A ilustradora que conquistou as grandes marcas… da Prada à LG

30-11-2024 | Catarina Dias

Teresa Rego descobriu que queria ser ilustradora nas aulas de desenho do mestrado em Arquitetura na UMinho. O tipo de linguagem que usa ainda hoje nos seus trabalhos foi aperfeiçoado na UAL.

O estúdio de Teresa Rego situa-se no Porto, estando aberto de quarta-feira a sábado.

A alumna da Escola de Arquitetura, Arte e Design já fez trabalhos para empresas de renome internacional como a 7UP.

Desenho realizado para a Sacoor Brothers

Colaboração com a Vieira de Castro

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Teresa Rego

A portuense de 34 anos é mestre em Arquitetura pela UMinho e em Ilustração pela University of Arts London. Soma vários prémios, participações em eventos internacionais e colaborações com marcas nacionais e estrangeiras. É no seu atelier que conseguimos encontrá-la e conhecer melhor o seu trabalho. Fica o convite.


Recorda-se do seu primeiro dia na UMinho?
Lembro-me do entusiamo de me mudar para uma cidade nova.
 
O que a levou a escolher o curso de Arquitetura?
A saída profissional.
 
Porquê a UMinho?
Apesar de ser do Porto, morava na altura em Penafiel. E o Porto parecia-me demasiado perto [risos].
 
O que deixou mais saudades da época de estudante?
A despreocupação.
 
Quando descobriu que queria ser ilustradora?
Durante o curso, nas aulas de desenho. Foi algo gradual. Cheguei a realizar o estágio de acesso à Ordem dos Arquitetos e a colaborar em alguns projetos de arquitetura, mas rapidamente percebi que precisava de outro tipo de estímulos e de mais liberdade criativa.
 
Como é ser artista em Portugal? 
É difícil, mas não impossível. Infelizmente, existem muitos estigmas negativos enraizados na sociedade de que ser artista é o oposto de se ser organizado ou de saber gerir um negócio e que a inspiração surge ao sabor do vento e que o trabalho lá aparece… quando aparece. Não podia estar mais errado! Estas foram algumas das razões que me levaram a viver em Londres, onde, apesar de ser mais difícil viver da arte, a profissão é mais valorizada e levada a sério.
 
Foi difícil encontrar o seu lugar no mundo artístico?
Acho que é um processo em desenvolvimento com muito por explorar. É um trabalho constante de persistência e experimentação. Algumas marcas e pessoas foram acreditando no meu trabalho à medida que me fui inventando como ilustradora, como a Prada, a 7UP, a Sacoor Brothers e a LG. Fiz também vários trabalhos internacionais para a Fundação Isabella Seragnoli, Scotch & Soda, Oh Mag UK e Bubblewrap. O que mais aprecio no meu trabalho é a versatilidade de o poder adaptar à necessidade dos clientes e de conseguir colaborar com as diferentes marcas em diferentes suportes. Destaco ainda as colaborações com a Hendricks, a Vans, a Tous, a Gulbenkian, a Sonae e a Vieira de Castro, que foram muito estimulantes.

 
“Que bom é não ter tudo planeado!”
 
Que obra sua tem mais significado para si?
O meu trabalho final de mestrado na University of Arts London (UAL), que consistiu numa série de seis serigrafias que funcionavam individualmente, mas quando dispostas em conjunto formavam a fachada de um edifício abandonado coberto de plantas. Essas ilustrações foram o culminar de dois anos de trabalho que me levaram a desenvolver um tipo de linguagem que utilizo até hoje, sempre em constante evolução, mas com a mesma temática e princípio.
 
Como lida com crises de inspiração?
Saindo do atelier e voltando no dia seguinte.
 
Em 2021 foi convidada pelo Gabinete de Projetos Especiais da UMinho para criar uma ilustração exclusiva para partilhar com os nossos antigos estudantes. Gostou do desafio?
Foi engraçado voltar a ver imagens de estudantes e de eventos ligados à UMinho e também a Guimarães, já se tendo passado algum tempo. Procurei representar nesta ilustração elementos icónicos que se pudessem combinar e remeter para o ambiente de união da universidade.
 
Que momentos a orgulham mais?
Ter ido morar para Londres, de mochila às costas, sem emprego ou grandes certezas. Mais tarde fui aceite no mestrado em Ilustração da UAL. Durante o curso fiz várias exposições e participei na Bienal de Veneza, no Palácio Ca Zanardi, e nos World Illustration Awards da Association of Illustrators, paro o qual fui selecionada.
 
Onde se vê daqui a 20 anos?
Não gosto de planear a minha vida a longo prazo. A vida é cheia de surpresas e que bom é não ter tudo planeado!
 


  As preferências de Teresa Rego
 
  Um livro. Ignorância, de Milan Kundera.
  Um filme. Into the Wild, de Sean Penn.
  Uma série. The Simpsons.
  Uma obra. The Rosary Chapel Matisse, em Vence (França).
  Uma música. Lost, de Annelie. 
  Uma viagem. México.
  Um passatempo. Caminhadas.
  Um vício. Chocolate.
  Um prato. Tudo o que tenha bacalhau.
  Uma personalidade. Josef Frank, arquiteto austríaco.
  Um momento. Boiar na água.
  Um sonho. Segredo.