Um unicórnio que vale 9,5 mil milhões de dólares
O Elísio ingressou no mercado em 2008. O Rui terminou o curso em 2011. Portugal estava a passar por uma crise económica. Foi difícil conquistarem o vosso espaço? E como tem sido a evolução profissional?
Elísio: Durante o curso cheguei a trabalhar em part-time numa software house e fazer algum trabalho em regime de freelancer. Mais tarde, no âmbito do estágio curricular, decidi explorar uma área diferente e mais versátil. Foi assim que entrei no mundo da consultoria na Deloitte, em Lisboa, onde acabei por ficar e iniciar a carreira. Foram tempos de alguma incerteza com a crise que começava. Mudaram-se os paradigmas e as empresas tiveram que se adaptar a uma realidade mais global e a trabalhar com novos mercados. A Deloitte foi uma grande escola, graças à qual aprendi a conjugar o conhecimento adquirido e mais académico com outras competências essenciais num mundo profissional diversificado e com objetivos multifuncionais. Em 2009, apesar de estar a trabalhar entre Lisboa e Luanda, decidi inscrever-me no mestrado em Informática na UMinho, por reconhecer a qualidade do seu ensino naquela área.
Rui: Entrei no mercado de trabalho em 2005 e a crise que se veio a sentir nos anos seguintes foi, na verdade, um incentivo para voltar a estudar. Foi aí que me candidatei ao curso de Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores, conciliando estudo e trabalho. A meio da formação, o projeto profissional no qual estava envolvido faliu. Focado no curso a 100%, comecei a colaborar em algumas iniciativas fora do mestrado, o que me abriu as portas a novos desafios e permitiu acumular experiência em diversas áreas. A minha carreira evoluiu num sentido que não tinha planeado e de forma “não linear”. Ajudei a gerir programas de evangelismo técnico, desenvolvi softwares, trabalhei na área de vendas e gestão de projetos em consultoria e acabei na área de customer success, onde tenho vindo a evoluir nos últimos cinco anos.
Ambos trabalham na OutSystems, líder em aplicações low code. É considerada um dos quatro “unicórnios” portugueses (a par da Farfetch, Talkdesk e Feedzai), tendo clientes em 87 países. O Elísio trabalha a partir do Dubai e o Rui de Boston. O que fazem concretamente?
Elísio: Sou diretor da equipa global de Professional Services, responsável por prestar consultoria aos clientes da OutSystems. Utilizamos a nossa tecnologia para desenvolver aplicações para os clientes, apoiamos na formação e disponibilizamos serviços especializados. A equipa que coordeno define as boas práticas nas várias valências, bem como na utilização da tecnologia e na entrega de serviços para todo o mundo.
Rui: Neste momento lidero uma das equipas de Customer Success Management, responsável por ajudar os clientes da zona central dos EUA a desenharem e implementarem a estratégia de adoção da nossa tecnologia. Isto significa, na prática, que a minha equipa comunica regularmente com os clientes, no sentido de perceber os objetivos de negócio, as estratégias de IT, a definição de valor, entre outras variáveis, e atua como um ponto central de coordenação entre as várias equipas da OutSystems e o cliente.
Chegaram a cruzar-se em reuniões, formações…?
Elísio: Comecei a trabalhar na empresa em 2013 e o Rui em 2016. Chegámos a fazer parte da equipa de liderança de Customer Success, estando eu em Singapura e o Rui nos EUA. Percebemos na OutSystems que somos mais parecidos do que achávamos. Já nos confundiram várias vezes [risos]! A primeira vez que o Rui foi à empresa, ainda trabalhava no escritório de Lisboa. Eu não sabia que ele tinha uma entrevista marcada e encontrei-me com ele, com alguma surpresa, depois de um colega me ter dito que tinha acabado de entrevistar o meu irmão [risos].
Rui: Embora estejamos em lados opostos do mundo, assumimos ambos posições de liderança em áreas que, apesar de distintas, têm de colaborar obrigatoriamente, o que implica cruzarmo-nos em reuniões, por exemplo. Costumamos também estar juntos nas formações em que colaboradores de todo o mundo se juntam por uns dias. Já tive, nesses eventos, conversas muito estranhas com pessoas que julgavam estar a falar com o meu irmão [risos].
Que influência teve a UMinho nas vertentes pessoal e profissional?
Elísio: A UMinho é a minha alma mater. Foi a base da minha formação e teve, por isso, um grande impacto a nível profissional. Tenho ainda hoje grandes amigos espalhados pelo globo que conheci nessa altura e recordo com saudade a experiência que foi fazer Erasmus.
Rui: A UMinho foi, sem dúvida, uma parte fundamental da minha formação e onde fiz bons amigos ao longo dos anos. A formação adquirida foi sólida e o facto de ter estado envolvido em alguns projetos de investigação também contribuiu para a forma como ainda hoje tento resolver problemas novos no trabalho.
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