Réveillon é a grande celebração na Rússia
Nadejda Machado
Kalashnikov - Izhevsk, RÚSSIA
Leciona desde 1987 na UMinho, onde se doutorou em Ciências da Literatura, é professora do Departamento de Estudos Germanísticos e Eslavos do Instituto de Letras e Ciências Humanas, investigadora do Centro de Estudos Humanísticos (CEHUM) e coordenadora do Gabinete Mundo Russo, tendo ainda sido a primeira a ensinar Russo e das pioneiras a lançar cursos livres de línguas na academia.
O casamento com um português resgatou-a para o Norte de Portugal em 1984. Nadia, como a chamam cá, considera que o seu Natal “é como viver em dois países em simultâneo”. Se a ceia ocidental é no dia 24, a consoada ortodoxa é a 6-7 de janeiro, seguindo o calendário juliano, sendo a mesa recheada com 12 pratos (representam os apóstolos de Jesus), como kutya, perohy, borsch, mel, sopa de cogumelos, repolho recheado e batatas, culminando um período de jejum. Os mais novos têm as prendas sob o pinheirinho, trazidas pelo Pai Natal, que nos contos russos chama-se “Avô do frio”, educa para a proteção da floresta e tem a neta ajudante Snegurochka, de tranças loiras longas e vestido azul e branco. Nesta época, descreve Nadia, os centros históricos ficam mais iluminados e com uma árvore gigante, como sucede na capital. Mas a “maior festa” anual na Rússia passou a ser o réveillon. O jantar exige a salada russa, chamada Olivier, nome do chef que a inventou em Moscovo. Minutos antes das 12 badaladas, o Presidente anuncia ao país votos de bom ano, uma tradição da União Soviética, e depois as pessoas brindam ao ano velho e trocam cumprimentos de felicidades, detalha Nadia. “Também se usa máscaras e roupas diferentes, pois o país não celebra o Carnaval, e a noite continua com várias festas, como nas discotecas. O ano novo traz ainda a ideia do mistério, do desconhecido, do perspetivar o futuro - há reflexões e brincadeiras sobre isso”, elenca, notando que no réveillon português as pessoas preferem centrar-se sobretudo nos momentos de convívio. A professora procura divulgar estas e outras celebrações eslavas ao longo do ano na comunidade académica, nomeadamente em Braga.
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