Da UMinho para a Revolut

29-10-2021 | Catarina Dias

André Martins é natural de Braga e tem 33 anos. Formou-se em Engenharia e Gestão Industrial

Em termos profissionais, já passou pela Sonae, Farfetch e Web Summit. Esta fotografia é do último evento organizado com a Web Summit

Viagem às Filipinas após a organização de um evento da Web Summit em Hong Kong

Viagem com colegas de trabalho da Farfetch (primeiro à direita)

Viagem aos Açores com amigos que conheceu na Irlanda

Num evento de supply chain no 3º ano do mestrado integrado em Engenharia e Gestão Industrial (terceiro à esquerda)

Saída com amigos da UMinho

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André Martins

O alumnus de Engenharia e Gestão Industrial fez Erasmus no Brasil e na Eslovénia, passou pela Farfetch, Sonae e Web Summit e é gestor sénior de operações da plataforma financeira Revolut, na Irlanda.



Recorda-se como foi o seu primeiro dia na UMinho?
Claro que me lembro! Recordo-me daquele nervosismo miudinho… Estava a começar um novo capítulo, o último antes de começar a minha vida profissional. Estava ansioso por aprender coisas novas. Conheci imensos colegas em poucas horas! Foi um dia intenso do qual guardo excelentes recordações.
 
Como surgiu a vontade de seguir Engenharia e Gestão Industrial? Qual era o objetivo em termos profissionais?
Basta olhar para o meu percurso para perceber que tenho um perfil generalista. Já liderei projetos nas áreas comercial e dos recursos humanos e, nos últimos anos, tenho estado mais ligado à área das operações. Acredito que o mercado valoriza bastante esta versatilidade e a capacidade de resolver problemas em várias áreas de negócio. Optei pelo mestrado integrado em Engenharia e Gestão Industrial (MIEGI) por achar que se enquadrava no meu perfil. Sinto que fiz a escolha certa!
 
Que momentos marcaram a sua passagem pela UMinho?
São tantos que é difícil escolher. Numa perspetiva mais pessoal, elejo os momentos passados com o meu grupo de amigos, entre noitadas, tardes de estudo e viagens diárias entre Braga e Guimarães. Em relação a conquistas, destaco as experiências que tive quando estudei fora do país por duas vezes, no Brasil e na Eslovénia, e, obviamente, o dia em que apresentei o resultado do meu último projeto como aluno de MIEGI. Foi o fechar de um capítulo.



Cinco anos de curso, cinco part-times e duas experiências Erasmus
 
Durante o mestrado integrado chegou a trabalhar em vários sítios ao mesmo tempo. Conciliou estudos, trabalho e diversão. Como se consegue conciliar tudo e, ainda assim, terminar o curso em cinco anos e com uma boa média?
Acredito que, quando queremos algo, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para o conseguir. Pode não acontecer exatamente da forma como idealizamos inicialmente, mas se for algo que queremos realmente arranjamos sempre soluções. Revejo-me muito nesta expressão: “Encontramos sempre tempo para tudo o que queremos e desculpas para o que não queremos”. É importante sabermos priorizar. Um dos meus objetivos na altura era estudar uma temporada no estrangeiro. Queria sair da minha zona de conforto e sabia que precisava de juntar dinheiro para estar cinco, seis meses fora de Portugal. Foram vários empregos ao longo de cinco anos de curso e descobri, no final de contas, que ganhei bem mais do que o dinheiro necessário para estudar fora. Conheci pessoas incríveis, diverti-me imenso e aprendi coisas que fizeram toda a diferença quando entrei no mercado de trabalho.
 
Sente que saiu da UMinho preparado para o mercado de trabalho? E para a vida?
Dividiria esta questão em duas partes, a primeira mais focada na componente académica. O que aprendemos como estudante molda a forma como pensamos, estruturamos e resolvemos problemas. A segunda está relacionada com as experiências vividas durante os cinco anos de mestrado, as pessoas que conhecemos, os projetos e trabalhos que desenvolvemos, os estágios que realizamos, entre outros. Pessoalmente, acho que o que aprendemos na Universidade é apenas uma parte da preparação. Quando chegamos ao mercado de trabalho, temos de lidar diariamente com desafios que não se resolvem com o que aprendemos numa sala de aula. Mas se soubermos tirar partido desse período para nos fortalecermos como pessoas, para além de evoluirmos em determinada área de estudo, seremos certamente mais bem-sucedidos quando entrarmos no mercado de trabalho.
 
