“Ainda hoje não sei bem qual é a minha área!”

30-11-2024 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

Começou a trabalhar na Universidade do Minho em 2016, no Gabinete de Comunicação da Escola de Engenharia

Após a licenciatura em Línguas Aplicadas, frequentou vários cursos para diversificar o conhecimento e as ferramentas de trabalho

A partir de 2016, ficou responsável por produzir conteúdos para as redes sociais e reestruturar o portal da Escola de Engenharia

Criou a campanha de comunicação da nova licenciatura em Engenharia Aeroespacial da UMinho, por exemplo

A realizar filmagens no âmbito da licenciatura em Línguas Aplicadas, no campus de Gualtar, em 2008

Recebeu o Prémio Produtividade na cerimónia do Dia da Escola de Engenharia da UMinho, em 2021

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Diogo Cunha

“Nascido e criado” há 37 anos em Braga, cresceu pelos corredores do Theatro Circo e da Biblioteca Pública, mas foi em especial a UMinho que lhe ensinou a aprender e a descobrir em permanência. Fez a licenciatura em Línguas Aplicadas, o mestrado em Tecnologias Interativas e pós-graduações em Comunicação, Educação e Cidadania, em Marketing e em Tecnologia e Arte Digital. É um “faz-tudo” na Escola de Engenharia.


O que o fez escolher um curso de Línguas na UMinho?
A UMinho foi a minha única opção, primeiro por motivos económicos, mas essencialmente porque queria fazer parte desta universidade, que é um marco da nossa região. Em criança queria ser realizador de cinema. Portanto, sempre me interessei pela área das humanidades e do audiovisual. Apesar de ter ponderado outras opções, Línguas Aplicadas foi a minha primeira escolha e o curso mais alinhado com algumas profissões que me via a ter no futuro. Foi um excelente curso, que me mostrou a importância da interdisciplinaridade, fazendo uma boa fusão das ciências humanas com competências mais técnicas, como informática, audiovisual e tecnologias interativas. A palavra “Aplicadas” é mesmo a essência deste curso.
 
Como foram os seus tempos de estudante?
Quanto entrei na UMinho, em 2006, tinha ainda muito cabelo [risos]! Fiz muitas novas amizades e solidifiquei outras que já trazia da Escola Secundária D. Maria II. Fiz amigos de diferentes cursos. Foram tempos de muita experimentação: fiz parte do núcleo de estudantes do meu curso, no âmbito do qual organizámos jornadas, festas e várias atividades de inclusão; frequentei "cadeiras" do curso de Matemática e Ciências da Computação e alinhei em tudo que era projeto extracurricular. Gostava tanto destas experiências que acabei por demorar quatro anos a terminar o curso, que era de três. Também passei muitas noites no Bar Académico, a tecer conversas filosóficas de cerveja na mão, no Bar Usual e fiz muitas caminhadas diretas do Sabão Rosa para as aulas de Espanhol, à quinta-feira de manhã [sorriso]. Não faltava a nenhuma noite académica, mas também não faltava a nenhum dia de aulas. E o que mais me marcou nesta temporada foi ter conhecido a jovem que é hoje minha mulher! [sorriso]
 
Assim que terminou a licenciatura, ingressou num mestrado de outra área. O que o fez querer mudar?
Desde cedo aprendi que para mim não existem áreas. Ainda hoje não sei bem qual é a minha área! Portanto, passar de uma licenciatura em Línguas Aplicadas para um mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação, como aconteceu também com as formações que fiz a seguir, fez-me todo o sentido. Desde os 17 anos, fui tendo empregos de verão nas áreas da informática, software, vendas, indústria, design… Já trabalhei em mais de 10 empresas, todas em ramos completamente diferentes. Nunca vi um curso superior como um caminho direto para alcançar um emprego específico, mas sim como uma forma de adquirir competências transversais, conhecer novas realidades e (muito importante) fazer networking. Gosto de dizer que na UMinho aprendi a aprender.
 
Que outra formação fez a seguir?
Depois do ano curricular (especialização) do mestrado em Comunicação, Educação e Cidadania no Instituto de Ciências Sociais da UMinho, regressei, em 2015, para frequentar o mestrado em Tecnologia e Arte Digital. Inscrevi-me neste mestrado por simples curiosidade, achei interessante a fusão entre engenharia e arte. Em 2019, já a trabalhar na UMinho, achei que seria útil para as minhas funções fazer uma pós-graduação em Marketing Digital, no IPCA.  Mais recente, em 2023, terminei o mestrado em Tecnologias Interativas, na Escola de Engenharia da UMinho (EEUM). Daqui a uns anos, dependendo do ambiente do mercado, gostava de fazer um doutoramento em Tecnologias para o Ensino ou um mestrado em Sistemas de Informação.
 

