"Os professores da UMinho são muito empenhados e próximos dos estudantes"

31-05-2016 | Nuno Passos | Fotos: Cedidas por/Courtesy of Ricardo Ramos & EEG

Na sessão AlumniTalks@eeg, a 16 de maio de 2016, na Escola de Economia e Gestão da UMinho

A envergar o traje académico de aluno da UMinho, em 2006, em Braga

A participar no 18º Congresso Europeu Anual da International Society For Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR) em novembro de 2015, em Milão

A discursar no Congresso Nacional dos Farmacêuticos, em outubro de 2015, no Centro de Congressos de Lisboa

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Ricardo Ramos

Fez a licenciatura em Economia em 2007 e é economista da saúde no INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. Considera essencial maximizar os ganhos em saúde e a qualidade de vida dos cidadãos, garantindo em simultâneo a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.


A que se deve a opção de um curso superior em Economia?
Economia e Gestão foram áreas que me despertaram interesse desde muito novo, provavelmente influenciado pela minha irmã, 12 anos mais velha, que se licenciou em Gestão de Empresas. Deste modo, a opção natural foi escolher a área económica no 10º ano de escolaridade. O interesse pelo tema foi crescendo durante o ensino secundário e quis prosseguir os estudos com a licenciatura em Economia.
 
Como chegou à UMinho?
Sendo natural da Mata Mourisca, no concelho de Pombal e distrito de Leiria, a escolha da UMinho poderia não ser a mais expectável. Escolhi-a por ser a única universidade que foi apresentar os seus cursos à Escola Secundária Dr. Bernardino Machado, na Figueira da Foz, onde estudava no 12º ano. Gostei muito do que foi apresentado, pesquisei mais informação sobre esta universidade e a licenciatura em Economia, e o facto de haver parcerias com universidades dos EUA também foi importante na escolha, pois tinha a ambição de fazer um período de estudos nos EUA durante a licenciatura. Vim para Braga com toda a vontade de aproveitar ao máximo a experiência académica, com a grande expectativa com que um jovem de 17 anos encara os novos desafios.

Era um dos alunos que estava mais afastado da sua terra de origem.
Sim, no entanto sempre fui muito bem recebido e Braga rapidamente passou a ser a minha segunda casa. No último ano da licenciatura tive oportunidade de fazer um período de estudos no estrangeiro, tendo frequentado a Universidade de Vigo, ao abrigo do programa Erasmus, durante um semestre. Por diversas razões, não foi possível cumprir a minha ambição inicial, de estudar nos EUA, no entanto a passagem por Vigo foi bastante enriquecedora. Tive a oportunidade de participar num projeto com o professor Jorge Falagán Mota, com o objetivo de investigar a mobilidade transfronteiriça entre a Galiza e o Norte de Portugal.
 
Esteve ainda no Núcleo de Alunos de Economia da UMinho (NAECUM). Participou ainda noutros projetos?
Durante dois anos letivos fiz parte do NAECUM, mais diretamente na organização de eventos desportivos e recreativos, fundamentais para fortalecer o espírito de grupo. Por outro lado, nos quatro anos em que estudei em Braga fiz parte da equipa de atletismo da UMinho que participava nas provas da Federação Académica do Desporto Universitário. Pude assim continuar a praticar esse desporto que praticava a nível federado, antes de ingressar no ensino superior.
 
Considera que teve aqui uma formação sólida?
Sim, quer a nível de fundamentos teóricos de Economia, essenciais para quem deseja iniciar uma carreira profissional na área, quer em estudos de casos de aplicações práticas da teoria económica. A UMinho tem professores doutorados em grandes universidades da Europa e EUA, bastante empenhados na transmissão do conhecimento e com uma relação de grande proximidade com os alunos, e dispõe ainda de edifícios modernos e bem equipados. Já assim era quando fui estudante da UMinho, sendo esse facto hoje ainda mais visível, devido à construção de novos edifícios na última década. No entanto, a UMinho não tem parado de se modernizar, de forma a se adaptar aos desafios, como é disso exemplo o programa de desenvolvimento de competências transversais EEGenerating Skills e a UMinho Exec - Executive Business Education.


"É imperativo garantir a eficiência dos recursos públicos em saúde"
  
Como foi a sua evolução profissional?
Estive na UMinho no período 2003-2007 e tive o primeiro emprego pouco depois. Respondi a um anúncio da Dia Portugal - Supermercados (na altura pertencente ao grupo Carrefour). A empresa queira modernizar-se e ganhar competências, pelo que criou o Programa Sales Trainees, recrutando recém-licenciados de Gestão e Economia, que depois de um plano de formação nas várias áreas da empresa iriam ocupar lugares de relevo, nomeadamente gestor de loja. Tive a oportunidade de participar no II Programa Sales Trainees, o primeiro que decorreu a nível nacional (o I Programa foi apenas na região Norte), tendo tido formação on-job de sub-responsável e responsável de loja, e mais de 240 horas de formação em sala em vários tópicos essenciais para uma empresa no setor da distribuição, nomeadamente Liderança; Direção Comercial; Direção Financeira; Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho; Gestão de Armazém; Logística. Mas após seis meses quis procurar um novo desafio.

