A UMinho produz 10% da ciência nacional

28-11-2017 | Pedro Costa

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As atividades de investigação e de transferência do conhecimento assumem papéis complementares e estruturantes.




A Universidade do Minho assume cada vez mais um posicionamento de universidade de investigação, demarcando-se na sua atividade de produção de ciência e na sua relação com a sociedade, nomeadamente na transferência do conhecimento. Para além dos mais de 57 mil graduados do seu historial, a UMinho representa hoje perto de 10% do sistema científico português, um percentual claramente superior ao número de investigadores que proporcionalmente representa em Portugal. Neste fator há uma clara relação com a qualidade da sua investigação, à qual não é alheia a capacidade de angariação e coordenação de grandes projetos europeus, com importantes envelopes financeiros. É de resto uma das instituições portuguesas com maior sucesso na captação de grandes projetos europeus.

A UMinho tem somado referências frequentes e posições destacadas nos principais rankings internacionais, nomeadamente o CWTS Leiden, considerado o principal ao nível da investigação científica, e o Times Higher Education, quer no seu ranking global como no das universidades com menos de 50 anos. Em termos do número de publicações científicas, dos outputs científicos e do número de citações obtidas há também um claro destaque desta academia no panorama nacional e internacional. Alguns dos seus investigadores são considerados highly cited, afirmando-se entre cientistas mundiais reputados. A UMinho tem sido particularmente competitiva nas áreas da investigação das nanociências, nanotecnologias, materiais e novas tecnologias de produção, das tecnologias de informação e comunicação, para além da agricultura e pescas, alimentação e biotecnologia. Assume ainda particular pioneirismo nos projetos de acesso aberto e destaca-se nas publicações e dados científicos.

O posicionamento e a afirmação nas últimas décadas, nomeadamente na qualidade da sua ciência – com boas performances das suas unidades de investigação – conduzem a UMinho para um patamar elevado, o que a leva a ombrear de forma muito competitiva com alguns dos parceiros mais bem posicionados do globo. Para este nível de excelência contribuem decisivamente as modernas infraestruturas ao dispor, como nos casos do ICVS/3B's ou do IB-S. Este posicionamento torna-a uma universidade preparada para participar na propalada Revolução 4.0, associada à inteligência artificial, robótica, biotecnologia, computação quântica, nanotecnologia, entre outros ramos de vanguarda.
 


A captação de recursos

Quanto a projetos aprovados, a UMinho destaca-se no Future Emerging Technologies (FET) da Comissão Europeia, que financia projetos disruptivos, tendo igualmente sucesso na maioria das tipologias de bolsas e redes de treino (ITNs) das ações Marie Sklodowska-Curie. Por outro lado, tem estado muito ativa em projetos de colaboração transfronteiriça (POCTEP), do espaço Euro-Atlântico e Iberoamericano (CYTED), bem como em diversos projetos ERA-NET. Além disso, está integrada em todas as parcerias internacionais lançadas pelo Governo português, nomeadamente os programas MIT (Massachusetts Institute of Technology), CMU (Carnegie Mellon University, UT Austin (Universidade do Texas em Austin) e Harvard Medical School.

A UMinho tem também em curso um número significativo de projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Agência Nacional de Inovação (ANI), além de um conjunto de programas doutorais financiados pela FCT em diversos domínios científicos, participando em 22 deles, coordenando nove dos 96 programas apoiados e tendo um total de 900 bolsas de doutoramento e investigação. Já nos programas regionais ON2 e Norte 2020, tem variados financiamentos para programas de IC&DT, a par de projetos de requalificação, de reequipamento científico, de valorização e animação do património cultural e de promoção e capacitação institucional.
 

 
A transferência do conhecimento

A estratégia no âmbito da propriedade intelectual está igualmente bem definida na UMinho, sendo uma das academias portuguesas com maior sucesso na proteção de conhecimento e na obtenção de patentes nacionais e internacionais. A forte ligação às empresas e ao território são fatores indispensáveis; desta forma, o sucesso da investigação reflete-se nos indicadores de transferência de tecnologia. A sua forte aposta na colaboração entre investigadores e empresas reflete-se, pois em 2015 foi a universidade portuguesa com mais registos no Instituto Europeu de Patentes.

Paralelamente, esta academia tem sido capaz de conseguir projetos, quer com financiamento direto de empresas como de projetos mobilizadores e em parcerias de grande dimensão, destacando-se o bem-sucedido consórcio com a Bosch. A UMinho regista atualmente 320 projetos fruto de parcerias estratégicas, com entidades públicas e privadas da sociedade civil, para além das 58 unidades participadas pela UMinho. Nesta instituição há ainda uma política de criação de spin-offs e start-ups que incrementa e renova o tecido empresarial da região e do país, valorizando o conhecimento resultante das suas atividades de investigação científica e tecnológica. As 40 spin-offs da UMinho em atividade - sendo cerca de 75% sedeadas nos concelhos de Braga e Guimarães - representam vendas superiores a seis milhões de euros e envolvem 165 profissionais ativos, dos quais cerca de 80% técnicos com graduação académica.

 

As unidades de interface

 Na interação com o meio socioeconómico, as unidades de interface sedeadas em Braga e Guimarães ocupam um lugar fundamental. Estas unidades resultam de parcerias entre a universidade e os municípios, as agências governamentais, as associações empresariais e as empresas. Destacam-se neste particular a TecMinho, uma das mais antigas estruturas universitárias de transferência de conhecimento em Portugal; o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), que desenvolve tecnologias próprias e concebe produtos inovadores nesta área; o Centro de Computação Gráfica (CCG), que se dedica à investigação e desenvolvimento aplicado nos domínios da computação gráfica, das tecnologias da informação, comunicação e eletrónica; o Centro de Valorização de Resíduos (CVR), para a investigação, análise científica e aplicação de soluções reais na área da valorização de resíduos; o Centro Clínico Académico (2CA Braga), que investiga aspetos clínicos, o desenvolvimento de biomateriais inovadores, estratégias diagnósticas, abordagens regenerativas e produtos terapêuticos; o Instituto de Design de Guimarães (IDEGUI), vocacionado para a investigação em design, a sua incorporação no desenvolvimento do produto, a formação especializada e a divulgação de produtos industriais; e o SpinPark, um centro de incubação de base tecnológica que promove e apoia atividades de tecnologia avançada, intensivas em conhecimento, servindo para lançar a inovação no contexto da economia do conhecimento.