“O Gabinete para a Inclusão é fundamental para nós”
Na sua condição, com as suas dificuldades de locomoção, é mais difícil fazer um percurso no ensino superior?
Neste momento já não se sente isso na UMinho. Quando vim para cá em 1990 havia muitas dificuldades. Por exemplo, os elevadores não funcionavam e eu tinha que usar as escadas, cheias de gente, o que me deixava cansadíssimo. Um dia, a filha do reitor da altura estava atenta e criou um gabinete – o GAED –, que começou a tratar destas coisas e, no campus de Gualtar, começámos a ter as condições que tornaram tudo mais fácil...
Faltava sensibilidade?
Sim, na altura ainda se falava pouco destas questões da acessibilidade e mobilidade a nível nacional e os problemas existiam em todo o lado. Praticamente todos os entraves prejudicavam o meu desempenho, porque eu ficava fisicamente esgotado.
O que foi mais importante em todo este percurso?
O apoio do GPI [Gabinete para a Inclusão] é uma ajuda imensa. É fundamental para nos apoiar a ter bons resultados, porque ajuda-nos a eliminar ou minimizar as dificuldades extra que a nossa condição nos traz, sejam elas quais forem. A UMinho tem uma importância decisiva no meu percurso de vida, mas o GPI facilita muito, senão seria bastante difícil.
O que é que hoje faz falta na UMinho no âmbito da inclusão, na sua opinião?
Não tenho noção de muito do que a UMinho ainda possa melhorar. Nas salas de aula sei que os professores também se vão adaptando, numa situação ou noutra. No meu caso, não houve necessidade de adaptação especial. Mas tive colegas com problemas de visão - alguns eram mesmo invisuais - que tinham testes especiais adaptados, assim como colegas com dificuldades motoras nos membros superiores a quem era dado um pouco mais de tempo para acabar os testes.
O que falta então no mercado de trabalho para esta inclusão?
Não sei bem, até porque as empresas têm benefícios ao empregar pessoas com grau de deficiência...
Sente que no seu caso a sua condição prejudica a empregabilidade?
Não creio. Penso que no meu caso é mesmo a idade. Em condições iguais, os empregadores contratam candidatos mais novos. Na minha área até vai havendo oportunidades de trabalho, mas já cheguei a tentar vagas onde havia candidatos que estavam a fazer doutoramentos, logo é uma área muito competitiva.
As empresas estão preparadas com acessibilidades para mobilidade reduzida?
Acredito que muitas não estejam preparadas e talvez isso tenha o seu peso.
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