Territórios sustentáveis e resilientes são o foco da investigação do CTAC

14-02-2022 | Daniel Vieira da Silva

José Barroso de Aguiar é diretor e investigador do CTAC, além de professor associado com agregação da Escola de Engenharia da UMinho

O CTAC foi criado em 2008 e é uma unidade de investigação integrada na Escola de Engenharia da UMinho, em Guimarães

Um dos projetos desenvolvidos no Centro é "Flagship projects Smart Cities", disponível em https://livelyspaces.info

Dois dos laboratórios onde se investiga nos domínios dos Materiais e Tecnologias de Construção e Hidráulica e Ambiente

Um exemplo de materiais funcionais desenvolvidos no CTAC

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O ciclo de entrevistas com diretores dos centros I&D da UMinho destaca José Barroso de Aguiar e o Centro de Território, Ambiente e Construção.



CTAC foi criado em 2008 no campus de Azurém, em Guimarães, após a extinção do Centro de Engenharia Civil. O objetivo foi abranger as áreas tradicionais da engenharia civil, mas revelando a nova tendência centrada nas questões da sustentabilidade do território e da construção.



Uma vez que o CTAC cruza várias áreas, como se organiza internamente?
Está organizado em três áreas de competência designadas por Materiais e Tecnologias de Construção, Hidráulica e Ambiente e Território.

Sentiram que esta divisão era um imperativo para agilizar o trabalho desenvolvido?
Sim. Esta divisão permite que cada membro esteja focado numa determinada área de competência, mas não impede que haja interdisciplinaridade, contribuindo assim para um trabalho de investigação inovador.

O CTAC centra o seu trabalho exclusivamente na investigação ou há ligações à sociedade criadas?
O trabalho está centrado na investigação e no desenvolvimento. No entanto, há muitas ligações à sociedade, nomeadamente ao setor público e privado. Estas ligações são importantes para perceber as necessidades de investigação enfrentadas atualmente pela sociedade.

É isso que justifica a vossa presença em projetos nacionais e internacionais. Essa lógica faz parte da essência do Centro?
Sim. O CTAC participa, efetivamente, em projetos nacionais e internacionais e isso permite-nos chegar a financiamento essencial para obter resultados da investigação, nomeadamente publicações em revistas indexadas, conclusão de doutoramentos e patentes.



Equipa multidisciplinar

O CTAC é reconhecido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e possui 24 investigadores integrados, a maioria deles docentes do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da UMinho. Trata-se de uma equipa diversificada que cobre a maioria das áreas da engenharia civil. O principal objetivo é produzir conhecimento no âmbito dos territórios sustentáveis e resilientes.

A direção gostaria de poder contratar mais doutorados, permitindo, pela sua ligação exclusiva à investigação, incrementar os indicadores de desempenho do centro. Barroso de Aguiar considera que os laboratórios estão bem equipados, embora seja necessário adquirir novos dispositivos para estudar a micro e nanoestrutura dos materiais e atualizar alguns equipamentos existentes.
 


CTAC é sinónimo de inovação e mais empregos

Que balanço faz do percurso deste Centro até ao momento?
O percurso é positivo. Existem algumas dificuldades resultantes da investigação em engenharia civil não ser considerada fundamental pela maioria das entidades financiadoras. No entanto, o CTAC tem conseguido obter resultados de investigação importantes que permitiram o desenvolvimento de várias empresas em Portugal. Em particular, o desenvolvimento de produtos inovadores tem alargado o mercado das empresas, permitindo ampliar as suas exportações. Estas atividades têm igualmente implicações na criação de emprego.

Mas qual considera ser o fator diferenciador do Centro?
O CTAC apresenta diferenças relativamente aos restantes centros existentes no país na área da engenharia civil. Desde logo, o seu foco na sustentabilidade e resiliência dos territórios. Pretende-se desenvolver materiais, tecnologias e sistemas inovadores aplicados ao ambiente construído, políticas de mobilidade urbana sustentáveis. Estudar os sistemas urbanos num ambiente em mudança e a gestão do risco para aumentar a resiliência a desastres naturais.

E no que diz respeito à sua afirmação, qual acha que é o principal fator para a justificar?
O CTAC apresenta-se com elevado grau de internacionalização. De salientar o elevado impacto das publicações dos seus membros. A participação em projetos internacionais. O interesse demonstrado por investigadores estrangeiros em virem trabalhar connosco, nomeadamente ao nível de doutoramentos e pós-doutoramentos.

Neste momento, quais são as investigações e realizações que destaca?
Gostaria de realçar dois projetos recentes: MarRisk e SmartPedestrian. O primeiro está relacionado com a adaptação costeira às alterações climáticas, para conhecer os riscos e aumentar a resiliência. O segundo desenvolveu um modelo inovador para projetar uma rede pedonal inteligente. Além disto, o CTAC desenvolveu investigação que deu origem a patentes, nomeadamente em materiais com eficiência energética melhorada.

E para o futuro... Alguma tendência no âmbito da investigação produzida? Consegue especificar áreas e/ou projetos nos quais esperam dedicar mais esforço?
O CTAC continuará a investigar no âmbito das suas áreas de competência, colaborando com empresas e entidades públicas na resolução dos seus problemas. Esperamos ter acesso a fundos do Programa de Recuperação e Resiliência com vista a incrementar o nosso trabalho. O objetivo será produzir conhecimento no âmbito dos territórios sustentáveis e resilientes. As inovações aqui desenvolvidas irão no sentido dos três pilares da sustentabilidade relacionados com o ambiente, a economia e o social.

Em que medida a investigação do Centro contribui para a missão da UMinho?
Ccontribui para a missão da universidade no sentido em que tem como objetivos o saber, a criatividade e a inovação como fatores de crescimento, desenvolvimento sustentável, bem-estar e solidariedade.

Quer deixar alguma mensagem final?
Gostava de agradecer a colaboração de todos os envolvidos nas atividades do CTAC, investigadores, técnicos e administrativos. Conto com a colaboração de todos para no futuro atingirmos os objetivos que nos propomos.