“Discursos dos Reitores” traz as palavras que marcaram o crescimento da UMinho

30-04-2020 | Daniel Vieira da Silva

Pormenor da capa do livro

Excerto do discurso proferido na tomada de posse da Comissão Instaladora

Carlos Lloyd Braga (ao centro) na tomada de posse da Comissão Instaladora Carlos Lloyd Braga; à esquerda, o ministro da Educação Nacional, José Veiga Simão, e, a assinar, Lúcio Craveiro da Silva, no salão medieval da Reitoria

Lúcio Craveiro da Silva (de pé) na tomada de posse de José Eduardo Lopes Nunes e Licínio Chainho Pereira (no limite da mesa, à esquerda) como membros da Comissão Instaladora, a 23 de outubro de 1981

O início do discurso de João de Deus Pinheiro na sua tomada de posse como reitor, a 27 de novembro de 1984

Sérgio Machado dos Santos (à direita) na cerimónia do 12º Dia da UMinho, a 17 de fevereiro de 1986

Licínio Chainho Pereira a discursar nos 28 anos da UMinho, a 17 de fevereiro de 2002, seguido pelos ministros Luís Braga da Cruz e Júlio Pedrosa e os homenageados (à direita) Joaquim Pinto Machado, Francisco Carvalho Guerra e José Luís Encarnação

Nos 31 anos da UMinho, a 17 de fevereiro de 2005, o doutoramento honoris causa a Joaquim Chissano contou com o reitor António Guimarães Rodrigues e os antigos Presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio

Cerimónia de tomada de posse de António M. Cunha, a 27 outubro de 2009

Discurso de Rui Vieira de Castro no Dia da Universidade, a 19 de fevereiro de 2018

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Livro da UMinho Editora compila os 56 discursos de todos os reitores nas principais cerimónias desta academia e traz “justiça” à análise do trabalho de cada um.

“Os Discursos dos Reitores” compila 45 anos de discursos (1974-2019), proferidos pelos responsáveis máximos da instituição em cerimónias de relevância, como as tomadas de posse dos sucessivos reitores ou as sessões solenes do Dia da Universidade. Este é o primeiro livro da série “História e Memória da UMinho – Documenta”, que integra a coleção “Documentos” da UMinho Editora.


A obra de 500 páginas reúne as transcrições dos discursos mais importantes dos reitores da UMinho e assume-se, sublinha a vice-reitora para a Cultura e Sociedade, Manuela Martins, como "um livro muito interessante e quase comovente”. Através da sua leitura “percebe-se bem o que é a UMinho, as opções que foram tomadas e todos os desafios que teve que enfrentar”, explicou, destacou o “repetido e lúcido diagnóstico feito pelos reitores” que, através desses discursos “apontaram, sempre com grande lucidez, as perspetivas para o futuro da Universidade, identificando os seus maiores problemas”.

Para a vice-reitora, o livro permite ainda compreender melhor o perfil e o desempenho dos sucessivos responsáveis, que criaram as bases para "afirmar a grande universidade que é a UMinho". A leitura d "Os Discursos dos Reitores" traz uma perspetiva mais concreta das personalidades de cada um deles e do notável esforço que fizeram para erguer firmemente uma instituição que sempre lutou contra constrangimentos de vária ordem. "Na verdade, restitui alguma justiça no juízo que sobre eles fazemos", explicou Manuela Martins ao NÓS. “O crescimento e a construção da UMinho é algo fantástico e ler estes discursos ajuda-nos a orgulhar-nos da instituição que servimos”, referiu a responsável.

 
Um ano de trabalho intenso para um conjunto de obras mais amplo

Trabalhada desde que foi lançada a UMinho Editora (fevereiro de 2019) a obra resultou de um trabalho intenso de identificação, pesquisa, digitalização e transcrição de vários discursos. Márcia Oliveira, investigadora bolseira no Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT), é a responsável por este trabalho em torno do projeto da História da UMinho. Ao longo do último ano, trabalhou de perto uma coleção de documentos que chegaram por via de textos que se foram conservando no antigo arquivo da Reitoria. A esses juntou o arquivo do Gabinete de Comunicação, Informação e Imagem, de onde recolheu também fotografias, ilustrações das cerimónias e transmissões em direto para o trabalho agora publicado e que a obrigou a várias transcrições de registos vídeo, áudio e manuscritos.

