Alemão filmou o seu Erasmus na UMinho

31-03-2017 | Nuno Passos

Na Orientation Week para alunos de intercâmbio recém-chegados à UMinho, em setembro de 2015, na Avenida Central, Braga

A Orientation Week foi promovida pelos Serviços de Relações Internacionais da UMinho

Numa caminhada pelo miradouro Pedra Bela, no Gerês, com a estudante Patrícia Gonçalves, em outubro de 2015

Num passeio divertido por Lisboa, com os colegas Pawel Pankowicz, Kasia Gé e Tiago Costa, em novembro de 2015

Com um grupo do ESN Minho, na Gala de Despedida, em junho de 2016

No Largo do Paço, junto à Reitoria da UMinho, em outubro de 2014

Com olhar expectante, à saída do aeroporto do Porto, em outubro de 2014

Patrick Doodt sente-se um cidadão do mundo

No ESN International WEP Utrecht, na Holanda, em novembro de 2014

Num encontro de estudantes de mobilidade em Ancara, na Turquia, em abril de 2015

Patrick Doodt a praticar skateboard em Ísafjörður, Islândia, no seu primeiro período Erasmus, em agosto de 2010

Foi neste contexto, com alunos de todo o mundo a jogar num recanto da Islândia, que Patrick acentuou a sua paixão por filmar

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Patrick Doodt

Tem 28 anos e é de Konstanz, Alemanha. Fez a licenciatura em Filosofia e Psicologia e o mestrado em Filosofia, respetivamente com períodos de intercâmbio em Reiquiavique (Islândia) e Braga, onde registou com sucesso o seu quotidiano como vlogger. É dono da Doodt Films, produtor e editor de vídeo da ESN International (Erasmus Student Network).


Quando decidiu estudar no estrangeiro?
Foi no início de 2010, quando se senti preso na Universidade, como um hamster na roda, ao estar a estudar, a trabalhar e a preparar-me para um emprego, que poderia não arranjar facilmente por estar em Filosofia.

Primeiro, foi para a Islândia. Porquê?
Universidade da Islândia, em Reiquiavique, foi a escolha possível. Na minha Universidade Técnica de Dortmund, o convénio com Liverpool, na Inglaterra, não funcionou nesse semestre de 2010/11. Vivi inúmeras histórias na Islândia, claro. Uma das mais marcantes foi no início, quando vi um grupo de estudantes de todo o mundo a jogar futebol no Vestfirðir, no noroeste do país. Achei incrível! Peguei na máquina para filmar e foi um momento-chave para, a partir daí, passar a registar as minhas experiências de estudante no estrangeiro. Outra história marcante foi no final do segundo semestre, quando alugamos uma limousine e fomos pelo centro de Reiquiavique com cinco amigas vestidas de ninjas, o colega de apartamento como stripper e eu como seu chefe. História real.

A paragem seguinte foi Portugal. Porque escolheu este país e a UMinho?
A decisão era entre Braga e Tartu, na Estónia. Estive em Braga meses antes num evento da Erasmus Student Network (ESN), o SWEP Minho 2014 e fui também a outro em Tallin, a capital estoniana, donde segui para conhecer melhor Tartu, dias antes do limite da candidatura. Tartu lembrou-me bastante a Islândia de várias formas, até na forma de estar das pessoas, que é diferente do temperamento e modo de vida dos portugueses. Por isso, vim para Braga em 2015/16 para experienciar algo a que não estava habituado. Em relação ao mestrado, o meu foco recaiu sobretudo em questões de Geopolítica e Justiça Global.
 
Como foi o seu primeiro dia no campus e a integração?
Nesse primeiro dia iniciava a Orientation Week, mas na verdade já estava por Braga antes. Recordo-me que havia muito calor e que eu estava motivadíssimo por ser de novo um estudante Eramus após vários anos, nos quais trabalhei na ESN, vendo colegas de intercâmbio a partirem e a chegarem... Graças aos meus contactos na ESN Minho, consegui um apartamento de antemão para, ao chegar do aeroporto, ter logo onde guardar as minhas coisas, o que foi uma "boia de salvação" no processo atribulado de integração e de encontrar um bom alojamento. O que me surpreendeu positivamente foram os professores do Departamento de Filosofia, muito acolhedores e procurando garantir que eu me sentia parte do Instituto de Letras e Ciências Humanas e da UMinho, o que de facto não era o estilo das minhas origens. Quer dizer, a minha faculdade na Universidade de Konstanz é fantástica e bem mais familiar do que nas outras faculdades, mas faltava esta ênfase extra de estar disponível sempre que eu precisasse de algo.
 
