"A UMinho é uma academia moderna e bem inserida na comunidade"

31-05-2021 | Nuno Passos | Foto: Nuno Gonçalves

Primeira entrevista de Joana Marques Vidal como presidente do Conselho Geral da UMinho. Transformação digital, ambiente, lusofonia e redes multidisciplinares são algumas âncoras do mandato até 2025.




Porque decidiu aceitar o desafio de presidir o Conselho Geral da UMinho?
Sempre tive dificuldades em recusar desafios. Principalmente quando dizem respeito à vida de instituições que considero essenciais para o desenvolvimento de sociedades livres e democráticas. Fiquei honrada com o convite e acreditei na utilidade do meu contributo. Por outro lado, desde há muito que venho colaborando com a Universidade do Minho. E isso determinou a criação de laços, que também pesaram no momento em que decidi aceitar este desafio.

Que opinião tem desta academia, nascida há 47 anos?
É uma academia moderna, que, sem descurar o estudo das tradicionais áreas da ciência, dedica uma atenção muito especial ao conhecimento e à investigação das temáticas da atualidade. Uma academia que procura novas metodologias de ensino, promovendo o espírito de iniciativa e a criatividade. Uma academia bem inserida na comunidade, que se vem afirmando como um elemento essencial do desenvolvimento regional, com projeção a nível nacional e internacional.

O que pretende valorizar nestes quatro anos de mandato? Quais são, para si, os principais desafios?
Espero que o Conselho Geral, do qual sou apenas uma de entre todos os membros, se constitua como um fator de promoção e aprofundamento dos valores humanistas e da missão da Universidade do Minho, contribuindo para uma governação integrada em que todos desempenham um papel importante.

Como espera que seja a relação do Conselho Geral com o Reitor? E com o Conselho de Curadores?
Uma relação de equilíbrio e de respeito mútuo pelas funções de cada um, o que pressupõe espirito de colaboração e cooperação institucional, mas também rigor e exigência no exercício das respetivas atribuições. 
 
Considera que os desafios dos estudantes são mais difíceis do que os que encontrou quando foi estudante?
Prefiro falar em desafios distintos. As dinâmicas sociais são hoje muito diferentes, muito mais ricas e plurais, mas também muito mais complexas.  Hoje, os estudantes confrontam-se com a possibilidade de horizontes e futuro mais abertos, mais globais, com caminhos mais diversificados, mas também mais arriscados e imprevisíveis. São cidadãos do mundo… Diria que hoje os desafios são muito mais atraentes, mas também mais complicados e, nessa medida, podem ser muito mais exigentes.

Cruzou-se na sua vida profissional com reitores ou outros responsáveis da UMinho (além das suas vindas a esta Academia)? Tem alguma história que queira partilhar?
Como sabe, ao longo de toda a minha vida profissional tive o gosto de aceitar diversos convites que me fizeram para participar em eventos organizados pela Universidade. Designadamente pela Escola de Direito, por razões óbvias. Conheci vários responsáveis e guardo uma recordação viva e gratificante não só da qualidade de muitos desses eventos, mas principalmente da amabilidade e da estima com que sempre me trataram.
 
De que forma a UMinho se poderá afirmar no contexto regional, nacional e internacional?
A minha visão, neste momento, é necessariamente condicionada pela minha própria circunstância de membro externo, mas considero que importa uma afirmação pela continuação do aprofundamento da qualidade do ensino e da investigação científica nas áreas mais relevantes para o nosso mundo atual, como a transformação digital e o ambiente, designadamente as alterações climáticas. Não esquecendo que estas matérias, como outras aliás, exigem uma abordagem múltipla e abrangente, em que as ciências humanas e sociais desempenham, também, um papel significativo, não se podendo dissociar das demais de natureza tecnológica. Importa, igualmente, continuar a desenvolver a articulação com as outras universidades, a ligação aos centros de saber científicos nacionais e internacionais e, também, ao mundo de língua portuguesa. Sem esquecer a frutuosa relação com os núcleos de desenvolvimento económico e científico da comunidade em que se insere a Universidade.

Quer deixar alguma mensagem à academia?
Sei que pode ser um lugar comum, mas gostaria de deixar aqui a minha profunda convicção de que o contributo de todos é essencial para o desenvolvimento dos valores e da missão da UMinho.



Nota biográfica

Joana Marques Vidal nasceu em 1955, em Coimbra. É licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa e pós-graduada em Proteção de Menores pela Universidade de Coimbra e em Jornalismo Judiciário pela Universidade Lusófona de Lisboa. Foi procuradora-geral da República (2012-18) e representante da PGR no Ministério Público do Tribunal Constitucional (2018-21), sendo atualmente procuradora-geral adjunta jubilada.
 
Entre outros cargos, exerceu como presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, vice-presidente da Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família – Crescer Ser, presidente da assembleia-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, diretora-adjunta do Centro de Estudos Judiciários, vogal do Conselho Superior do Ministério Público e foi agraciada com a grã-cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente da República. 
 
Participou em comissões legislativas no Direito da Família e dos Menores, destacando-se na que procedeu às alterações da lei da adoção em 2003. Tem diversos artigos publicados e intervém em cursos superiores e conferências sobre temas como infância e juventude, vítimas de crime, violência doméstica, formação de magistrados, Estatuto do Ministério Público, corrupção e criminalidade económico-financeira.