“Há um imenso manancial de informação documental que ainda não se tinha pensado dar visibilidade”, admitiu Manuela Martins. A vice-reitora notou ainda que, inicialmente, a obra foi pensada para retratar as cerimónias do Dia da Universidade, com a totalidade dos discursos nelas proferidos. “O que editamos agora é algo mais circunscrito”, referiu, pois cinge-se aos discursos dos reitores. A comunidade académica irá beneficiar bastante com este livro, que acabou por resultar numa publicação "mais limpa" sobre o pensamento dos reitores, vincou.

 

"Trabalho inédito" nas universidades portuguesas

O livro, disponibilizado em ebook gratuito, segue uma divisão “mais ou menos óbvia” de três partes, coincidindo com os ciclos temporais assumidos no livro “História da Universidade do Minho 1974-2014”, lançado aquando dos 40 anos da instituição. A primeira parte corresponde ao “Ciclo da fundação e afirmação”, referente ao período entre 1974 e 1981, congregando seis discursos (cinco de Carlos Lloyd Braga e um de Lúcio Craveiro da Silva). “Os discursos fundadores eram muito interessantes, ao referirem os primeiros cursos a criar, o modelo matricial, a localização da universidade ou as instalações provisórias. Através deles sentia-se o processo criativo de uma jovem instituição ou as tensões existentes entre a Comissão Instaladora e a tutela, relativamente a questões como o lugar onde fixar as instalações definitivas", justifica Manuela Martins.

A segunda parte assinala “Os tempos de consolidação”, entre 1981 e 2002. Nestes 21 anos, há 28 discursos proferidos pelos reitores em exercício. Desde a tomada de posse de Lúcio Craveiro da Silva, em janeiro de 1981, até ao proferido por Licínio Chainho Pereira, em 2002, nas comemorações do 28º aniversário da UMinho, este período junta ainda 16 discursos de Sérgio Machado dos Santos e um de João de Deus Pinheiro. A terceira e última parte, “Os desafios do século XXI”, integra 21 discursos desde 2002 até 2019, relativos à governação de António Guimarães Rodrigues e de António M. Cunha e ao início do atual mandato de Rui Vieira de Castro, que também prefacia a obra.

Manuela Martins não tem dúvidas que “foi feita uma boa seleção” de textos e esta coletânea "é uma forma de conhecer melhor" a história da UMinho, tendo em vista reforçar a identidade desta jovem universidade, cuja construção continua e depende de todos os que nela se integram. A vice-reitora garante tratar-se de “uma ótima leitura devido à curiosidade que se vai acumulando por saber o que acontecerá no ano seguinte”. “Este é um trabalho inédito no quadro das universidades portuguesas”, frisou, garantindo a divulgação do livro em acesso aberto pela UMinho Editora.
 


“História e Memória da UMinho” vai ganhar novos capítulos

Depois desta obra, o trabalho passa por “continuar a dar identidade aos registos existentes” e "organizar a imensa informação já digitalizada", mas que, de algum modo, se encontra dispersa. Manuela Martins explicou que serão criadas, dentro da mesma coleção da UMinho Editora, livros que congreguem outros discursos de momentos marcantes da instituição, ou atos académicos relevantes, como as orações de sapiência. A responsável acredita que também será possível alargar este trabalho para o âmbito das Escolas e Institutos da UMinho, reconhecendo, ainda assim, os inúmeros desafios que estarão adjacentes a essa tarefa, devido à eventual falta de documentos.

Manuela Martins também avançou a ideia de dar visibilidade às unidades culturais da UMinho e de se editarem os discursos dos presidentes da Associação Académica da UMinho, que poderão dar origem a volumes próprios dentro da coleção. A vice-reitora, também coordenadora da UMinho Editora, entende que a coleção "História e Memória da UMinho" constitui uma forma de dar a conhecer o trajeto desta universidade e dos seus protagonistas e de reconstruir a sua memória, ajudando a reforçar sentimentos de identidade da comunidade académica, "muito importantes" nos tempos de incerteza e perplexidade em que vivemos.