“Sentíamo-nos uns campeões”
Como avalia essa fase da sua vida?
Foi ótima! A entrada em RICP era por si só um enorme feito dada a elevada média nacional exigida. Sentíamo-nos uns campeões! Com o passar do tempo fomos ganhando alguma humildade [risos]. Havia muita e boa concorrência. Os quatro anos de curso foram muito enriquecedores naquilo que é o mais óbvio, como as amizades conquistadas e que duram até hoje, bem como no menos óbvio. Apesar de termos concluído a formação sem estarmos “preparados” para uma profissão específica, devido à diversidade de conteúdos do curso, saímos da UMinho com elevada capacidade de flexibilidade e adaptação para enfrentarmos um mercado de trabalho muito exigente. Daí ter conseguido, por exemplo, conquistar o meu espaço na área financeira e alguns dos meus colegas de curso estarem ligados a áreas como o imobiliário, a cultura, os seguros, o marketing ou a diplomacia. Além disso, éramos um grupo bastante dinâmico: ou estávamos envolvidos em associativismo, através do Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais (CECRI) e da AIESEC, ou na organização de eventos e conferências ou em alguma discórdia com determinado professor. Saí da UMinho cheio de traquejo!
Como correu a sua entrada no mercado de trabalho?
Nunca gostei de estar parado, sempre procurei oportunidades de trabalho que me trouxessem experiência valorizadora e independência financeira. Comecei por colaborar numa agência de organização de eventos e dei aulas de Inglês numa escola de formação profissional. Cheguei ainda a fazer um estágio ao abrigo do programa Leonardo da Vinci, em Liège, na Bélgica. No início de 1997, entrei no Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), em Lisboa. De um ponto de vista de carreira, esse foi provavelmente o primeiro verdadeiro emprego, tendo em conta a minha formação. A experiência durou apenas seis meses. Pelo meio fiz entrevistas para a Euroclear, para a qual entrei em setembro daquele ano. Uma nova carreira se iniciava no setor financeiro. E ainda cá estou! Olhando para trás, a formação em RICP, complementada com as atividades extracurriculares, deu-me uma diversidade intelectual e uma capacidade de adaptação essenciais para conseguir os diferentes empregos. Isto revelou-se particularmente vital na Euroclear, pois alguns departamentos não requerem formação específica, requerem sim pessoas capazes, flexíveis, dinâmicas e engenhosas. Nós tratamos de os formar e de criar oportunidades para que possam crescer.
De que forma surgiu a Euroclear na sua vida?
O fator das amizades nascidas na UMinho foi determinante. Encontrava-me em Lisboa a trabalhar no CIEJD enquanto grande parte dos meus amigos estava em Bruxelas a fazer o estágio na Comissão Europeia. Senti que estava no local errado. A Marta Moura, colega de curso que já trabalhava na Euroclear, incentivou-me a enviar o meu currículo. Fui recrutado depois de algumas entrevistas. Devo esse recrutamento, em parte, à ótima reputação portuguesa que a Marta já tinha construído. Recordo-me de a recrutadora dizer que os portugueses eram simpáticos, engenhosos (o nosso jeitinho português a dar cartas), trabalhadores e falavam várias línguas. Foi assim que começou a minha carreira internacional. Entretanto, juntou-se a nós outra colega de RICP, Cláudia Maia, que trabalha comigo como responsável por vários mercados latino-americanos. Muitos portugueses foram recrutados nos últimos anos, nomeadamente do centro de operações do BNP Paribas em Lisboa, dada a familiaridade com o nosso negócio.
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