Quando ainda se usava luvas de couro e de jardinagem
A história reza que as primeiras luvas de guarda-redes foram patenteadas por William Syes em 1885. Nos anos 1920', Ricardo Zamora usava na Espanha luvas de lã, camisola de gola alta e boina, como um gentleman a ir à ópera. Após sofrer dois "frangos" contra a Inglaterra, passou a usar luvas de couro. Em Portugal, o primeiro a imitá-lo terá sido Azevedo, do Sporting. Nos anos 1940’ o argentino Amadeo “Tarzán” Carrizo popularizou as luvas no River Plate. Curiosamente, só em 1952 é que estas entraram em campo no Reino Unido, a pátria do futebol, no jogo Airdrie-Celtic. O guardião italiano Stefano Andreotti desenhou nessa altura uma luva sem dedos com cordas de couro por fora para melhorar o aperto, mas substituiu-as depois por pedaços de borracha, criando a marca Stanno. Com a evolução das chuteiras e os jogos televisionados, as luvas generalizaram-se nos anos 70, através de marcas como Reusch e Uhlsport. Os keepers Sepp Maier (Bayern Munique) e Neville Southall (Everton) chegaram a testar luvas de jardinagem e de lavagem.
Hoje é aceite que as luvas de guarda-redes ajudam a agarrar a bola, proteger remates rápidos, prevenir lesões, flexibiliizar as articulações e regular a temperatura das mãos. A forma como a luva é cortada e costurada define as suas propriedades. A espessura do látex varia de dois a cinco milímetros. A engenharia têxtil recente junta, por exemplo, partículas de titânio na espuma para melhor tração à chuva, espuma extra de amortecimento na zona de soco, ossos curvos removíveis para resguardar os dedos, entre outros. A maioria dos guardiões tem vários pares de luvas, adequando-as ao seu perfil e às condições do jogo para o compromisso ideal de apanhar, afastar, socar e lançar o esférico. Curiosamente, tal visão hi-tech não impediu Ricardo de defender eficazmente um penalti sem luvas no Euro’2004 e levar Portugal às meias-finais...
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