À procura dos CR7 que andam pelo mundo

30-06-2016 | Catarina Dias | Nuno Gonçalves

João Almeida (international business manager) e Pedro Vital (product manager) na sede da empresa tecnológica F3M, em Braga

Conteúdo da "Talent Spy" a ser comentado pelos ex-futebolistas Benni McCarthy e Vítor Baía num programa do grupo SuperSport

Informação relativa à performance de Cristiano Ronaldo e Robert Lewandowski no Euro 2016

Pontos fortes e debilidades da seleção portuguesa

“A marca Talent Spy está associada a informação de qualidade”, afirma Pedro Vital

“Se começarmos a caracterizar atletas juniores, daqui a uma década teremos uma base de dados valiosa”, salienta João Almeida

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O "Talent Spy" contém dados de 100.000 jogadores de 6000 equipas, ligados a 250 competições de 50 países. É considerada a “melhor plataforma” na gestão de novos talentos desportivos.




Depois de ter dado ao mundo do futebol ícones como Cristiano Ronaldo, José Mourinho e Pedro Proença, Portugal conta agora com a "melhor plataforma" de gestão para descobrir futuros craques. O "Talent Spy" contém informações de 100.000 jogadores de 6000 equipas, ligados a 250 competições de 50 países, como o Qatar, a Argentina, os EUA, a China, o Brasil e a África do Sul. Esta ideia pioneira surgiu na F3M, empresa tecnológica de Braga constituída maioritariamente por ex-alunos da UMinho.
 
O Talent Spy nasceu há três anos, numa altura em que a F3M, dirigida por Pedro Fraga (formado em Engenharia de Sistemas e Informática), decidiu apostar em áreas "facilmente exportáveis", como a saúde, o turismo e o desporto. Uma análise de mercado levou-a a ver uma oportunidade de negócio no scouting futebolístico – captação, gestão e acompanhamento de novos talentos. O projeto surgiu, numa primeira fase, para colmatar as necessidades de clubes e agências sem estruturas de observação, auxiliando-os na procura de futuros "Cristianos Ronaldos", afirmam os mentores Pedro Vital e João Almeida, formados em Engenharia de Produção e Negócios Internacionais, respetivamente.
 
Em Portugal, apenas o Benfica, o FC Porto e o Sporting dispõem de equipas internas de scouting. A tendência mantém-se na maioria dos países. Com o "Talent Spy", os scouts (treinadores, olheiros, agentes, entre outros) conseguem saber "quase tudo" sobre jogador (júnior ou sénior) a residir do outro lado do planeta, desde o perfil, o historial clínico, a condição psicossociológica, a situação contratual até à performance em determinado jogo ou treino, ao registo de lesões e tempos de paragem e ao valor de mercado.

"Este é o primeiro software que junta dados estatísticos e informação qualitativa produzida em exclusivo por especialistas de várias áreas espalhados pelos vários continentes. Contém ainda gráficos que ajudam a perceber a evolução dos atletas em vários escalões etários e vídeos como suporte", reforça Pedro Vital. Através desta ferramenta, é possível, por exemplo, chegar aos eventos desportivos de bairros sociais ou descobrir os melhores "pés esquerdos" da equipa sub-16 da Argentina, acrescenta o colega João Almeida. 

 
Conteúdos personalizados para a maior rede televisiva de África
 
Entre os principais clientes estão os clubes que lançaram os dois melhores jogadores do mundo, o Sporting (Cristiano Ronaldo) e o Newell’s Old Boys (Leonel Messi), bem como a maior rede televisiva africana, a SuperSport, que integra 240 canais temáticos. Há ainda pedidos específicos de empresários da América Latina e da Ásia e relatórios solicitados por clubes de referência. O "Talent Spy" tem também estado em contacto com a MLS - Major League Soccer, principal campeonato de futebol dos EUA e do Canadá.
 
A grande aposta neste momento é a produção de conteúdos "à medida" para os meios de comunicação social e outras plataformas multimédia. No âmbito do Euro 2016, já foram desenvolvidos conteúdos personalizados para a SuperSport. Estão ainda previstas várias formações promovidas pela equipa de scouting do "Talent Spy", sob coordenação de comentador desportivo e chief scout do projeto Rui Malheiro.
 
A longo prazo, o projeto quer alargar-se a outras modalidades, conquistando novos mercados, bem como apostar num “facebook do futebol”, uma espécie de market place, a partir do qual será possível comunicar diretamente com os agentes.