"O que posso dar e o que ainda posso receber desta Casa será benéfico para ambas as partes”

23-03-2018 | Paula Mesquita | Fotos/Photos: Nuno Gonçalves

Trabalha na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva há seis anos, metade deles já na secção infantojuvenil

Começou a trabalhar nos Serviços Técnicos, unidade em que exerceu funções durante 16 anos

"A BLCS abre-me horizontes e permite-me conhecer outras funções e outra realidade, totalmente aberta para a sociedade”, diz

Elvira espera que as pessoas, sobretudo as crianças, sintam que a BLCS lhes possa proporcionar grandes aprendizagens

Elvira Coutinho nos primeiros tempos de trabalho nos Serviços Técnicos, no campus de Gualtar, em Braga

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Elvira Coutinho

Nasceu há 49 anos em Tadim, Braga. Trabalha na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva há seis anos, mas o seu percurso pela UMinho foi iniciado nos Serviços Técnicos em 1995. Passou ainda pela Escola de Ciências, pela Direção de Recursos Humanos e estudou Direito, que pretende concluir.



Como chegou à Universidade do Minho? 
Em meados de 1995, através do "Diário do Minho", a UMinho anunciou três concursos para contrato de trabalho para as categorias de 3º oficial, da carreira oficial administrativa. Concorri aos três avisos e, em 12 de fevereiro de 1996, iniciei funções.
 
Em que serviço foi o seu primeiro posto de trabalho?
Comecei a trabalhar nos Serviços Técnicos e ali exerci funções durante 16 anos. As minhas funções eram de natureza executiva e relativas a áreas administrativas, designadamente contabilidade, recursos humanos, economato e património, secretaria, arquivo, expediente e datilografia. 
 
Como foi o seu percurso desde então?
Em 1999, candidatei-me ao concurso de ingresso para a categoria de assistente administrativo e em maio de 2000 concorri para a carreira de assistente administrativa principal. Nessa altura, as minhas funções nos Serviços Técnicos relacionavam-se com a comunicação interna e a ligação desse serviço com as diversas Unidades Orgânicas da Universidade e com particulares, através do registo, redação, classificação e arquivo de expediente. Assegurava também datilografia; desenvolvia trabalhos nas áreas de secretaria, arquivo, contabilidade, pessoal e economato; tratava informação recolhendo e efetuando apuramentos estatísticos elementares e elaborando mapas e quadros; organizava, calculava e desenvolvia os processos relativos à aquisição e ou manutenção de material, equipamentos e instalações. Em 14 de fevereiro de 2005 concorri para a categoria de assistente administrativa especialista. Passei a assegurar o procedimento de documentos de despesa, o controlo do arquivo documental relativo a contratos de manutenção de exploração e de prestação de serviços da UMinho. Até 2010, fazia também o processamento de documentos de despesa e respetivo tratamento administrativo. Assegurava ainda a redação e o processamento de informações técnicas.
 
Ao fim de 16 anos de trabalho nos Serviços Técnicos, mudou para a Escola de Ciências.
Sim, foi em maio de 2010, na sequência de um processo de mobilidade interna e para responder às necessidades identificadas pela Escola de Ciências. Exerci aí funções até 6 de outubro, altura em que requeri licença sem vencimento, por nove meses, para retomar a licenciatura em Direito. Ainda não a terminei, por razões profissionais. Ao fim desse período regressei ao trabalho, mas fui para a Direção de Recursos Humanos e ali estive durante 11 meses, até que, a 1 de junho de 2012, vim para a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva [BLCS], na sequência de um processo de identificação de necessidades de pessoal pela BLCS.

Qual foi o serviço que mais a marcou?
Foram os Serviços Técnicos. Trabalhei durante 16 anos e as funções que exerci foram as que mais me satisfizeram e com as quais me identifiquei. Por outro lado, esta experiência na BLCS, que já vai quase com seis anos, tem sido uma boa surpresa e sinto que tem valido a pena conhecer também esta realidade e exercer funções totalmente diferentes.
 
Lida essencialmente com o público e os utentes da Biblioteca.
Faço muito serviço de atendimento ao público; asseguro, sempre que necessário, visitas guiadas à Biblioteca, a apresentação dos serviços da BLCS na UMinho, nas escolas e outras entidades externas. Também presto apoio no tratamento técnico documental, arrumação e verificação de cotas no setor infantil e juvenil e dou algum apoio administrativo às atividades desenvolvidas do setor educativo e de extensão cultural. Este trabalho abriu-me horizontes e permitiu-me conhecer outras funções e outra realidade, totalmente aberta e voltada para a sociedade, desde o público infantil até ao adulto, e envolvendo as mais diversas áreas: a cultura, o conhecimento, a educação, a comunicação, entre outras. Sinto que esta mudança acabou por ser muito enriquecedora para mim.
 
