Como evoluem as opções de vida nas idades precoces
Céu Taveira aceita que as meninas têm maior maturidade do que os rapazes em vários casos, mas as decisões de carreira são encaradas de forma idêntica e há etapas que podem ser definidas. A exploração que as crianças até aos 6 anos fazem do seu ambiente, nas suas brincadeiras com bonecas, jogos e heróis, leva-as a expressar já opções de carreira fantasiosas, que remetem para prestígio, brilho, ação e poder. Valorizam e imitam o que observam/admiram e não propriamente o que são mais capazes de fazer: querem ser a cabeleireira ou o médico com muitos apetrechos, o astronauta que vai à lua, o futebolista ganhador.
Ao transitarem para o 1º Ciclo, adotam uma visão mais realista, formulando escolhas com base, por exemplo, no que experimentam e gostam e naquilo que consideram apropriado para mulheres e homens. E aos 10-13 anos baseiam-se muito no sentimento de autoeficácia, nas capacidades e interesses já experimentados e no que conhecem do mundo escolar e profissional. Gostam da atividade ao acharem que são mais capazes de a realizar, o que determina a sua imaginação sobre o futuro. Assim, por exemplo, se não gostam de física, podem recuar e desistir de um sonho de infância, como “ser astronauta”.
É curioso verificar que o sentimento de autoeficácia das raparigas por áreas como a matemática já é menor em idades precoces, podendo afetar o tipo de cursos que irão escolher. Quanto aos rapazes, tendem a ser mais confiantes, mas podem investir menos na exploração de carreiras, o que também os condiciona e pode levar a escolher apenas vias tradicionalmente ligadas ao seu sexo. Aliás, continua a investigadora da UMinho, já a partir dos 3 anos, as crianças sentem nas conversas de casa, da escola, dos media uma determinação do que parece ser mais adequado para cada sexo – e esses discursos podem contribuir para que os jovens limitem ainda mais as suas escolhas em termos de ensino obrigatório, superior, trabalho, lazer, modos de vida; enfim, da sociedade que somos.
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