Ajudar no tratamento da artrite-reumatoide e atuar na modelação capilar. São estas as duas aplicações da Solfarcos, uma das spin-offs mais recentes das 46 existentes na UMinho. Bebe da investigação feita no Centro de Engenharia Biológica (CEB), sediado no campus de Gualtar, e parte para a comercialização de duas soluções já patenteadas, que definem caminhos bem distintos: a farmacêutica e a cosmética.
“Estamos a usar um processo de formulações cosméticas à base de péptidos com número de cisteínas e aminoácidos específicos. O objetivo é modelar o cabelo”, explica a investigadora Madalena Martins. Na parte farmacêutica foram desenvolvidas nanopartículas que têm na sua constituição um péptido, que é alvo de comercialização pela Solfarcos. As nanopartículas foram geradas no CEB numa escala-piloto, já estão embaladas e vão ser etiquetadas para serem enviadas para os ensaios pré-clínicos (VÍDEO).
“Estas nanopartículas em concreto são para o tratamento da artrite-reumatoide. Têm encapsulado um fármaco, o metotrexato, que tem associados vários efeitos secundários, pelo que se procedeu à sua encapsulação em nanopartículas, especificas para as células-alvo, reduzindo os efeitos secundários. Isto é bastante importante, pois quando aqueles doentes se tornam intolerantes ao fármaco é preciso utilizar terapias biológicas, que são muito mais caras e implicam grande esforço do nosso sistema de saúde”, nota a investigadora Eugénia Nogueira.
O professor e investigador coodenador Artur Cavaco-Paulo prevê, no mínimo, seis anos de testes até à fase de comercialização. A base de conhecimento foi desenvolvida no Grupo de Bioprocessos e Bionanotecnologia (BBRG) do CEB. As duas patentes têm em comum o facto de serem péptidos. O objetivo é comercializar a propriedade intelectual destas patentes e, também, aqueles péptidos. As aplicações com benefícios para a saúde e financeira e ambientalmente sustentáveis são algumas das conclusões destas formulações já feitas em laboratório.
“Estamos a ter bons resultados. Os pretendidos. A ideia é ser uma formulação green, reduzir os produtos químicos e neste processo nem os estamos a utilizar. Apenas o péptido. Também ao nível do uso pessoal esta aplicação é muito mais fácil e benéfica para a saúde do utilizador e de quem a aplica”, realça Madalena Martins.
Neste momento já há “resultados promissores” em modelos de ratinho de artrite-reumatoide. “Num modelo em que aplicámos as nossas nanopartículas antes de os ratos desenvolverem a doença, os ratos nem a desenvolveram. Noutro modelo em que os ratos já têm a doença e só depois aplicamos as nanopartículas, conseguimos que os ratos não manifestem a doença”, realça Eugénia Nogueira.
“O objetivo não é vender nem ter produtos cosméticos e farmacêuticos completos, mas sim poder dizer que fizemos esta investigação, sabemos para que serve a aplicação e depois compramos os péptidos e vendemos para determinado tipo de aplicações sobre a qual temos a propriedade intelectual”, sublinhou Artur Cavaco-Paulo. A Solfarcos já se encontra a desenvolver estudos para péptidos com propriedades anti-envelhecimento. Ainda assim, o foco atual vincula-se às empresas farmacêuticas e do ramo da cosmética.