O maior laboratório associado de Portugal

30-04-2021 | Nuno Passos

Paulo Novais é diretor do LASI, investigador e coordenador do Laboratório de Sistemas Inteligentes do Centro Algoritmi e professor catedrático do Departamento de Informática da Escola de Engenharia da UMinho

Os parceiros são das universidades de Aveiro, Coimbra, Minho, Nova de Lisboa, Porto e dos politécnicos do Porto e Cávado e Ave

O Centro Algoritmi situa-se no edifício 2 do campus de Azurém, em Guimarães (na foto), enquanto no vizinho edifício 11 fica o Instituto de Polímeros e Compósitos

A identidade gráfica do Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (LASI)

Este projeto evidencia que a ciência não é uma ilha, mas feita em colaboração

A inteligencia artificial (IA ou AI, de artificial intelligence) é um avanço tecnológico que permite que sistemas simulem uma inteligência similar à humana (imagem: CloudBees)

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O novo Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (LASI) agrega mais de 500 cientistas de 13 centros I&D em sete academias, sendo o único em inteligência artificial e o maior entre os 40 laboratórios associados do país. É coordenado a partir de Guimarães por Paulo Novais, da Escola de Engenharia da UMinho.


Os parceiros provêm das universidades de Aveiro, Coimbra, Minho, Nova de Lisboa, Porto e dos politécnicos do Porto e Cávado e Ave. São respeitados na sua história, rede e individualidade e agora, em coletivo, podem “envolver-se em aventuras maiores”, desde candidaturas internacionais a projetos de grande envergadura nesta área, “intensificando” contactos e projetos, assume o professor Paulo Novais. “Queremos ser um ator liderante, influente e preponderante na inteligência artificial, por isso estamos fortemente entusiasmados e empenhados num trabalho inovador, ético e sustentável para o país e para o contexto europeu e mundial, cuidando assim do presente ao reinventar o futuro, que se quer progressista e gerador de qualidade de vida”, frisa.

Paulo Novais esteve mais de uma década na equipa da direção da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial (APPIA). Na altura, havia a ambição de criar uma interface ágil que reunisse o número máximo de colegas e simplificasse a ligação entre as entidades políticas, empresarias e académicas, conta. “O LASI materializa a vontade desta comunidade, aqui representada na sua maioria”, explica. A referência a “sistemas inteligentes” na nomenclatura reflete desde os fundamentos teóricos à aplicação em produtos, serviços e materiais. Este laboratório associado vai trabalhar a IA para as indústrias sustentáveis e inovadoras, as cidades inteligentes, a saúde, as sociedades altamente conectadas e a governação pública. As cinco linhas de investigação vão ser orientadas pelos professores António Pereira, Zita Vale, Miguel Castelo Branco, Júlio Viana e Luís Paulo Reis.

O LASI pretende ser juridicamente uma associação sem fins lucrativos com sede simbólica em Guimarães, “a primeira capital do país”, estando em fase de instalação, financiamento e recrutamento. “Sinceramente, não imaginava que fosse o maior laboratório associado do país”, admite o coordenador. “Foi um processo natural, a ideia foi fervilhando, não fechámos a porta a ninguém e muitos quiseram participar, o que confirma a urgência desta estrutura e me deixa honrado e com mais responsabilidade”, anui. A preparação da candidatura do projeto à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) foi “intensa e complexa, para congregar sob o mesmo ‘guarda-chuva’ os interesses desta comunidade e com um plano consistente”, acrescenta. A UMinho participa através do Centro Algoritmi (promotor) e do Instituto de Polímeros e Compósitos, tendo ainda um grupo de inteligência artificial alargado e reconhecido (fundado por José Maia Neves) e um ADN de transferência de conhecimento, como a parceria com a Bosch.
 
 
Os parceiros
 
- Universidade de Aveiro: Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA); Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA)
- Universidade de Coimbra: Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT); Centro de Informática e Sistemas (CISUC)
- Universidade do Minho: Centro Algoritmi (líder); Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC)
- Universidade do Porto: Centro de Matemática (CMUP); Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC)
- Universidade Nova de Lisboa: Centro de Tecnologia e Sistemas (CTS); Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Engenharia Mecânica e Industrial (UNIDEMI)
- Instituto Politécnico do Cávado de Ave: Laboratório de Inteligência Artificial Aplicada (2Ai)
- Instituto Politécnico do Porto: Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Embebidos e de Tempo-Real (CISTER); Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD)
 
 
Os números

- 5 linhas temáticas
- 13 centros de I&D
- 534 investigadores
- 700 doutorandos, sendo 300 estrangeiros
- 290 projetos de investigação em curso
- 150 milhões de euros de financiamento
 
 

Razão e emoção
 
Paulo Novais nasceu há 53 anos em São Torcato, Guimarães. Passou pelas escolas de S. Torcato, da Veiga e Industrial (atual Francisco da Holanda). Chegou à UMinho em 1987, pela qual é licenciado em Engenharia e Sistemas de Informática, mestre e doutorado em Informática e leciona desde 1992. É professor catedrático do Departamento de Informática da Escola de Engenharia e coordenador do ISLab do Centro Algoritmi. Investiga sobre inteligência artificial há três décadas, focando-se em tornar os sistemas mais inteligentes, confiáveis e sensíveis para responder às necessidades dos utilizadores.
 
Preside a assembleia-geral da APPIA, após uma década na equipa da direção, e está na comissão executiva da Sociedade Ibero-americana de Inteligência Artificial (IBERAMIA). Por outro lado, é membro sénior da Sociedade de Inteligência Computacional do Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) e coordenador científico do Programa Novos Talentos em Inteligência Artificial da Fundação Calouste Gulbenkian.
 
Nos últimos anos representou Portugal nas comissões de Inteligência Artificial da International Federation for Information Processing (IFIP) e da International Organization for Standardization (ISO) e colaborou como perito na Comissão Europeia e na Fundação para a Ciência e Tecnologia. Venceu vários prémios de investigação, orientou uma centena de teses e é (co)autor de mais de 400 publicações, entre livros, capítulos de livros, artigos em revistas e congressos internacionais. Está igualmente no board de vários congressos e edições científicas.

Além disso, é juiz da Irmandade de S. Torcato e presidente do Centro Social daquela vila vimaranense. Em boa verdade, apesar de o seu trabalho académico ser sobretudo na área da razão, a sua vida rege-se pela emoção. É casado, tem dois filhos e o lema de nunca desistir.