O teatro e o estudo ao longo da vida
Além do doutoramento, nunca parou a carreira profissional. É diretora artística da Compagnie Aléatoire de Théâtre, em França, onde já dirigiu seis espetáculos, estando neste momento a ensaiar o sétimo. “Nunca tive na cabeça ter uma vida académica para sempre”, reconheceu Maria Amaral, que foi docente universitária durante dez anos. Combinava a vida artística com a académica e depois de um longo dia de aulas deslocava-se rapidamente para ensaios, que se prolongavam madrugada dentro. No Brasil, chegou a tentar realizar mestrados por duas ocasiões, mas acabava sempre por desistir, pois o espetáculo, o palco, as artes roubavam-lhe a maioria do tempo.
Esteve envolvida com o palco desde os seus 20 anos e, agora, reconhece que o que gosta mesmo de fazer é “extrair factos, atitudes que não foram ou foram pouco relacionados antes e criar histórias, mundos e verossimilhanças. Isso, com métodos diferentes é claro, dará para fazer num espetáculo e numa tese”, explicou. A estudante acrescenta: “Gosto de investigar, de escrever ou de montar teatralmente a pesquisa, que é depois encarnada em texto (na tese) ou no corpo e falas das atrizes e dos atores (no teatro)”.
O seu percurso regista ainda uma passagem por cargos governamentais. Durante mais de dez anos, desempenhou várias funções de serviço público, tendo sido, no Rio de Janeiro, responsável por instituições de educação e cultura nos governos de Leonel Brizola e Marcelo Alencar. Foi aí que teve necessidade de interromper a carreira universitária para se dedicar ao estudo aprofundado sobre a forma como essas instituições poderiam ser geridas de uma forma eficiente e, ao mesmo tempo, renovadora.
Por fim, quando chegou a França, debruçou-se sobre os gender studies e escolheu como assunto para a dissertação em Reims uma pessoa que sempre a interessou: Marlene Dietrich, a atriz e cantora alemã que se naturalizou norte-americana e se tornou numa das figuras maiores do cinema clássico de Hollywood.
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