Porquê?
Queria aplicar de forma mais direta os conhecimentos que adquiri na UMinho. Iniciei um estágio no INFARMED para a função de economista - avaliador de processos de comparticipação. Uma das principais razões que me levaram a concorrer foi o fascínio pela aplicação da teoria económica à área da saúde, que vem desde que frequentei a unidade curricular de Economia da Saúde, no 3º ano da licenciatura, com a professora Paula Veiga. No período em que estagiei no INFARMED abriram concursos públicos para economista - avaliador de processos de comparticipação e, sendo um dos candidatos admitidos, pude continuar o percurso na área. Desde o início da minha atividade no INFARMED estive integrado da Direção de Avaliação Económica e Observação do Mercado, agora designada Direção de Avaliação das Tecnologias de Saúde, tendo exercido várias funções, como por exemplo a avaliação económica de medicamentos, integrada nos processos de pedidos de comparticipação e avaliação prévia hospitalar efetuados pelas empresas da indústria farmacêutica; e a monitorização de contratos de comparticipação e avaliação prévia hospitalar.
 
É também representante do INFARMED em redes internacionais.
Sim, desde 2014 tive oportunidade de o representar em três grupos de trabalho europeus: European Network for Health Technology Assessment (EUnetHTA), Medicine Evaluation Committee (MEDEV) e Health Technology Assessment Network (HTA Network). 
 
Porque decidiu continuar os estudos, conjugando-os com o trabalho?
Tenho procurado ao longo dos anos obter uma formação sólida, com vários cursos de curta duração na minha área de especialização. Em 2011 entrei no mestrado em Economia da Empresa e da Concorrência, na ISCTE Business School, que tem uma forte componente de aplicação à realidade nacional e setorial. Como exerço funções na Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, tinha um grande interesse em aumentar os conhecimentos na área da regulação e da economia setorial, e o facto de o referido mestrado contar com a participação de vários docentes com destacada inserção profissional nessa área foi fundamental na minha escolha. Terminei o mestrado em 2013.

Qual foi o tema da sua tese?
"A internacionalização do setor da saúde: o caso português”. Com este tema consegui conjugar dois tópicos sobre os quais tenho bastante interesse: comércio internacional e economia setorial (aplicada à saúde). Tendo em consideração a importância económica do setor da saúde, a crescente globalização do mesmo e a importância das exportações para a economia portuguesa, pretendi analisar o comércio internacional de produtos farmacêuticos e dispositivos médicos, identificando as principais tendências das exportações portuguesas, e analisando a competitividade destas em comparação com os restantes países da União Europeia. Para uma visão transversal e robusta sobre a competitividade das exportações do setor, analisei 12 indicadores, que visaram a estrutura e nível de concentração das exportações, o rácio exportações-importações, as vantagens comparativas reveladas, o comércio intra-setorial, a quota de mercado e as características dos países de destino das exportações.
 
Farmacoeconomista é uma profissão de futuro?
A Farmacoeconomia e, num sentido mais abrangente, a Economia da Saúde, terão uma importância crescente nos próximos anos. Vivemos numa época em que a esperança média de vida é cada vez maior e as novas tecnologias de saúde se apresentam como bastante inovadoras, permitindo um maior período de vida, ou mesmo a cura. No entanto, vivemos também numa época de crise económica global, em que os orçamentos são cada vez mais rigorosos, sendo disso exemplo o orçamento para o setor da saúde. Assim, torna-se necessário maximizar os ganhos em saúde e a qualidade de vida dos cidadãos, ao mesmo tempo que é necessário garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. Neste sentido, é imperativo garantir a utilização eficiente dos recursos públicos em saúde. A Farmacoeconomia (aplicada aos medicamentos) e a Avaliação de Tecnologias de Saúde (que, para além dos medicamentos, inclui outras tecnologias como os dispositivos médicos) são áreas com uma importância crescente, consistindo na identificação, medição, valorização e comparação de alternativas de tratamento em termos dos seus custos e consequências.
 
Pensa continuar a formação? E manter ligações com a UMinho?
Gostaria de prosseguir a formação a médio prazo, ou com uma especialização na área em Avaliação de Tecnologias de Saúde ou um doutoramento, pois aquando do mestrado na ISCTE Business School o meu interesse pela investigação aumentou significativamente. Relativamente à UMinho, é sempre um prazer voltar a um sítio que me proporcionou um período magnífico da minha vida. Recentemente tive oportunidade de voltar à Escola de Economia e Gestão, no âmbito de uma sessão AlumniTalks@eeg, sendo um enorme orgulho voltar às salas da UMinho para partilhar com os atuais alunos a minha experiência académica e percurso profissional.
 


Perfil

Um livro. “Economia da Saúde: Conceitos e Comportamentos”, de Pedro Pita Barros.
Um filme. “Momentos de Glória”, de Hugh Hudson.
Uma música. Uma banda: os Nirvana.
Um clube. Sport Lisboa e Benfica.
Um desporto. Futebol.
Um passatempo. Cinema.
Uma viagem. Barcelona.
Um prato. Bacalhau à Braga.
Uma personalidade. Nelson Mandela.
Um momento. Dois: o nascimento das minhas duas sobrinhas.
A UMinho. Excelência no ensino.