Momentos marcantes
Já fez três dezenas de personagens principais, sem contar as secundárias, inclusive em Espanha, França, Inglaterra, Eslovénia, Andorra e Moçambique. Que espetáculo a marcou?
Muitos. É difícil escolher! O Sonho, de Pedro Amaral, que fiz com a London Sinfonietta, foi muito intenso, orgânico e vivido, dos ensaios à produção final. O Banksters, de Nuno Côrte-Real, no São Carlos, foi também inesquecível, pela estreia mundial e pelo meu raro papel de “má da fita” [sorriso]. Como tenho uma voz mais cristalina, em geral faço as princesas ou virgens, ali foi diferente. O Evil Machines, de Luís Tinoco e Terry Jones (Monty Python), com quem adorei trabalhar e fiz até de máquina de secar roupa, com um figurino espetacular! [risos] O The Turn of the Screw, de Britten, pela intensidade do papel. Também me marcou o concerto no São Carlos com Vesselina Kasarova, uma das grandes [divas] da música clássica. Fiquei orgulhosa, mas ansiosa, até porque cantei depois dela! Estava do lado de fora do palco, à espera da minha vez de entrar... ela cantou tão bem que as lágrimas me caíram pela cara abaixo... Entrei para o palco ainda meio emocionada. Havia uma introdução orquestral longa e deu-me uma “branca”, não sabia quando começar. Lembrei-me então das palavras do professor Rui Taveira: “Quando tiveres uma 'branca', espera com calma porque no momento a música vem”. Cheguei a pensar ir espreitar a partitura do maestro! Mas a verdade é que a música “veio” mesmo. E, quando saí do palco, a Kasarova veio ao meu encontro abraçar-me e felicitar-me, provando que os “grandes” são os mais simples. Ao observar os mais velhos, os mais experientes, aprende-se muito! Aprendi muito com cantores como a Elisabete Matos, o Carlos Guilherme, o Jorge Vaz de Carvalho e a Elvira Ferreira. Só de os ver a gente aprende…
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