meses à procura de trabalho, até que me chamaram da SIC para cobrir a licença de maternidade de uma colega. Foi a 3 de maio de 2007, nunca mais me esqueço, o dia em que Maddie McCann desapareceu no Algarve e a redação estava em polvorosa.
 
Como foi depois a sua evolução profissional?
Acabei por ficar quase quatro anos na SIC como repórter. Foi uma experiência que me deu bases fortíssimas para aquilo que faço hoje. No entanto, a precariedade dos contratos que fui tendo “obrigou-me” a procurar alternativas. Em 2011 arrisquei tudo, não renovei o contrato com a SIC, peguei numa mochila e fui à aventura para Bruxelas (escolhi Bruxelas porque tinha lá estado a fazer Erasmus, no tempo do mestrado). Estive três meses a bater a todas as portas da capital belga até que, à terceira tentativa, o eurodeputado Nuno Melo acabou por me contratar para fazer assessoria de imprensa, no Parlamento Europeu. Um ano depois fui convidada para ir para o Serviço de Porta-vozes da Comissão Europeia, onde trabalhei nos últimos anos do mandato do então Presidente, Durão Barroso. Quando em 2015 terminou o meu contrato decidi regressar a Portugal e tentar trabalhar por cá. Foi quando vi o, na altura, professor Marcelo Rebelo de Sousa a anunciar a candidatura à Presidência da República. Enviei um e-mail com o meu currículo, fui procurá-lo no primeiro comício que fez no Porto, ofereci-me para trabalhar como voluntária na campanha e… sorte das sortes, aceitou que o acompanhasse! Quando ganhou, convidou-me para ficar na Presidência. Tive muita sorte. Não nos conhecíamos de lado nenhum. Como se costuma dizer: estava no sítio certo, à hora certa.
 
Que experiências e curiosidades recorda da fase em Bruxelas e na Comissão Europeia?
Viver em Bruxelas foi muito bom. Profissionalmente, é incomparável a Portugal; não é melhor nem pior, mas é muito diferente. Há 28 nacionalidades a trabalhar juntas num mesmo espaço, com línguas, culturas e caraterísticas completamente distintas, mas com um objetivo comum. São de um profissionalismo inacreditável, são os melhores dos melhores. Para mim, foi um passo de gigante porque, ao trabalhar diretamente com o Presidente, significava poder estar perto do centro das decisões. A maior parte das pessoas não sabe, mas 75% da nossa legislação “vem” de Bruxelas. No Serviço de Porta-Vozes, onde eu estava, toda a estratégia de comunicação é definida e implementada. Por isso, no meu dia-a-dia, tinha contactos permanentes com jornalistas de todo o mundo, o que me permitiu ter uma visão mais próxima de como se faz jornalismo em diferentes países. Para além disto, outra das minha funções era, juntamente com o protocolo, receber as visitas do Presidente… John Kerry, Shimon Peres, Bono, Rei da Jordânia, Ramos Horta são personalidades que recordo ter conhecido e que gostei muito de acompanhar. Foi uma experiência muito gratificante.
 
Esperava chegar a assessora do Presidente da República?
Não, nunca.
 
Como descreve Marcelo Rebelo de Sousa?
Sou suspeita para falar do nosso Presidente, mas posso dizer que lhe tenho uma grande admiração e respeito. Gosto mesmo muito de trabalhar com ele.
 
Como é o seu dia normal e o que destaca no seu trabalho?
Não há dias iguais na Presidência da República, por isso é difícil descrever “um dia normal”. Tanto podemos estar a acompanhar o Presidente numa visita ao estrangeiro, como no dia seguinte estar a visitar uma universidade ou a acompanhá-lo em ações sociais. No entanto, posso dizer que são sempre dias muito cheios.
 
Quais são os seus próximos projetos?
Acabei de chegar à Presidência da República, conto ficar mais quatro anos e, depois, logo se vê.
 
Pensa um dia voltar à UMinho, para formação, investigação ou outros projetos?
Neste momento não tenho planos relativamente a isso, mas quem sabe…seria bom voltar.
 
Que mensagem gostava de deixar a (futuros) alunos de Ciências da Comunicação?
Antes de mais, é fundamental estarem seguros do que querem… a partir daqui, não há limites. É importante apostarem na formação, serem originais e terem sempre em mente que nada se conquista sem trabalho e esforço. Nesta vida não há impossíveis!
 
 

Curiosidades
 
Um livro. O Perfume, de Patrick Süskind.
Um filme. Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore.
Uma música. Ain’t Got No, I Got Life, de Nina Simone.
Um clube. Futebol Clube do Porto.
Um desporto. Yoga.
Um passatempo. Ler.
Uma viagem. Cuba.
Um prato. Qualquer um que seja cozinhado pela minha avó.
Um vício. Chocolates.
Uma personalidade. Papa Francisco.
Um momento. O nascimento da minha irmã mais nova.
Uma frase. “Querer é poder”.
Um sonho. Conversar com o Dalai Lama.
A UMinho. Onde (profissionalmente) tudo começou.