"Tive o privilégio de participar ativamente na conceção do curso de Engenharia Biológica"

24-01-2017 | Paula Mesquita

Manuel Santos é funcionário do Departamento de Engenharia Biológica e trabalha na UMinho há 33 anos

Começou a trabalhar nos serviços das Ciências de Engenharia, que funcionavam nos pavilhões verdes, junto à Rodovia. Atualmente está no edifício do DEB, situado em pleno campus de Gualtar, em Braga (na foto)

Manuel Santos (sentado, à direita) num jantar de finalistas de Engenharia Biológica, na cantina do campus de Gualtar, em 1996

A idealização e conceção da licenciatura em Engenharia Biológica foi o momento do percurso profissional que mais o marcou

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Manuel Santos

Trabalha no Departamento de Engenharia Biológica. Tem 59 anos e nasceu em Cambeses, Barcelos, onde ainda vive. Os estudos em Mecânica e Mecanotecnia permitiram-no vir para a UMinho, em 1984. Viu a universidade crescer e marcou-o muito particularmente a criação do curso de Engenharia Biológica. Aliás, nesta entrevista contou-nos, orgulhoso, que trabalhou “de alma e coração” para o seu sucesso.


Como chegou à Universidade do Minho?
Vi um anúncio de jornal e enviei o meu currículo. Lembro-me que eram 25 candidatos admitidos. Fizemos três provas de admissão e eu fiquei em primeiro lugar. Foi uma etapa bem-sucedida da minha carreira, fruto de muito empenho e dedicação.
 
Lembra-se do que sentiu no primeiro dia de trabalho?
Foi a 18 de setembro de 1984 e senti muita emoção. Vim para uma instituição que estava a emergir, a formar-se, mas foi provando o seu valor ao longo do tempo e tornou-se, efetivamente, uma das maiores do país. Para além disso, estava a mudar por completo o meu rumo profissional, pois deixava para trás a polícia e estava bastante satisfeito com essa mudança! Senti que este novo projeto me aliciava a todos os níveis.
 
Onde foi o seu primeiro local de trabalho?
Os serviços das Ciências de Engenharia funcionavam nos pavilhões verdes, na Rodovia. O primeiro trabalho que fiz foi um inventário dos reagentes e materiais de vidro existentes naquelas instalações e fi-lo com todo o rigor, empenho e entusiasmo!
 
Como foi o seu percurso desde então pela UMinho?
Iniciei funções como técnico auxiliar, mas, ao longo dos tempos, fui frequentando formações que me permitiram adquirir novos conhecimentos e progredir na carreira. Frequentei cursos de Eletrónica, Eletricidade, Mecânica, entre outros, e isso beneficiou-me bastante a nível profissional e pessoal. Estive afeto ao serviço de Ciências de Engenharia até à criação do Departamento de Engenharia Biológica [DEB], onde ainda permaneço. Trabalhei em vários locais, fruto do natural crescimento da universidade: primeiro, nos pavilhões da Rodovia, depois no edifício da Rua D. Pedro V e, a partir da sua criação, no campus de Gualtar, sempre em Braga.
 
Que pessoas marcaram o seu percurso profissional?
Tive a oportunidade de conviver com pessoas que me marcaram e definiram, em grande parte, aquilo que sou hoje, pessoal e profissionalmente. Lembro-me, naturalmente, das professoras Odete Maia e Rosário Oliveira, dos professores Luís de Melo, Heitor de Almeida e Carlos Bernardo, na Escola de Engenharia. Estas são apenas algumas, entre muitas outras pessoas, que poderia enumerar. Contei com toda a ajuda e colaboração possíveis e todos me manifestaram sempre uma tremenda disponibilidade. Houve muito companheirismo, solidariedade e, mais do que tudo, bondade. E isso moldou-me! Enquanto técnico de laboratório, conheci e trabalhei igualmente com muita gente de enorme qualidade e coração grande. São todos especiais! [sorriso]
 
Que funções desempenha atualmente no DEB?
Exerço funções de assistente técnico, trabalho na conceção e fabrico de trabalhos didáticos para as aulas práticas dos alunos de Engenharia Biológica e Engenharia Biomédica e colaboro no fabrico e montagem de reatores para trabalhos experimentais de doutorandos. Para além disso, sou responsável pela linha de gases especiais e de ar comprimido existentes no DEB, pela reparação de pequenos equipamentos e pelo apoio às aulas do mestrado integrado em Engenharia Biológica. E, porque a polivalência é fundamental, faço tudo o que possa beneficiar da minha ajuda e colaboração.
 
