Na génese do estudo das gravuras do Côa
O Parque Arqueológico do Vale do Côa, o maior complexo de arte rupestre paleolítica ao ar livre no mundo, está ligado à UMinho desde a sua criação. Após estudos no terreno e protestos da sociedade em 1994/95, o Estado suspendeu o processo da construção da barragem do Baixo Côa. A Secretaria de Estado da Cultura assumiu então a importância e o “significado” do Côa, estabelecendo a UMinho um primeiro projeto de investigação, lembra José Meireles: “Na altura, eu não estava centrado exatamente no estudo da arte paleolítica e, após cumprir com as minhas responsabilidades iniciais, o projeto prosseguiu com outros investigadores e equipas; em boa verdade, o Côa não é propriedade de nenhum investigador nem de ninguém, é do mundo”. A UNESCO classificou o local como Património Cultural da Humanidade em 1998.
Entretanto, quando se definiu a construção do Museu do Côa, a UMinho “voltou a ter um papel decisivo”, sobretudo com a UAUM, o Departamento de História e o Centro de Computação Gráfica, coordenando a elaboração dos conteúdos multimédia, do site e da preparação de conteúdos expositivos. “A narrativa sobre a história da Humanidade é cada vez mais uma construção interdisciplinar e multimédia, através de modelos interativos, representações 3D, interfaces… enfim, agrega muitas outras ciências e as novas tecnologias de informação para levar o conhecimento ao público em geral, de maneira apelativa e estimulante”, contextualiza José Meireles. A UMinho continua a colaborar no Côa “sempre que lhe é pedido”. Aliás, a Fundação Côa Parque tem como vice-presidente Maria Manuel Oliveira, professora da Escola de Arquitetura.
O Côa Parque é um dos principais sítios de arte rupestre do mundo, com cinco dezenas de núcleos de arte ao longo dos últimos 17 quilómetros do vale do rio Côa, até confluir com o Douro. As gravuras, feitas por picotagem ou abrasão, são na maioria de há mais de 10.000 anos, representando essencialmente animais, por vezes sobrepostos, mas há também pinturas e gravuras do Neolítico e Calcolítico, gravuras da Idade do Ferro e dos séculos XVII a XX, tendo os moleiros sido os últimos a abandonar o fundo do vale. Já o Museu do Côa é o segundo maior do país em área, após o de Arte Antiga de Lisboa. Procura preservar, valorizar e divulgar testemunhos da cultura material e imaterial que construíram aquela paisagem duriense.
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