“A melhor licenciatura do país”
A UMinho foi uma opção óbvia aquando da candidatura ao ensino superior?
Foi a minha primeira opção! A UMinho tinha a melhor licenciatura de Psicologia do país, com a nota mínima de admissão mais elevada - quase 17 valores. Para além disso, sendo de Viana do Castelo, era das universidades públicas mais próximas, tornando as deslocações mais fáceis.
O que o fez enveredar pela psicologia forense?
No terceiro ano de curso tivemos aulas de Psicologia da Justiça. Achava os conteúdos relacionados com o crime e a violência interessantes. Recordo-me que na primeira aula consegui responder de forma intuitiva a várias questões colocadas pela professora Marlene Matos. Foi nesse dia que decidi enveredar pela Psicologia Forense. Quando comecei a licenciatura, imaginava-me mais a dar consultas.
Chegou a trabalhar numa prisão em Portugal. Como avalia a experiência?
Não trabalhei diretamente para os serviços prisionais em Portugal. Fiz voluntariado, estágio de mestrado e investigação de doutoramento em vários estabelecimentos prisionais, localizados no Norte e Centro do país. Tive contacto com muitos reclusos, guardas prisionais, técnicos superiores de reeducação, equipas médicas e diretores. Isso conferiu-me uma visão abrangente sobre o sistema prisional. Os conhecimentos ao nível das características dos reclusos e das prisões, da execução das penas privativas de liberdade, do sistema de informação prisional, entre outros assuntos, são importantes para a investigação. Aprende-se imenso no terreno. E isso moldou o meu interesse pela investigação em contexto prisional.
2014 foi um ano de grandes mudanças. Fez as malas e mudou-se para Zurique sem dominar o alemão. O que o levou até à Suíça?
Uma oferta de emprego! Durante o doutoramento, contactei por email o diretor da equipa de investigação do Departamento de Justiça e Assuntos Internos do Cantão de Zurique para lhe fazer uma pergunta sobre um estudo que ele tinha publicado e que eu queria incluir numa meta-análise sobre fatores associados às infrações disciplinares e ao uso de serviços clínicos nas prisões. Quando terminei a tese, voltei a contactá-lo para lhe perguntar se aceitaria ser meu orientador na candidatura a uma bolsa de pós-doutoramento na Universidade de Constança, na Alemanha, onde era professor. Foi aí que ele me falou de uma vaga de estagiário disponível para a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais de Zurique, na equipa que ele dirigia. Reservei um voo e vim à entrevista de emprego. Assinei contrato no mesmo dia. Nunca tinha pensado viver neste país.
Passou de estagiário a investigador sénior em pouco tempo. Explique-nos o que faz concretamente.
Faço investigação científica relacionada com crimes violentos e sexuais, validação e desenvolvimento de instrumentos de avaliação do risco em ofensores, adaptação dos reclusos, ambiente prisional, reincidência no crime, entre outros temas. Neste momento, estamos a desenvolver vários projetos ligados à covid-19.
E gosta do que faz?
Sim, gosto de investigar, sobretudo nesta área.
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