"Inesperadamente, convidaram-me para dar umas aulas"
É alguém desenraizado ou sente que precisa voltar?
Felizmente (ou infelizmente, nunca se sabe), tive a sorte de ter boas escolas públicas perto de casa. Terminei o meu percurso escolar em Matosinhos, no meio dos pescadores, com bons professores e boas notas também. Na universidade, a mesma coisa, pois havia boas no Porto. Saí por algum tempo, pela primeira vez, quando fiz o meu período Erasmus na Unilever, na Holanda. Foi uma excelente oportunidade, pois na altura era a maior empresa “não petrolífera” do mundo, onde trabalhei num projeto de investigação. Quando voltei, pensei que não era mau de todo estar mais independente e mais longe de casa.
Como justificou as suas opções nesse momento?
Depois do Erasmus, ainda fui a duas ou três entrevistas em empresas, mas já na altura apontavam-me outros caminhos. Acabei por vir para a UMinho fazer o doutoramento, com uma bolsa da FCT [Fundação para a Ciência e a Tecnologia]. Fiz o meu caminho e, pouco antes de terminar, inesperadamente para mim, convidaram-me para dar uma ou outra aula e, depois, para ficar na UMinho. Não era um contrato definitivo e, mais tarde, com a abertura de um concurso, acabei por ficar.
Tem tempo para sentir o mundo, olhar à sua volta, além de uma carreira académica tão exigente?
É algo que faço, até por questões de sanidade mental, pois quem trabalha comigo já sabe que quando vou de férias desligo o computador e só o abro no fim das férias. Foi uma decisão que tomei há uns sete anos e as pessoas sabem que estou contactável por telemóvel, para qualquer assunto mais urgente, mas só isso. Por outro lado, sou escuteiro e faço questão de dar o meu contributo, todos os sábados à tarde, religiosamente.
O que gosta de fazer nos tempos livres?
Adoro acampar. Gosto de estar com a família e com as filhas; nesse contexto de acampamento, é o que mais adoro. Gosto de jogar voleibol (cheguei a ir à seleção nacional, mas não deu para compatibilizar com os estudos), de praia, de caminhar pelo monte...
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