Bibliotecário de paixão, pioneiro com inovação

19-02-2018 | Pedro Costa

No seu gabinete dos Serviços de Documentação da UMinho

Numa deslocação a Madrid, com o engenheiro Mario Necho

Com Eloy Rodrigues, hoje diretor dos SDUM, e Elísio Araújo, atual diretor da Biblioteca Pública de Braga, em Barcelona

Armindo Rodrigues Cardoso numa intervenção pública

No Parque Natural de Montesinho, no "seu" nordeste transmontano

Seminário 'As Universidades e os Novos Serviços de Informação Electrónica em Rede', organizado por Armindo Cardoso e Altamiro Machado, em 1995, na UMinho

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Armindo Cardoso, ex-diretor dos Serviços de Documentação, homenageado nos 25 anos da Biblioteca Geral da UMinho.




Armindo Rodrigues Cardoso nasceu em 1949 na aldeia de Moimenta, em Vinhais, distrito de Bragança. Foi um dos primeiros diretores dos Serviços de Documentação da UMinho (SDUM) e um grande dinamizador das suas valências, nomeadamente da Biblioteca Geral, no campus de Gualtar, em Braga. Nesta academia foi ainda obreiro e fundador da Associação de Funcionários da UMinho (AFUM). Com espírito empreendedor e vanguardista, teve um papel destacado na conceção e instalação da RUBI, a primeira tentativa de criação de uma rede portuguesa de bibliotecas universitárias. Falecido precocemente em 2003, vítima de doença prolongada, foi alvo de uma homenagem a 16 de fevereiro, na conferência final das comemorações dos 25 anos da Biblioteca Geral da UMinho, cujo edifício ajudou a nascer (VÍDEO).

Armindo Rodrigues Cardoso licenciou-se em Filosofia e Humanidades na Universidade Católica de Braga, em 1980. Três anos antes ingressara nos SDUM, que o fizeram “descobrir definitivamente a paixão pelos livros e pelas bibliotecas”. Estava encontrada a motivação para frequentar o curso bienal de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas da Universidade de Coimbra, que concluiria em 1981. Pouco depois, em 1983, foi nomeado diretor dos SDUM, sendo assessor principal da carreira de biblioteca e documentação, com especialização na área da gestão de bibliotecas universitárias. Exerceu o cargo de diretor quase 20 anos, liderando os grandes projetos de desenvolvimento deste serviço, como a instalação, organização e regulamentação do sistema de bibliotecas da UMinho, a informatização dos SDUM e a instalação definitiva da Biblioteca Geral em Gualtar, bem como da Biblioteca da UMinho em Guimarães.
 
O papel percursor dos SDUM a partir dos anos 80 teve cunho forte de Armindo Cardoso, cujo legado e matriz de trabalho se mantêm nestes serviços, hoje dirigidos por Eloy Rodrigues, seu colaborador direto desde 1992. Na verdade, a UMinho foi a primeira universidade portuguesa a ter o seu catálogo totalmente informatizado. A partir dos anos 90, os SDUM também afirmavam o pioneirismo na presença na internet, com a primeira página web de bibliotecas portuguesas, e organizando os primeiros eventos sobre esta matéria. Daí até à atualidade é fácil estabelecer um paralelo, com a UMinho a destacar-se nas plataformas nacionais e internacionais do acesso aberto (VÍDEO).

A afirmação de Armindo Cardoso entre pares levou-o a um papel importante na criação da RUBI – Rede Universitária de Bibliotecas e Informação, uma infraestrutura que dava os primeiros passos no sentido da integração e disponibilização da informação e do conhecimento contido e produzido nas universidades portuguesas. Foi membro da sua comissão instaladora e da sua assembleia. O prestígio deste responsável levou-o a outros cargos: foi membro do conselho técnico da Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas (BAD), da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Informação Científica e Técnica (Incite) e da Associação dos Gestores das Universidades Portuguesas (AGUNP). Esteve ainda na comissão organizadora do "4º Congresso Nacional de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas" em Braga (1992), do seminário "As Universidades e os Novos Serviços de Informação Electrónica em Rede" (1995) e do "Fórum Aprender e Estudar na Europa: Acesso à Informação para Pessoas com Deficiência" (1998).
 
Por outro lado, foi docente na UMinho desde o ano letivo de 1980/81, na unidade Noções de Informação Científica e Técnica, destinada a alunos de cursos de Engenharia. Em 1987 lecionou também Técnicas de Formação de Utilizadores, na Universidade do Porto. Em paralelo, deu aulas de Gestão de Bibliotecas e Serviços de Documentação e Análise Documental em mais de uma dezena de cursos promovidos pela BAD, bem como de Indexação por Assuntos e Armazenagem de Documentos, na Escola Profissional do Alto Minho Interior (EPRAMI). Nos anos 80 esteve igualmente na coordenação do curso de Técnicos em Informática Documental, financiado pelo Fundo Social Europeu, e de sete cursos de Preparação para Técnicos Adjuntos de Biblioteca e Documentação, organizados e certificados pela BAD.

 

Ao serviço da sua Moimenta

Embora tenha escolhido Braga para viver, nunca enjeitou as suas raízes no nordeste transmontano, lembrando amiúde a sua aldeia raiana, "a clara concretização do reino maravilhoso de Miguel Torga”. O seu pensamento apontava muito para o Parque Natural de Montesinho e em 2001 criou o site Moimenta. “Decidi fazer este trabalho para homenagear a terra onde nasci, onde cultivei as minhas melhores amizades e onde aprendi a dar valor às coisas simples da vida”, escreveu na página de entrada. O gosto pela vida associativa levou-o a investir em dois projetos, hoje consolidados: a AFUM e Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga, as quais fundou, foi sócio nº 1 e primeiro presidente eleito.