“Não há um dia igual ao outro”

16-07-2020 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

Começou a trabalhar nesta academia quando estudava em Engenharia e Gestão Industrial e após ter frequentado o curso de Engenharia Civil

Quando veio estudar para a UMinho em 1992, decorria uma luta estudantil contra as propinas e, desde aí, ficou ligado ao movimento associativo, pertencendo a várias estruturas da AAUM e da UMinho

A colaboração com os Serviços de Ação Social iniciou no Bar Académico de Guimarães, a convite de Armando Osório, e em 2002 passou para o vizinho Pavilhão Desportivo de Azurém, prestando serviços de secretariado e atendimento ao público

Carlos Azevedo gosta do “contacto diário com a comunidade universitária, principalmente com os estudantes”

1 / 4

Carlos Azevedo

Nasceu em Guimarães há 52 anos e sempre viveu nesta cidade. Começou a trabalhar nos Serviços de Ação Social ainda enquanto estudante. Hoje é um dos rostos que nos recebe no Pavilhão Desportivo do campus de Azurém.


Começou a trabalhar muito cedo.
Terminei o ensino secundário e quis deixar os estudos. Comecei a trabalhar aos 18 anos, numa farmácia. Depois, numa escola de condução, onde fui instrutor. Em 1990, decidi voltar a estudar e ingressei no Instituto Politécnico de Bragança. No final do 1º ano, e para ficar mais próximo de casa, decidi pedir transferência para Engenharia Civil na Universidade do Minho, no ano letivo de 1992/1993.
 
Como foi esse primeiro contacto com a UMinho?
Teve um pedacinho de histórico, pois coincidiu com a luta estudantil contra as propinas! Aliás, o primeiro ato em que participei enquanto aluno da UMinho foi a maior RGA de que tenho memória. Decorreu no campus de Gualtar e juntava tantos estudantes que encheu três anfiteatros. Fui contagiado por esse pulsar “revolucionário”, que me marcou de forma perene. Em julho de 1993, tomei posse como tesoureiro adjunto da Associação Académica (AAUM), na altura liderada por Carlos Silva.
 
A AAUM entranhou-se na sua vida.
Foi um projeto de vida. Formávamos uma equipa fantástica, que operou uma pequena revolução na academia. Dali resultaram amizades que ainda hoje perduram. Depois, com a AAUM sob a direção de Jorge Campos, foi presidente adjunto de Guimarães. Esse mandato foi de consolidação do projeto que nos tinha seduzido. Após este período, voltei a ser um aluno "normal", até ser convidado para integrar a Mesa da RGA da AAUM, sob a presidência de Emídio Meireles. Nestes mandatos, pude integrar a Assembleia da Universidade e o Senado Universitário, onde fui aprendendo e experienciando com mais intensidade a integração na UMinho.

Conseguiu conciliar estes projetos com os estudos?
Sim. Fui avançando nos estudos. A certa altura pedi mudança para o curso de Engenharia e Gestão Industrial. Mas conciliei os estudos quase sempre com outros projetos estudantis. Candidatei-me aos REOGUM [Representantes dos Estudantes nos Órgãos de Governo da UMinho] e integrei estes órgãos até à sua extinção, com a publicação do Regulamento Jurídico das Instituições do Ensino Superior e a aprovação de novos Estatutos da UMinho. Aliás, fiz parte da comissão que elaborou esses Estatutos, juntamente com Pedro Soares e Ana Rita. Desisti de estudar nesta altura, devido ao nascimento do meu segundo filho.
 
Mas a sua participação nos órgãos da UMinho prosseguiu.
Sim, após a publicação dos novos Estatutos, concorri ao Senado Académico, órgão consultivo do reitor, tendo sido eleito, até aos dias de hoje, em representação do corpo que é atualmente composto pelo pessoal técnico, administrativo e de gestão.


Há duas décadas ao serviço

Uns anos mais tarde, e ainda estudante, começou a trabalhar na UMinho. Como se proporcionou esse início?
A minha colaboração com os Serviços de Ação Social (SASUM) começou quando o dr. Armando Osório convidou-me para ser o responsável pelo Bar Académico em Guimarães. O objetivo era transformá-lo num espaço de convívio dos alunos, diminuindo ao máximo a sua visibilidade para fora da academia. Mas, em 2002, a gestão do bar foi novamente entregue à AAUM e o dr. Osório convidou-me para integrar a equipa de colaboradores do Pavilhão Desportivo de Azurém.
 
Como foi o seu percurso profissional desde então?
Em 2002, como referi, integrei o quadro de pessoal dos SASUM, no Departamento de Desporto e Cultura, e aí me mantenho! Já trabalhei com três administradores: o dr. Armando Osório, o eng. Carlos Silva e, atualmente, o prof. António Paisana. A minha aprendizagem e evolução foi contínua. Comecei por fazer de tudo um pouco, tendo em conta que as instalações estavam no seu início: secretariado, coordenação do pessoal da secretaria, software de gestão, relações públicas com a comunidade escolar… Depois, foram-se tornando mais específicas. Estou agora mais centrado no secretariado e no atendimento ao público.
 
O que lhe dá maior satisfação no seu trabalho?
Gosto do contacto diário com a comunidade universitária, principalmente com os estudantes. Nunca há um dia igual ao outro. Para além deste privilégio, somos frequentemente desafiados, especialmente quando decorrem grandes eventos desportivos ou de outra natureza, muitos dos quais internacionais. Felizmente, isso dá-me a oportunidade de interagir com muitas pessoas de Portugal e de todo o mundo! Tenho um carinho especial pela RoboParty, evento organizado pelo Departamento de Eletrónica Industrial da Escola de Engenharia, que junta cerca de 500 alunos de todo o país, e não só, em três dias bastante intensos.
 
Gosta de desporto?
Gosto de desporto em geral, mas não sou grande praticante!
 
Que mudanças mais destaca nestes tempos de pandemia e o que sentia ao ver o Pavilhão Desportivo vazio?
Fiquei confinado em casa, pois tenho ainda uma filha menor de 12 anos. Mas, sempre que era necessário, vinha às instalações desportivas tratar dos assuntos pendentes. A sensação de ver os espaços vazios não é facilmente explicável, mas senti muita frustração. A prática de desporto, nestas circunstâncias, tem os seus riscos, e, neste momento, tentamos minimizá-lo o melhor possível, para que as pessoas possam regressar aos poucos e se sintam confiantes e seguras. A parte que mais me agradou, neste confinamento, foi a perceção de que quase toda a sociedade compreendeu a importância do exercício físico para o bem-estar físico e mental.
 


  Preferências
 
  Um livro. "1984", de George Orwell, pela sua atualidade.
  Um filme. "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino. Pela banda sonora e pela montagem inovadora.
  Uma música. Ultimamente, tenho ouvido bastante Ludovico Einaudi. Destaco o álbum “Time lapse”, de 2013.
  Um passatempo. O associativismo parental.
  Uma viagem. A sair de um confinamento, Só o facto de ter a liberdade de me movimentar de um sítio para o outro,
  depois de um longo confinamento, já é um sonho tornado realidade!
  Um clube. Vitória de Guimarães.
  Um prato. Sardinha assada com batata cozida, um fio de azeite e um grupo de amigos para partilhar!
  Um momento. São dois: o nascimento dos meus dois filhos.
  Um vício. Tabaco.
  Um defeito. Sou notívago!
  Um sonho. Ver este país mais bem gerido e sem corrupção.
  Um lema. "O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas pelas que permitem a maldade”, de Albert Einstein.
  A UMinho. Já faz parte do meu ADN!