Veio para a UMinho numa altura em que já se planeava o seu crescimento. Como o carateriza?
O crescimento da UMinho foi exponencial e rápido e fico agradado por me ter envolvido nele. Assistiu-se a um crescimento tão veloz e que exigiu de todos quantos fazem parte desta instituição um empenho e um esforço tão grandes que, honestamente, quase não dei pelo tempo passar! E, de facto, não podíamos parar para assistir ao que acontecia. Somos parte desse caminho e temos que dar o nosso melhor para que aconteça o sucesso. A UMinho tem sido assim: empenhada, ativa, dinâmica, socialmente responsável e politicamente consciente. Quando se somam estes elementos, não vejo outro resultado senão o êxito e a garantia de qualidade.
 
Qual foi o momento que mais o marcou na Universidade?
A idealização e conceção da licenciatura em Engenharia Biológica. Tive o privilégio e a felicidade de participar ativamente na conceção do curso, nomeadamente na construção de trabalhos didáticos para as aulas práticas, na aquisição de equipamentos e na organização das próprias aulas. Foi um “ponto 0” para o qual todos trabalhámos, que vimos crescer e em que senti que confiavam no meu trabalho. Hoje, os resultados estão à vista e sinto orgulho por ter dado o meu contributo! [sorriso]
 
Alguma vez imaginou no que a UMinho se viria a tornar três décadas depois?
Envolvo-me nos projetos de alma e coração, mas, ainda assim, e com tanta distância temporal, era impossível imaginar! Mesmo sabendo que, tanto eu como os colegas, fizemos tudo o que era exequível para que o sucesso chegasse! Felizmente, fruto do trabalho que tem sido desenvolvido, a UMinho assume, atualmente, enormes e respeitáveis dimensões a nível nacional e internacional e é alvo de um inegável interesse da indústria mundial. Orgulho-me de fazer parte disso!
 
O que é que as pessoas aprenderam com o seu trabalho?
A aprendizagem é um processo em espiral: todos temos, sempre, muito para dar e para receber. Ao longo de todos estes anos tive a oportunidade de transmitir conhecimentos nas áreas em que me especializei, e, porque a vertente humana é indissociável do campo profissional, tive também a oportunidade de aconselhar e ajudar, principalmente alunos. Por outro lado, também recebi muitos ensinamentos, quer de alunos, de docentes e de outros funcionários, que me ajudaram a atingir o patamar profissional que tenho e o nível de formação que faz de mim aquilo que sou hoje.
 
O que gostava que ainda acontecesse na Universidade do Minho?
Desejo que esta instituição se permita projetar e afirmar com maior veemência entre as instituições internacionais, que possa levar todo o vasto conhecimento que possui e permite pelo mundo fora e possa continuar a contribuir, pois entendo que já o faz, para um mundo melhor, mais justo e mais erudito! O aproveitamento e desenvolvimento dos recursos humanos têm sido notáveis e tenho toda a esperança que a UMinho siga nesse caminho de intervenção fundamental e de desenvolvimento nacional.

 

  Os outros “encantos” de Manuel Santos
 
  Um livro. “A cidade e as serras”, de Eça de Queirós.
  Um filme. “Voando sobre um nicho de cucos”, de Milos Forman.
  Uma música. “The look of love”, de Diana Krall.
  Uma figura. Os meus pais.
  Um passatempo. O desporto: voleibol.
  Um sítio. Várias cidades italianas que visitei: Roma, Veneza, Assis.
  Um prato. Cozido à portuguesa.
  Um momento. O nascimento das minhas filhas.
  Um vício. Passear.
  Um defeito. Competitivo.
  Um sonho. Visitar Nova Iorque.
  Um lema. “Escolhe um trabalho que gostes e não terás que trabalhar um único dia na tua vida”, de Confúcio.
  A UMinho. O meu segundo LAR.