O papel da mulher hoje

29-03-2019

Foto: Diogo Cunha

Desigualdade de género na Escola de Engenharia da UMinho

Percentagem de homens e mulheres a frequentar cursos de Engenharia na UMinho

No total dos Departamentos de Engenharia, apenas 25% são mulheres

Número de mulheres e de homens por categoria profissional em Engenharia

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Isabel Ramos

O papel da mulher hoje é igual ao de sempre, o de se afirmar enquanto mulher, de forma informada e livre. Ser mulher é complexo, rico de experiência e expectativas. Não há escolhas generalizáveis, não há a mulher certa.



A nossa experiência na Universidade do Minho com o projeto EQUAL-IST - Gender equality in Information Science and Technology (ver gráficos na fotogaleria acima) tem-nos permitido interagir com mulheres muito jovens, ainda no ensino secundário, bem como com mulheres já no topo da carreira académica. Todas elas nos falam de visões no feminino e dos desafios que vão encontrando para as concretizar.

Os primeiros desafios de autodeterminação começam cedo pela aprendizagem social sobre o que é ser mulher. Os estereótipos da menina doce e de figura esguia vão criando barreiras ao seu crescimento interior como mulher forte, inteligente, capaz de definir planos concretos para atingir os seus objetivos pessoais, em particular se eles não estão alinhados com os padrões definidos pelas comunidades em que se inserem.

A mulher que inicia a sua carreira profissional no meio académico enfrenta dificuldades importantes em compatibilizar a sua vida familiar, a qual lhe requer uma atenção constante ao bem-estar dos filhos e gestão doméstica e, também, a vida profissional que lhe exige um esforço maior para estabelecer reputação do que o exigido aos homens.

A mulher que já atingiu o topo da carreira expressa dificuldade em concretizar a sua visão no âmbito da sua liderança pela carga negativa que é associada à ambição e assertividade no feminino. Não raras vezes, a mulher nos níveis superiores da carreira opta por atividades de apoio à comunidade académica, atribuindo menor relevância à vertente científica e de mobilidade internacional.

Cada mulher sente estas dificuldades de forma diferente, encontrando a sua própria abordagem para lhes fazer face. Apesar da experiência ter um cariz eminentemente subjetivo, os impactos das dificuldades enfrentadas pelas mulheres estão plasmados de forma objetiva nos números (ver fotogaleria). Em suma, nunca é demais realçar que a equidade de género na educação, profissão e família é um importante fator para a autodeterminação da mulher enquanto membro ativo das comunidades em que se insere. O talento, criatividade e energia no feminino são indispensáveis para dar resposta efetiva aos muitos desafios enfrentados pela Humanidade.


Professora da Escola de Engenharia da Universidade do Minho