Já voou em gravidade zero
A sua paixão pelo espaço levou-o a sair do país para continuar a formação. Conte-nos como foi...
Quando terminei a licenciatura, comecei a ver de que forma podia trabalhar no setor espacial. Decidi candidatar-me à International Space University, em França, que já conhecia há alguns anos, e fui aceite. Foi a partir daí que a minha vida deu o salto. Tive os melhores professores do mundo nessa área, como um russo que trabalhou com Yuri Gagarin, a primeira pessoa a viajar pelo espaço, e em todos os projetos soviéticos da altura. Os meus colegas eram fantásticos e estudava num ambiente pensado e desenhado para os geeks do espaço. Graças a isso, pude fazer o estágio na ESA e iniciar-me neste caminho espacial, mas sempre com os pés na Terra [risos].
Iniciou a carreira como representante de Portugal na Agência Espacial Europeia. Como surgiu essa oportunidade?
Portugal tinha entrado em 2000 para a ESA e durante os primeiros anos a representação nacional foi transitando de organização em organização até que, em 2009, ficou sob alçada da nossa Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Nessa altura procurava-se candidatos para aumentar a equipa e fui a pessoa selecionada. Foi uma experiência fantástica para a qual senti que a minha formação tinha sido adequada, quer a licenciatura em Física como o mestrado em Estudos Espaciais.
O que fez a seguir?
Ser um dos representantes nacionais na ESA enchia-me de orgulho, mas percebi rapidamente que necessitava de mais conhecimento, principalmente na área industrial. Neste setor participam ativamente vários interlocutores, governamentais, industriais, científicos e, claro, os que representam a sociedade, cada um com o seu papel. É preciso entendermos “as dores” de cada um. Por isso, deixei a FCT e fui rumo a Espanha para trabalhar na Deimos Space, no segmento ligado ao espaço. Estive lá quatro anos até me mudar para a Alemanha, onde fiz um MBA em Administração de Negócios e Gestão na Frankfurt School of Finance and Management. Depois, trabalhei na Telespazio Veja, no segmento Terra – Antenas, e, mais tarde, na Agência Europeia de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), que fornece as imagens de satélite que vemos nos programas de meteorologia.
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