O jacinto inspirou o nosso logótipo

17-02-2014 | Nuno Passos

Os logótipos da UMinho e das Escolas de Arquitetura, Ciências, Ciências da Saúde, Direito, Economia e Gestão, Engenharia, Psicologia, Enfermagem e dos Institutos de Ciências Sociais, Educação, Letras e Ciências Humanas

A flor de jacinto personifica as qualidades humanas da humildade científica, da simplicidade e do rigor

Francisco Providência

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A identidade visual da UMinho e das Escolas/Institutos evoca a flor de jacinto, ícone do conhecimento, e o sistema sígnico dos pescadores da Póvoa de Varzim.




O autor, Francisco Providência, considera, à distância, que a UMinho conseguiu rápido afirmar internacionalmente a juventude da sua imagem, mais veloz e dinâmica face a muitas congéneres. Uma juventude não associada apenas à idade, mas também à atitude, intervenção e capacidade inovadora da instituição. A imagem é igualmente diferenciadora, contemporânea e estimula o sentido de pertença e coesão de toda a comunidade académica. O maior obstáculo do designer foi recorrer a um signo da identidade regional, sem cair no folclore dos estereótipos minhotos, e abandonar o pesado simbolismo medieval e militar do brasão que vigorava. “A apropriação do sistema sígnico da comunidade piscatória da Póvoa de Varzim, pela aproximação a uma proto escrita rudimentar, pareceu adequar-se melhor à representação da instituição do conhecimento”, justifica.

Do brasão recuperou-se os três jacintos em campo de prata, algo que a maioria da Academia confundia com espigas. Essas flores brancas ou azuis, organizadas em cacho, gozam de uma estrutura geométrica clara que personifica as qualidades humanas da humildade científica, da simplicidade e do rigor. O logótipo da Reitoria em cor rubi acompanha sempre o grafismo e cor próprios de cada unidade orgânica de ensino e investigação, como o triângulo equilátero, o monograma Pi, a serpente e a flor hexaédrica. Estes traços minimalistas, leves e abstratos partem sempre de variações do jacinto. Materiais informativos e promocionais, anúncios, eventos e toda a documentação produzida diariamente têm este carimbo. Já a imagem heráldica anterior continua a ser usada em "documentos nobres", cartas de curso, diplomas e no selo branco.
 
A atual identidade foi lançada nas comemorações do 30º aniversário. O processo iniciara em 1996, com a então pró-reitora Minoo Fahrangmehr. O concurso de ideias foi apoiado por diversos colaboradores internos e externos, como o Centro Português de Design, mas a sua adoção não foi imediata. O momento foi aproveitado para António Guimarães Rodrigues, que presidia a Escola de Engenharia (a maior da UMinho), antecipar em 2000 a adoção da nova identidade. Após a aprovação da proposta final pelo reitor Chainho Pereira, sucederam-se duas dezenas de sessões de trabalho entre 2001 e 2003 com as escolas, institutos e associações da Universidade para a construção interativa das suas identidades no novo contexto iconográfico.
 
Algumas mudanças não foram pacíficas
 
“Das reuniões que tive com todas as Escolas representadas pelos seus corpos administrativos e colegas convidados guardo acesas discussões sobre as vantagens desta cruzada, que, apesar de tudo, recebeu a adesão partilhada de toda a academia”, salienta Francisco Providência. “Na verdade, eu tinha a favor a crítica social, semântica e estética da marca fundada num brasão de cavalaria (ao estilo de D. Manuel) e, assim, mais próximo dos meios bélicos de afirmação de soberania do que daqueles que recorrem ao conhecimento para benefício de todos”. O designer considera que o preço do trabalho coletivo “resultou na apropriação alargada da nova identidade pelo seu corpo docente e técnico, mas por outro lado implicou a adoção de símbolos que, frequentemente estereotipados, nem sempre testemunham a erudição do seu pensamento”. Uma imagem requer sempre um período de identificação e nunca é suscetível de unanimidade.