Foi lançado recentemente o primeiro estudo mundial que avalia a qualidade de 110 países em vários domínios, incluindo a educação, inovação, desemprego, felicidade e mortalidade infantil. Esta análise coloca Portugal na 24ª posição da lista geral, logo a seguir ao Luxemburgo. O ranking é liderado pela Suíça, remetendo para fundo da tabela Moçambique. A coordenação do "World State of Quality" (
WSQ) cabe a Paulo Sampaio, professor do
Departamento de Produção e Sistemas e investigador do grupo
Supply-chain, Logistics and Transportation Systems (SLOTS) do
Centro Algoritmi, da
Escola de Engenharia da UMinho, em parceria com Pedro Saraiva, da
Universidade de Coimbra.
Na base desta classificação está a avaliação da taxa de desemprego, da felicidade, da inovação, da facilidade em fazer negócios, da pegada ecológica, do bem-estar ambiental, da distribuição dos rendimentos, do Produto Interno Bruto, da competitividade, da mortalidade infantil, da esperança média de vida, da educação, além do número de universidades em rankings internacionais, artigos sobre qualidade publicados em revistas conceituadas, organizações com certificação IS0 9001 e membros da
International Academy for Quality (
IAQ). Foi graças a essa pontuação que os 110 países foram distribuídos pelos grupos
leading,
follower,
moderate,
lagging e
beginning.
A Suíça encabeça a primeira edição deste ranking, destacando-se pelo seu 1º lugar nos indicadores da competitividade e da inovação. Neste grupo de líderes da qualidade encontram-se também a Noruega, classificado como o país mais feliz do mundo, a Suécia, com o maior número de universidades no ranking de Xangai por habitante, a Dinamarca, onde é mais fácil criar e desenvolver uma empresa, seguindo-se a Holanda, o Reino Unido, a Alemanha, a Áustria, a Finlândia, a Irlanda e a Austrália. “Estes resultados confirmam a trajetória da Suíça e dos países do Norte da Europa no âmbito da qualidade”, afirma Paulo Sampaio. De realçar o afastamento do Japão (12º), do Canadá (14º) e dos EUA (15º) de uma posição de liderança, apenas surgindo no segundo grupo com pontuação mais elevada - os seguidores.
Portugal com bom desempenho
Do mesmo grupo faz parte Portugal, que alcançou o 24º lugar a nível mundial. Em termos específicos é o 5º país que contabiliza mais membros IAQ por habitante, o 9º com o número mais elevado de organizações com certificação de qualidade por habitante, o 14º com menor taxa de mortalidade infantil e o 16º com maior esperança de vida, com mais universidades por habitante em rankings internacionais e com mais artigos sobre qualidade publicados em revistas conceituadas. Os dados mostram ainda que existem 27 países no mundo com maior capacidade de empregabilidade do que Portugal, 40 cuja a qualidade do ensino é superior e 53 onde há mais igualdade na distribuição dos rendimentos. No índice da felicidade, os portugueses surgem na posição 65º, muito depois do Brasil (19º), da Espanha (28º) e da Rússia (37º).
“Conseguimos um bom desempenho global, com resultados muito positivos ao nível das universidades, da investigação e da esperança média de vida. Mas há sempre margem para melhorias, nomeadamente na educação, no estímulo ao emprego e na qualidade de vida nas cidades, sendo necessário continuar o trabalho que está a ser realizado nestes domínios”, alerta Paulo Sampaio. “O WSQ deve ser encarado como uma ferramenta que permite identificar áreas de melhoria, ajudando os governos e as organizações na definição de políticas e estratégias capazes de aumentar o nível de qualidade dos países e, por conseguinte, o bem-estar das pessoas”, continua.
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Quem vai liderar no futuro?
Os países africanos são os que apresentam os piores resultados, com o Mali, a Costa do Marfim, o Lesoto, a Guiné e Moçambique na cauda da lista. “Surgiram neste ranking clusters naturais. Os países mais desenvolvidos tendem a estar no topo da tabela. A África está a dar os primeiros passos na área da qualidade. Por exemplo, em Angola está a ser criada a primeira associação neste âmbito. Cá já existe há mais de 50 anos", contextualiza o investigador.
A médio prazo acredita que o Japão, os EUA, o Canadá e a Índia passem para o grupo dos países “líderes”. A China, que agora ocupa o 42º lugar, também desperta grandes expetativas nos especialistas, prevendo-se que alcance também nos próximos anos "uma posição de liderança".
O WSQ enquadra-se no âmbito da tese de doutoramento de Catarina Cubo, aluna do programa doutoral em Engenharia Industrial e de Sistemas e investigadora do Centro Algoritmi da UMinho, tendo surgido no seguimento de um projeto-piloto elaborado em 2016 junto dos 28 países da União Europeia. Além da coordenação de Paulo Sampaio e Pedro Saraiva, contou com a participação de João d'Orey, do Observatório Nacional dos Recursos Humanos, e Marco Reis, da Universidade de Coimbra.
Países com mais qualidade
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1 Suíça |
2 Noruega |
3 Suécia |
4 Dinamarca |
5 Holanda |
6 Reino Unido |
7 Alemanha |
8 Aústria |
9 Finlândia |
10 Irlanda |
11 Austrália |
12 Japão |
13 República Checa |
14 Canadá |
15 Estados Unidos da América |
16 Israel |
17 Eslovénia |
18 Bélgica |
19 França |
20 Estónia |
21 Itália |
22 Espanha |
23 Luxemburgo |
24 Portugal |
25 Romania |