Que histórias mais o marcaram nesta vida académica?
Percebi ao chegar ao campus que as primeiras aulas começariam só uma semana mais tarde. Como não falo português para assim acompanhar as aulas e as matérias, os meus professores concordaram que eu poderia ler os livros e artigos (que estavam em inglês) e redigir uma síntese todas as semanas para as aulas e ter depois uma curta discussão sobre o tema nos seus gabinetes. Este método de trabalho foi, na minha opinião, a melhor forma para estudar, pois eu era obrigado a ler, preparar, digerir tudo e, sobretudo, a possibilidade de ter os professores a dedicarem tempo para debater comigo temas tão pertinentes, entrando em detalhes, foi ouro! Penso que trabalhei e aprendi mais nesse período do que na Alemanha, onde eu por vezes "escondia-me" ao fundo da sala de aula, lançava uma boa pergunta de vez em quando e fazia um paper ou teste no final do semestre.
 
Porque optou por criar um canal YouTube para registar o seu quotidiano na UMinho?
Basicamente, foi um meio que encontrei para me desafiar como produtor de vídeo, criando conteúdos a cada semana, aprendendo mais sobre filmagem e captando o processo da experiência Erasmus. A maior vantagem foi saber otimizar o fluxo de trabalho em termos de edição, de modo a ser capaz de gravar em menos tempo e sobre aspetos mais focalizados. Graças a esse período em Portugal, posso agora ir a eventos e filmar três cenas que estarão todas no vídeo final, em vez de ter gasto horas de filmagem. Mas o que mais valorizo é que nunca ninguém tinha filmado um ano Erasmus completo e divulgado em episódios semanais. Claro que o vlog aborda mais o que acontece fora da universidade, destacando o estilo de vida do aluno de intercâmbio. Outra esperança foi e ainda é mostrar de forma simples às pessoas o que uma experiência Erasmus pode ser no seu íntimo, mesmo que diferente se comparada com a minha primeira vez em mobilidade ou com as das outras pessoas.
 
Que reações recebeu?
Os vídeos que geraram mais reações foram sobre a praxe e a "depressão Erasmus" no fim do primeiro semestre. Na verdade, eu não fazia ideia de que a praxe era um assunto tão controverso; quando fiz o vídeo, apenas quis falar daquilo que observei, compreender e interpretar. No caso da depressão, para mim foi um tema mais sério, pois desperdicei quase um ano após o regresso da Islândia a olhar para esse tempo e a não olhar para as coisas boas à minha volta. No geral, estou muito feliz por ter todos esses testemunhos registados na câmara. Mesmo agora, quando estou a trabalhar em alguns vídeos ou outras tarefas, coloco aqueles episódios antigos num segundo ecrã e revejo os bons momentos com nostalgia, como as idas ao Gerês, a Guimarães, ao Algarve (VÍDEO).
 
Que histórias mais o marcaram em Portugal?
Foi algo idêntico ao momento do futebol na Islândia. Em janeiro de 2016 comprei um conjunto de equipamento de vídeo, mas não tinha ideia como usar o estabilizador de imagem nem as imensas opções da câmara. Para aprender, resolvi andar pela floresta no monte junto do campus de Gualtar, começando a gravar em redor e testar coisas novas.
 
Quis são os seus próximos projetos?
Em dezembro concluí o mestrado e agora estou 100% focado na minha produtora de vídeo, que prolonga o que fui realizando nos últimos anos enquanto estudava, mas agora a tempo inteiro. A melhor parte do trabalho é estar no estrangeiro a filmar eventos, sendo a conjugação entre a interminável experiência Erasmus, a produção de vídeo e as viagens. Para mim, é um sonho tornado realidade.
 
Pensa regressar um dia à UMinho, para estudar, investigar ou para visitar amigos?
Mais cedo ou mais tarde regressarei certamente, pelo menos para comer uma Francesinha e rever amigos [sorriso]. Penso que, quando se vive num lugar durante algum tempo, uma parte de nós sente-se ali sempre em casa. Além disso, as viagens de avião da minha região para o Porto custam cerca de 50 euros. É mais uma questão de tempo.
 
Que mensagem deixa para os (futuros) estudantes Erasmus?
Para os futuros ou potenciais estudantes Erasmus: vão para o estrangeiro, façam acontecer! Para os que já estão em mobilidade: absorvam o espírito Erasmus e usem-no no vosso curto tempo com os amigos, tanto quando possível, até regressarem a casa.
 
 

  Curiosidades
 
  Um livro. A trilogia O Senhor dos Anéis.
  Um filme. A saga O Senhor dos Anéis.
  Uma música. Nothing Ever Happens, de Rachel Platten.
  Um clube. ESN.
  Um desporto. Skateboard.
  Um passatempo. Fazer um filme.
  Uma viagem. A vida.
  Um prato. Francesinha.
  Um vício. Trabalho.
  Uma personalidade. Devin Supertramp, an American videographer.
  Um momento. Estar em frente da ponte Golden Gate, na Califórnia.
  Uma frase. “Segue a tua paixão e a vida vai recompensar-te.”
  Um sonho. Correr pelas montanhas islandesas num traje de hobbit, filmado com um drone de forma épica.
  A UMinho. Obrigado.