Como correu essa integração no mercado? Começou na Sonae, depois passou pela Farfetch...
Tive a sorte de realizar o meu estágio curricular na equipa de gestão de talento da Sonae. Encarei essa experiência como se fosse o meu primeiro emprego e não um estágio. Tentei absorver o máximo de conhecimento possível e procurar sempre oportunidades para acrescentar valor. Felizmente, as coisas correram bem e foi-me proposto integrar um projeto ligado ao departamento de recursos humanos. Fiz também parte da equipa de análise de negócio de uma das áreas comerciais da empresa. Foi incrível, porque aprendi imenso! Em 2016 surgiu a oportunidade de me juntar a uma equipa que estava a ser criada na Farfetch. Inicialmente, o nosso foco estava na melhoria de eficiência das equipas de operações, mas rapidamente fomos desafiados a liderar projetos com maior impacto e à escala global. Formámos um departamento de estratégia de operações e, mais tarde, liderei uma equipa focada na melhoria da experiência do cliente. Foi, sem dúvida, um dos períodos de maior aprendizagem na minha carreira.
 
Em 2018 decidiu mudar-se para a Irlanda...
Sim, apesar de já ter trabalhado em projetos internacionais, especialmente na Farfetch, sempre foi evidente para mim que queria ter uma experiência internacional. Em 2018 juntei-me à equipa de operações da Web Summit, em Dublin, onde estive envolvido na operacionalização de eventos no Canadá, Hong Kong e Portugal. Depois disto tudo, surgiu a Revolut, uma empresa que já seguia há bastante tempo, com um produto incrível e muito focada na otimização da experiência do cliente.
 



Num evento de supply chain no 3º ano do mestrado integrado em Engenharia e Gestão Industrial (terceiro à esquerda)

 
“Não fazemos nada sozinhos”
 
No seu currículo só constam grandes empresas... Existe alguma fórmula para o sucesso que queira partilhar com os alunos da academia minhota?
Acho que tudo aconteceu naturalmente, nunca tive um plano delineado nesse sentido. Procurei sempre estar onde me sentisse desafiado e pudesse aprender algo novo todos os dias. Felizmente, tive essa possibilidade em todas as empresas pelas quais passei. Há três coisas super importantes em termos profissionais: ter vontade de aprender, procurar oportunidades para evoluir e cuidar das pessoas que nos rodeiam. Aprender não é algo que termina na Universidade. Aliás, acho que a Universidade é um estágio para o que vem a seguir. Procurar oportunidades para evoluir nem sempre está ligado ao cargo com um nome bonito que ocupamos, mas sim ao que aprendemos e fazemos no dia-a-dia. Testar, errar, aprender e fazer melhor! Por último, é importante perceber que o verdadeiro impacto está naquilo que construímos com as pessoas que nos rodeiam. Não fazemos nada sozinhos, somos todos diferentes e é aí que está a vantagem.
 
Que projetos futuros tem em mente?
Imensos! Por exemplo, confesso que gostava de ter uma nova experiência internacional pelo menos noutro país. A minha prioridade é continuar a aprender e evoluir, estando exposto a culturas diferentes.
 
Gosta de viver na Irlanda?
Sim! Em Dublin há uma grande diversidade de pessoas. A cidade atrai profissionais de vários países, especialmente nas áreas tecnológicas. Isso faz com que estejamos constantemente em contacto com pessoas de culturas diferentes e com hábitos diferentes dos nossos, o que é incrível, porque aprendemos imenso. Além disso, gosto muito do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Na Irlanda, é comum sair do trabalho por volta das 17h/18h, o que permite ter mais tempo livre para a família e os amigos, por exemplo.
 
O que faz nos tempos livres?
Viajar, ler, fazer exercício três ou quatro vezes por semana e estar com amigos sempre que possível.
 
Pensa regressar a Portugal?
Como bom português, regressar ao país é sempre algo que temos em mente, mas confesso que não faz parte, para já, dos meus planos num futuro próximo.



  De Friends a AC/DC… Eis os gostos de André
 
  Um livro. “Feel the Fear and do it Anyway”, de Susan Jeffers.
  Um filme. “The Pursuit of Happiness”, de Gabriele Muccino.
  Uma série. Friends.
  Uma música. “Highway To Hell”, dos AC/DC.
  Um clube. Sporting Clube de Portugal.
  Um desporto. Futebol.
  Uma viagem. Filipinas.
  Um passatempo. Leitura.
  Um vício. Resolver puzzles.
  Um prato. Marisco.
  Uma personalidade. O meu pai.
  Um momento. O nascimento do meu filho [esta semana].
  UMinho. Engenharia e Gestão Industrial.