“O panorama da UMinho e o seu contributo para o país não podia ser melhor”

17-02-2017 | Nuno Passos

Momento da abertura da cerimónia solene dos 43 anos da UMinho, com Marcelo Rebelo de Sousa a passar entre os professores doutorados do cortejo académico, no salão medieval da Reitoria

A entrevista foi conduzida no final da cerimónia por Daniel Vieira da Silva, numa parceria com a RUM, e decorreu no Museu Nogueira da Silva, uma unidade cultural da UMinho no centro de Braga

Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta década outras seis vezes na UMinho: vamos recordá-las. Nesta foto, a 25 de novembro de 2016, durante a visita ao Centro Clínico Académico, uma parceria da Escola de Medicina da UMinho com o Hospital de Braga

A 19 de outubro de 2016, na abertura do Fórum "Um Novo Futuro" da Braga - Capital Iberoamericana da Juventude, no salão medieval da Reitoria

A 16 de novembro de 2012, na conferência "Identidade e sentido da vida de um povo" do Átrio do Gentios, no auditório nobre do campus de Azurém, em Guimarães

A 26 de maio de 2011, nos encontros UM, sob o tema "Sondagens: a realidade e os mitos", ao lado de José Leite Pereira, Henrique Monteiro, Felisbela Lopes, Estelita Vaz e Dinis Pestana

Os encontros UM decorreram no salão nobre da Reitoria da UMinho, perante uma plateia lotada

A 27 de abril de 2010, na mesa redonda "25 de Abril de 1974", com Fátima Ferreira, António M. Cunha e José M. Lopes Cordeiro, no auditório B1 do campus de Gualtar, em Braga

A 26 de março de 2010, no 6º Fórum Interdisciplinar de Professores, sob o mote "O que se espera da Igreja em Portugal", em pleno salão nobre da Reitoria

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Em entrevista, o Presidente da República elogia o percurso desta academia e deixa desafios futuros.




Na cerimónia do 43º Dia da UMinho, enalteceu no seu discurso o papel desta universidade na região e no país. Quais são os pontos fortes que destaca?
Esta universidade nasceu bem, desenvolveu-se bem e está num crescimento imparável. Primeiro, muito aberta à juventude. Segundo, muito aberta à região. Terceiro, num consórcio com as três grandes universidades deste Norte, no sentido de outros Nortes. Quarto, internacional. Quinto, na ponta da investigação. Sexto, com preocupações de inclusão e ação social, sobretudo a pensar nas necessidades de vida nos estudantes, como a habitação e o pagamento do estudo. Sétimo, com um grande reitor e um grande presidente do Conselho Geral. Portanto, não pode ser melhor o panorama na UMinho e o seu contributo para o país.
 
Realçou igualmente na sessão solene que 43 anos têm que ser um ponto de partida.
É um ponto de partida. Estávamos ali a celebrar o passado, mas sobretudo a pensar no futuro. É uma universidade do futuro.
 
E António Cunha um timoneiro de um projeto maior?
É excecional. Não quero melindrar nenhum dos outros reitores das universidades nacionais, mas, como lembrei, por alguma razão eles decidiram elegê-lo presidente do Conselho de Reitores, acharam que era de facto muito bom.
 
Falamos também da UMinho cada vez mais ligada ao tecido empresarial, via ciência e investigação. Que caminho deve ser seguido, para não se perder algumas áreas de intervenção?
Deve juntar-se a ligação ao tecido empresarial com o tecido social. Há áreas em que é fundamental a ligação às empresas, através de estágios, parcerias, financiamento, apoio para estudos de investigação pura ou aplicada, mas também na vertente social. Há na região uma rede muito forte de instituições de solidariedade social, que pode, deve e está a colaborar com a universidade. Esta ligação está a acontecer em cursos muito importantes para o equilíbrio social, desde o direito às relações internacionais, da administração à gestão, da sociologia à ciência política.
 
Mas pode correr-se o risco de o mercado efetivamente não conseguir absorver essas pessoas.
Depende da superação da crise. Nos períodos de crise, isso sucedeu mesmo com as “ciências duras”. Infelizmente, houve muitos graduados que tiveram que emigrar ou que fazer outra coisa para a qual não tinham sido preparados. Mas estamos aos poucos a sair da crise. Mesmo em tempos difíceis, eu dizia aos meus alunos: “Não percam estes anos, continuem a formar-se, se tiverem meios para isso. Vão adquirindo novas qualificações, mesmo fazendo outras opções de carreira, mas não se deixem cair na pior das situações, que é de repente haver um vazio, um parêntese na vossa vida”.
 
Não o incomoda que façam esse percurso fora do país?
Não. Para alguns deles foi difícil, mas outros estão a regressar e outros ficaram mais um tempo porque a sua valorização profissional o explica. Mas, sabe, a circulação hoje é tão rápida… Uma das lições desta crescente emigração é que, ao contrário dos anos 1960, em que se ia para ficar duradouramente, incluindo as famílias, agora as gerações qualificadas vão e vêm para a Europa, são migrações de curta duração. Estão a regressar e a montar esquemas para uma parte da vida ser cá e a outra parte ser lá.
 
Fala-se de Portugal ter a geração jovem mais qualificada de sempre, mas isso não se reflete na remuneração.
Toda a tabela salarial portuguesa está apertada. Uma das consequências dos efeitos da crise é que todos sofrem no salário, quer nos prémios de desempenho como na tabela básica. Isso vai ajustando. As pessoas sabem que foi uma contingência, uma dificuldade, mas estão a enfrentá-la muito bem e espero que o avanço económico e no emprego permita um avanço subsequente no estatuto remuneratório condizente com as qualificações.