Gosta do que faz?
Gosto, sim. Não me sinto totalmente realizada, mas tenho espírito de trabalho e desenvolvo com zelo e dedicação as tarefas que me são atribuídas. Faço-o com gosto, porque, antes de mais, sou responsável e profissional. A realização profissional e até pessoal resulta, muitas vezes, do nosso empenho e de uma construção que depende apenas de nós. É um trabalho que se vai fazendo progressivamente.
 
Há alguma história engraçada que queira partilhar? 
Um dia, um menino, com 5 aninhos, veio ter comigo, trazendo um livro na mão e disse-me que aquele livro não podia ser emprestado por causa da informação que continha. Eu quis que ele me explicasse melhor as razões para não ser emprestado e respondeu-me que da última vez que tinha visto aquele livro tinha uma bolinha vermelha colada na lombada. Percebi imediatamente o que se passara: a bolinha, que significava que o livro era de leitura presencial, tinha-se descolado da lombada e daquela forma entendia-se que podia ser requisitado. Fiquei impressionada com o miúdo, com uma idade ainda tão tenra e ter fixado a bolinha vermelha e a limitação que esse símbolo implicava. Foi incrível!
 
O que é que espera que as pessoas e as crianças sintam ou encontrem quando vão à BLCS? 
Espero sempre que se sintam seguros, confiantes e divertidos. Mas, para além desta diversão, espero que sintam que esta Biblioteca lhes poderá proporcionar grandes aprendizagens. Deve ser um local onde possam encontrar respostas para muitas das suas questões, por mais básicas que sejam.
 
O que é que gosta mais de ler?
Gosto de ler livros que me transmitam informação para as minhas questões pessoais. Adoro ouvir um poema declamado por uma voz forte, peculiar, que quase parece que o canta, como se fosse uma música.
 
O que é que ainda pode oferecer à UMinho?
Pretendo terminar, assim que possível, o curso de Direito. Se juntar isso à experiência profissional que adquiri ao longo destes 22 anos ao serviço da UMinho, creio que ainda serei capaz de muito mais. Estou certa que o que posso dar e o que ainda posso receber desta Casa será benéfico para ambas as partes. Mas, neste momento, desconheço ainda a melhor forma de se concretizarem. 
 
 

Outros “capítulos” e “secções” de Elvira
 
- Na gaveta da minha secretária guardo apenas os meus haveres pessoais, como a mala, a carteira e um caderno de apontamentos.
- Mal entro no carro, ligo o rádio para ouvir a Rádio Comercial, mas em casa prefiro organizar a minha vida, contando que, no dia a seguir, voltarei a ouvir a Rádio Comercial! [sorriso]
- Considero-me uma pessoa que entende os outros nas suas diferenças, que respeita e é responsável pelos compromissos que assume e penso que os outros me julgam de igual forma: respeitadora, na exata medida em que é respeitada.
- Num jantar, em família, não dispenso uma boa conversa!
- Ao fim de semana, ligo a televisão para ver notícias sobre a atualidade, séries e cinema.
- Nada me fará esquecer o momento em que nasceu o meu filho.
- A personalidade que mais me marcou foi a madre Teresa de CalcutáConhecendo algumas passagens da sua vida, compreendi como na miséria, na desgraça, na fome, na guerra, na maldade, há ainda quem dê a vida pelos outros, há até quem morra para que outros possam viver. Nesta luta do bem contra o mal, todos temos medo da guerra.
- À sombra de uma árvore, leria um livro sobre viagens.
- Sonho diariamente com formas de influenciar positivamente o mundo, as sociedades, para que haja menos desigualdades, que, naturalmente, influenciam as pessoas nas suas relações interpessoais. Penso constantemente na importância de se encontrarem respostas e soluções que minimizem os desequilíbrios sociais e económicos e formem sociedades mais justas.
- O meu dia não acaba sem pensar que o dia seguinte será um novo dia para viver.
- A UMinho é a minha segunda casa, uma casa coladinha à minha, porque é nesta união que me permito ser quem sou.