Perfil criativo e multifacetado

Quais foram as suas primeiras funções nesta academia?
Comecei a trabalhar na UMinho em 2016, no Gabinete de Comunicação da EEUM. Estava a frequentar o mestrado em Tecnologia e Arte Digital e, entre os diversos emails diários na caixa de correio institucional, vi o anúncio de uma bolsa para funções relacionadas com design e eventos, que me chamou a atenção. Fiquei com a vaga! Nessa altura, esse gabinete e a Escola começaram a apostar nas redes sociais emergentes e nos conteúdos digitais multimédia e acabou por ser essa a minha primeira responsabilidade: produzir conteúdos para as redes e refazer o website da EEUM.
 
O que sentiu nos primeiros tempos de trabalho, tendo em conta que já era “filho” da UMinho?
Embora estivesse mais familiarizado com as pessoas e Departamentos do campus de Gualtar [Braga], trabalhar foi quase uma extensão das interações que eu já tinha no núcleo de estudantes. Já conhecia os edifícios, os horários dos autocarros, os bares e cantinas, as bibliotecas... Foi muito interessante começar a trabalhar num sítio onde já me sentia em casa desde há anos.
 
Que funções desempenha atualmente?
Continuo no Gabinete de Comunicação da EEUM e faço, essencialmente, produção de conteúdos digitais, gestão das redes sociais, criação e manutenção dos portais web, organização de eventos e feiras de interação com a sociedade, comunicação de ciência, análise de tendências e gestão das comunidades digitais. Quando possível, dou também apoio nestas valências aos vários Departamentos e Centros de Investigação da Escola. É um trabalho extremamente criativo e estou constantemente a aprender sobre as várias áreas da Engenharia e como as "traduzir" para a sociedade em geral. Isso dá-me um gosto enorme e representa um desafio, uma vez que a EEUM também é uma Escola muito grande.

Por exemplo, deu um contributo nos “primeiros passos” da licenciatura em Engenharia Aeroespacial.
Como se tratava de um curso novo, tive liberdade total para criar o website e as imagens da campanha de abertura da primeira edição do curso, em 2022. O objetivo foi criar uma identidade “nossa”, impossível de replicar noutra instituição de ensino com o mesmo curso. Usar uma estética familiar para a geração Z, o público-alvo da campanha. Daí a ideia de usar elementos arquitetónicos do campus de Azurém [Guimarães] para completar fotografias com cutouts de objetos da área aeroespacial, criando ilusões óticas, como o edifício 11 ser o painel de um satélite, o passadiço do jardim ser o cordão do astronauta... Dar um ar descontraído, invocar a beleza do nosso campus, porque é efetivamente bonito e agradável, e mostrar que um curso pode ser semelhante em várias universidades, mas, ser estudante na UMinho fará toda a diferença!
 
Em que medida a formação tão diversificada contribui para o seu trabalho?
Acredito que as minhas competências ajudam a equipa em diversas situações. Todos os dias são uma aventura e o desafio é, por vezes, resolver problemas com poucos recursos, mas muita criatividade. Um dia posso estar a tirar partido das minhas competências técnicas para montar equipamento multimédia num auditório; no dia seguinte, posso precisar das minhas competências humanísticas para reunir com visitantes de outras instituições ou com núcleos de estudantes. Num outro nível, acredito também que a minha formação e experiência me dão a sensibilidade necessária para comunicar Engenharia para os diferentes tipos de público. O ano 2020 foi um bom desafio, por termos de cumprir o confinamento durante alguns meses e mudar, de forma rápida, todo o paradigma de trabalho. Para mim, foi fácil, porque já tinha trabalhado numa empresa 100% digital e assíncrona. Digitalizei todos os nossos serviços e métodos de trabalho e acabámos por ser a primeira instituição portuguesa a ter um live show quinzenal, uma cerimónia de graduação online, uma feira de emprego virtual, uma interação com a comunidade digital 24/7. Foi o ano de trabalho mais produtivo que tive e o troféu de que recebi da EEUM reconhece-o.
 
 

  Outras revelações de Diogo Cunha

  Uma música. Qualquer música pop rock dos anos 80!
  Uma figura. George Lucas.
  Um passatempo. Desenvolvimento de videojogos.
  Um prato. Bacalhau à Narcisa.
  Uma viagem. A viagem de regresso a casa, no final de um dia de trabalho.
  Um momento. Os quatro dias que passei no CERN, com "carta branca" para fazer o que quisesse.
  Um vício. Colecionar videojogos e consolas.
  Um defeito. Sou muito chato!
  Um sonho. Não ter carro.
  Um lema. Um cliché: “Sê a mudança que queres ver no mundo”.
  A UMinho. Família.