Porque se comportam os não crentes como se o vivessem religiosamente?
O religioso não pode ser entendido como qualquer coisa de separado da vida quotidiana das pessoas. Desse modo, ao aderirem aos rituais que acompanham as etapas da vida (o nascimento, o casamento, a morte...) e que pontuam determinadas datas do ano (Natal, Carnaval, Páscoa, entre outras), os não crentes participam no processo de fusão coletiva que permite periodicamente regenerar as sociedades e libertá-las da entropia que as ameaça. É assim que podemos compreender os inúmeros rituais...
...que marcam a nossa vida quotidiana.
Por exemplo, as grandes festas religiosas, mas também os rituais políticos aquando das eleições, as comemorações folclóricas regionais e os rituais desportivos. Estes rituais cristalizam os elementos emocionais que o racionalismo negligenciou. Conferem a todos a possibilidade de partilharem o sagrado. É nesse sentido que o alemão Georg Simmel, outro pai fundador da sociologia, disse que o religioso está por todo o lado: "No erotismo e na amizade, na autoridade e na obediência, na relação entre o indivíduo e a sua linhagem, a sua família, a sua classe social, a sua pátria e, por fim, a humanidade; e também na sua relação com o destino, com a sua profissão, com os seus deveres, com os seus ideais...".
|