Um momento histórico

17-02-2022 | Foto: Nuno Gonçalves

Vítor Matos

Devemos sentir muito orgulho no trabalho desenvolvido nos domínios da cultura, preservação do património e memória coletiva.


A reabertura do Teatro Jordão (TJ) e da Garagem Avenida (GA) representa uma admirável conquista no processo de afirmação de Guimarães enquanto território pioneiro e vanguardista na promoção e fomento de uma cultura do conhecimento, centrada no domínio das artes. Foi um processo difícil, conduzido pelo município, mas nunca se abalou a crença e vontade. Valeu a pena esperar para ver estes espaços renovados, modernos e funcionais para a sociedade.
 
Devemos sentir muito orgulho no trabalho desenvolvido nos domínios da cultura, preservação do património e memória coletiva. Assim é Guimarães, uma cidade e um povo singular, com vaidade e orgulho em tudo o que é nosso. O TJ é bem mais do que mera casa de espetáculos, é sim um autêntico repositório de cultura e identidade comum.
 
Esta semana ficará gravada na história da UMinho, que faz 48 anos, e da Sociedade Musical de Guimarães (SMG)/Conservatório de Guimarães, prestes a assinalarem 119 anos e 30 anos, respetivamente. A SMG é uma curiosa lição de resistência e uma humilde demonstração de sabedoria na adaptação às mudanças dos tempos. Além das sinergias com a UMinho, a sua instalação no TJ reconhece o seu valioso trabalho na formação, promoção e estudo do fenómeno musicológico no concelho. E será basilar na universalização no acesso ao ensino da música, que se estende para a região, por força do contrato assinado com o Estado.
 
Os tempos futuros perspetivam-se desafiantes perante a abertura de horizontes. A SMG quer crescer para além dos 700 alunos, dos 100 concertos por ano e afirmar os grupos que alberga, desde os Jovens Cantores aos Vilancico e aos Coro En’canto (seniores). A investigação nesta área está também na agenda, certamente em articulação com o Departamento de Música e o Centro de Estudos Humanísticos da UMinho, para novos projetos e publicações, enriquecendo o património vimaranense com a criação de um Centro de Estudos e Investigação Musical.
 
As novas instalações e condições proporcionam novas parcerias, podendo também enquadrar-se o Teatro e as Artes Visuais da UMinho, agora no TJ e GA, com as dinâmicas de outras instituições pedagógicas, culturais e sociais. Por exemplo, um curso básico de Teatro no Conservatório de Guimarães pode permitir uma oferta inovadora e diferenciada, de modo a que o percurso académico de um futuro ator, cenógrafo, produtor comece no ensino básico.
 
É um enorme desafio acrescentar à marca indelével do território consumidor de cultura o desígnio de cidade de criação de cultura. E pretendemos continuar a fazê-lo ao confluir o trio “Município, Universidade e Sociedade Musical”, para o aliciante estímulo de fazer destes espaços pioneiros um centro de incubação onde culminem inúmeros projetos artísticos. Perante o virar de página na vida cultural, há uma enorme expectativa que nos invade e o entusiasmo que sentimos por vislumbrar já o ciclo que aqui começa, com o objetivo de, através da música e das artes, criar melhores pessoas e melhores cidadãos.
 
 
Professor da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho (ELACH), maestro da Orquestra da UMinho e presidente da SMG – Conservatório de Guimarães