As universidades do Minho,
Santiago de Compostela (Espanha),
Kanazawa e
Aichi Prefectural (ambas no Japão) participam na rede Via Láctea, que visa a mobilidade de alunos e docentes entre aquelas instituições. A ideia é potenciar a empregabilidade dos estudantes de humanidades, proporcionar novas experiências culturais e afirmar o património comum dos caminhos de peregrinação de
Santiago e de
Kumano Kodo.
O Via Láctea – acrónimo de “Viable International Academic Links across Cultural Ties in Europe and Asia” – tem o financiamento da Agência Executiva da Educação do Audiovisual e da Cultura da Comissão Europeia. Em Portugal está a ser coordenado por Xaquín Núñez, professor e vice-presidente do Instituto de Letras e Ciências Humanas (
ILCH) da UMinho. Os intercâmbios têm como objetivo promover o desenvolvimento de estudos conjuntos no âmbito dos estudos culturais, estreitar as relações culturais ibéricas e japonesas, além de consolidar projetos competitivos entre as quatro universidades envolvidas.
A interação com a sociedade surge como uma das vertentes mais valorizadas no Via Láctea. “Para além de frequentarem as aulas e participarem em projetos científicos, os participantes são incentivados a envolver-se em várias atividades sociais e culturais”, salienta o professor de ascendência galega. “Esta aproximação com realidades distintas é importante para fomentar o multiculturalismo, o respeito pela diversidade e a tolerância entre os povos”, acrescenta.
Depois de dez semanas em Santiago de Compostela, na Galiza, os estudantes japoneses rumaram para Sul até chegar a Braga: “É uma cidade com belas paisagens e muitas festas [risos]. As temperaturas variam muito, tanto está frio, como quente, como chove de repente”, diz Ikumi Oshigi, que chegou há um mês. A jovem de Nagoya (Japão) juntou-se às conterrâneas Reina Taki e Shiho Kudo para promover aulas abertas de língua e cultura japonesas no âmbito do Centro de Línguas BabeliUM. “Este tipo de iniciativas vai muito ao encontro do espaço intercultural que se pretende criar”, realça Xaquín Núñez. Os seis alunos do Japão não só imergem nas culturas portuguesa e galega, como também assumem o papel de embaixadores ao dar a conhecer as suas tradições centenárias. A próxima aula é sobre gastronomia. Realiza-se a 23 de junho, das 16h00 às 18h00, no auditório do ILCH, em Braga.
Na Companhia de Teatro de Braga está Ayaka Kobayaski, que tem acompanhado ativamente os ensaios de um espetáculo de forma a perceber a dinâmica da instituição e a política de comunicação, entre outros aspetos. Há ainda dois jovens (Shogo Oishi e Chihiro Kato) a colaborar nas ações de preservação do Mosteiro de Tibães.
Cinco meses a conhecer a cultura nipónica
Em paralelo, os participantes da UMinho estão a frequentar as duas universidades parceiras situadas no centro do Japão. O Via Láctea disponibiliza bolsas individuais de 6500 euros para um período de cinco meses. O programa engloba atividades de orientação e estágio, aulas teóricas e práticas sobre história, tradição, espiritualidade, arte e tecnologia nipónicas, além de visitas a museus e, por fim, uma viagem a calcorrear os caminhos peregrinos de Kumano e Ise. “Este é um excelente exemplo da internacionalização da UMinho, através da constituição de projetos competitivos com universidades próximas. O intercâmbio científico e cultural permite aos alunos adquirirem uma maior mundividência e uma melhor preparação humanística e intercultural para os seus desafios futuros”, refere Xaquín Núñez.
Primeiro encontro da rede na UMinho
O ILCH recebeu no passado dia 25 de fevereiro o primeiro encontro dos membros da rede Via Láctea, no sentido de acertar estratégias conjuntas. A sessão contou as intervenções do coordenador do International Student Center – Organization of Global Affairs, Akira Ota, do responsável do Center for Cultural Resource Studies, Ulara Tamura, do vice-reitor da UMinho para a Educação, Rui Vieira de Castro, e do professor Xaquín Núñez.