Ensino de Música na UMinho é cada vez mais internacional

14-02-2022 | Daniel Vieira da Silva

O ibero-uruguaio Ricardo Barceló dirige o Departamento de Música da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho

O violinista Eliot Lawson nasceu em Bruxelas (Bélgica) e tem nacionalidade luso-americana

Ilja Grubert nasceu em Riga (ex-Rússia, atual Letónia) e também é professor de violino

A pianista Isolda Crespi tem as suas origens em Barcelona (Espanha)

Mateusz Stasto é de Cracóvia (Polónia) e professor de viola d'arco

O violoncelista russo Pavel Gomziakov no Festival Internacional de Música de Gaia 2016

O fagotista Roberto Erculiani tem as suas origens em Verona (Itália)

Aldo Salvetti é natural de Veneza (Itália) e professor de oboé

O pianista russo Yuri Popov vive em Portugal desde 1998

Ricardo Barceló ensina, investiga e interpreta sobretudo guitarra clássica

O Departamento de Música da ELACH-UMinho situa-se no Edifício dos Congregados, na Avenida Central, em Braga

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Departamento de Música junta professores de oito nacionalidades e garante uma formação multicultural.




Com professores oriundos da Bélgica, Espanha, Itália, Letónia, Polónia, Rússia e Uruguai, além de Portugal, o Departamento de Música da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas (DM-ELACH) da UMinho assume nos últimos anos uma “diáspora musical” significativa. As várias nacionalidades dos seus docentes conferem um “ambiente cosmopolita”, cativando os estudantes e intérpretes que aqui se pretendem formar.

Ricardo Barceló, natural do Uruguai e também com nacionalidade espanhola, após residir muitos anos em Madrid, é o diretor do DM e considera natural haver “muita mobilidade de músicos e docentes a nível global, quer em orquestras como em instituições de ensino”. O professor, guitarrista, compositor e investigador, com licenciatura concluída em Espanha, mestrado nos Países Baixos e doutoramento e agregação em Portugal, explica que é frequente dizer-se que “o mundo dos músicos é pequeno”, daí a intensa mobilidade.

Barceló refere que muitos estudantes sentem também a necessidade de se deslocarem ao estrangeiro para “continuar e ampliar a sua formação”, daí que o DM vá ao encontro dessa pretensão, criando “uma grande diversidade cultural e um ambiente cosmopolita sem necessidade de sair de casa”. Segundo aquele responsável, os alunos do DM elogiam e valorizam a “qualidade do ensino, o domínio da especialidade e a disponibilidade e capacidade de comunicação dos docentes”, independentemente do seu país de origem.


Uma aposta ganha
 
Embora contratar docentes de nacionalidade estrangeira não seja uma política específica deliberada, Ricardo Barceló constata que a presença deles nos corredores do edifício dos Congregados, no centro de Braga, onde o curso é lecionado, garante “visões múltiplas do fenómeno musical”. Além disso, essa presença “dá mais força à ligação com instituições de ensino de outras geografias, enriquecendo redes de programas como o Erasmus+”.

Ainda assim, Barceló garante que o DM procura para os seus quadros “sobretudo docentes bem preparados para formar os alunos da melhor maneira possível”. A tendência atual tem sido a de contratar os que residem em Portugal, “pela sua maior disponibilidade”.

Salientando o “bom equilíbrio entre o número de professores portugueses e de outras origens”, Ricardo Barceló conta ao NÓS que essa diversidade é essencial para uma boa imagem no contexto internacional. Contudo, “o que dá maior visibilidade externa ao departamento é participar em redes internacionais com instituições congéneres e ter docentes em congressos, a ministrar masterclasses, a dar concertos e a publicar trabalhos de investigação em vários continentes e em publicações ímpares”. Essa é a mais-valia que pode “representar um atrativo para potenciais alunos internacionais de licenciatura ou de mestrado em Ensino de Música”, diz.
 


Mas afinal quem são estes docentes?
 
Aldo Salvetti, Eliot Lawson, Ilja Grubert, Isolda Crespi, Mateusz Stasto, Pavel Gomzyakov, Roberto Erculiani, Yury Popov e Ricardo Barceló são os nomes que conferem um caráter "melting pot" às atividades do Departamento de Música da UMinho. Ainda assim, os docentes no departamento são mais do que isso: “Não se limitam a ensinar, pois também são solistas em orquestras nacionais e, além disso, dão conferências, masterclasses e concertos em diferentes países”, explica o diretor.

Nos últimos anos também se tem potenciado especialmente a vertente investigativa do Departamento, contando neste momento com 13 professores doutorados, vários deles investigadores integrados no Núcleo de Investigação em Música (NIM) do Centro de Estudos Humanísticos da UMinho. Durante este ano devem somar-se mais três, entre cerca de 30 docentes no total, acrescenta o responsável.

Há cerca de 200 anos, Henry Wadsworth Longfellow escreveu que "a música é a linguagem universal da humanidade". Na UMinho, essa velha máxima ganha contornos efetivos no dia-a-dia.