É sentados à mesa que se assinalam os momentos mais marcantes da vida de uma família: os aniversários, os casamentos e batizados, as conquistas pessoais e profissionais. As festas de família requerem uma mesa recheada de iguarias e de conversas, risos e muita brincadeira.

Para além dos eventos festivos, é à mesa que a família se reúne diariamente para conversar abertamente sobre o dia que passou e o que há de vir. O passado, o presente e o futuro de uma família e de uma sociedade discutem-se à mesa.

É sentados à mesa que ensinamos os mais novos a esperar pela sua vez de falar ou de se servir, de utilizar os talheres mais adequados e as estratégias e movimentos mais adaptados aos tipos de alimentos que estão a ingerir. É sentados à mesa que ensinamos palavras tão simples como por favor, obrigado e desculpe.

É sentados à mesa que percebemos que a melhor fatia da carne ou a última fatia de bolo nem sempre nos caberá. Será destinada aos que mais necessitam porque são mais velhos ou doentes ou porque estão mais tristes e desanimados.

A refeição em família constitui um palco privilegiado de educação, de saúde e de coesão familiar, sendo difícil definir quando começa uma e acaba a outra. Para além do conteúdo da refeição em si, a saúde da família pode ser promovida com refeições em família.

Investigações recentes revelam que as famílias saudáveis realizam, diariamente, pelo menos uma refeição em família (habitualmente o jantar, mas pode ser outra refeição, em função dos horários e turnos de cada elemento da família). Contudo, esta prática é cada vez menos concretizada.

Identificamos três motivos que ajudam a explicar o declínio deste ritual familiar, designadamente:

- Dificuldade em conciliar a vida familiar/profissional/escolar e encontrar momentos comuns a todos os elementos da família;

- Utilização de dispositivos que dispersam a atenção da família no momento da refeição e que impedem uma conversação saudável, sobretudo a utilização de écrans;

- Falta de motivação dos membros da família para praticarem a refeição em família.

Estamos dispostos a superar estes constrangimentos e a sentarmo-nos à mesa, a bem da nossa saúde, da nossa família e da nossa sociedade?


Professora da Escola Superior de Enfermagem (ESE) da Universidade do Minho