"The parties were bigger. The pace was faster, the shows were broader, the buildings were higher, the morals were looser and the liquor was cheaper.” Este excerto retirado do romance O Grande Gatsby, de Francis Scott Fitzgerald, retrata a famosa década histórica dos “loucos anos 20”, que sucedeu um conturbado período de restrição da liberdade e da normalidade. Poderia, no entanto, ser facilmente adaptado ao momento que hoje vivemos, numa fase em que superamos - até mais ver - as restrições às liberdades individuais e da anormalidade que afetou o nosso quotidiano.
Ultrapassados dois anos, assinalados pelo combate intenso à pandemia Covid-19 e pelos períodos de confinamento, importa refletir sobre os tempos de adaptação e renovação na vida dos estudantes universitários e o impacto que certamente os últimos anos terão na forma que encaramos a vida, a convivência social, bem como o investimento na educação e no Ensino Superior.
A recente retoma da normalidade significa, para uma parte considerável dos estudantes, estar à descoberta. Descobrir, para além do conhecimento e investigação, as várias experiências extra letivas que o Ensino Superior tem para oferecer, abrindo portas ao associativismo estudantil, ao desporto universitário, à cultura e aos grupos culturais da academia, à mobilidade internacional e às festividades académicas.
Não obstante, estes últimos tempos - onde a distância foi uma realidade e onde foi necessário apressar a transição digital das instituições de Ensino Superior - deixaram não só marcas ao nível do distanciamento e transição digital, como também permitiram tornar ainda mais visíveis as desigualdades que existem no seio do Ensino Superior, os problemas crónicos que afetam as academias e a enorme necessidade do reforço do investimento na educação em Portugal.
Acredito que é importante fazer das dificuldades uma ocasião para aprender e para nos reinventarmos. E este momento pode ser uma excelente oportunidade para que os decisores políticos olhem para o Ensino Superior como um instrumento para a inovação e crescimento económico do nosso país. Porque, se há cem anos o progresso e prosperidade se media pelos “higher buildings”, hoje é indiscutível que um país com futuro não pode arredar das suas prioridades de investimento a educação.
Não podemos adiar mais reformas e investimentos que são estruturais para o progresso do nosso país. E esta é uma reivindicação que deve ser não só dos estudantes, mas de todos os portugueses. Por um país mais sustentável e sobretudo mais justo!
Presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho)