Dez músicas que merecem ser ouvidas

21-12-2018 | Ângelo Martingo

Foto: Nuno Gonçalves

A Orquestra Académica da Universidade do Minho, numa atuação em 2016

Ângelo Martingo é diretor artístico da Orquestra da UMinho, diretor do Departamento de Música do Instituto de Letras e Ciências Humanas da UMinho e investigador do Centro de Estudos Humanísticos da UMinho (foto: Nuno Gonçalves)

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São duas mãos cheias de obras para um possível concerto da Orquestra da Universidade do Minho, sugeridas pelo seu diretor artístico e professor Ângelo Martingo.




Embora se revele uma ingrata tarefa para um músico a seleção de dez obras, a primeira escolha é, em todo o caso, feita sem dificuldade - o Hino da Universidade do Minho, com música de Fernando Lapa (n. 1950) e letra de José Manuel Mendes (n. 1948). Este símbolo, em que se reconhecem a universidade dos mestres e a universidade dos escolares, constitui, para mim, um sempre renovado convite à identificação com os melhores valores, para que possam orgulhar-se de nós aqueles que nos sucederão. E se por isso não fosse, compelir-nos-ia à escuta, desde logo, a beleza da obra e da interpretação.
 
Iniciado o concerto, fica o convite ao encontro com quatro compositores que marcaram o pensamento musical ocidental desde o século XVIII – Johann Sebastian Bach (1685-1750), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Johannes Brahms (1833-1897), e Gustav Mahler (1860-1911). Bach, de quem se apresenta a Gavotte da Suite orquestral BWV 1068, personifica o barroco no seu culminar. Já Beethoven, de quem se propõe a escuta do primeiro andamento da 6ª Sinfonia (Pastoral), encarna a aceção de génio como tensão, com a sua condição e o seu tempo, em que a produção do novo emerge da inconformidade com os meios recebidos. De algum modo, Brahms, que Schenker designava em 1912 “o último dos grandes mestres da arte dos sons alemã”, e de quem se propõe a escuta do final do 4º andamento da 1ª Sinfonia, Op. 68, evidencia a mesma relação com Mahler, de quem se apresenta o final da Sinfonia nº 2 (Ressurreição) – enquanto o primeiro emerge como culminar de uma tradição, o segundo encerra uma irredutível complexidade e refinamento de escrita no crepúsculo do romantismo.
 
Como interlúdio, um convite à ópera, com  Il Trovatore, de Giuseppe Verdi (1813-1901), de que se extrai o coro Chi del Gitano.
 
O último conjunto de sugestões congrega quatro obras evocativas do Natal. Em primeiro lugar, um excerto do Magnificat em Talha Dourada, de Eurico Carrapatoso (n. 1962), e uma pequena obra de Hugo Languasco (n. 1944) – In Silentio Verbum Oritur, apresentada em primeira audição na efeméride dos 1350 anos de S. Frutuoso, e escrita para o efeito. Do repertório clássico, fica a sugestão de duas oratórias intemporais: Messiah, HWV 56, de George Friderich Händel (1685-1759), de que se extrai o coro Worthy is the Lamb, e A Criação, Hob. XXI:2, de Joseph Haydn (1732-1809), de que apresenta o final.
 
Criada em 2006, a Orquestra da Universidade do Minho teve como diretores artísticos a Profesora Elisa Lessa, também fundadora, entre 2006 e 2011, e o Professor Luís Pipa, entre 2011 e 2014. Materializando no domínio dos Estudos Musicais a missão da Universidade de extensão à comunidade, esta Orquestra aspira, desde logo, a constituir-se num projeto artístico que cada membro da comunidade académica abrace, em que se reconheça e reclame como seu.
 
Para a leitor que teve a amabilidade de nos seguir, fica, sem introdução, uma sugestão extraprograma.
 
Votos de um Feliz Natal e um excelente Ano Novo!