“Os alunos divertiam-se imenso comigo”
2017 foi o ano de viragem – decidiu abandonar o emprego e dedicar-se a tempo inteiro à música.
Abandonei o trabalho de 15 anos na Optiforum, empresa através da qual dei formação sobre lentes especiais a centenas de oftalmologistas, ortoptistas e optometristas. Tive algumas formações nos EUA e no Reino Unido e fui responsável pela introdução de lentes de contacto revolucionárias em Portugal. Conseguimos ajudar pessoas com problemas como a deformação progressiva da córnea, restituindo quase por completo a capacidade de visão a quem por vezes nem 10% tinha. Foi muito enriquecedor e senti que marquei a diferença na vida de muitos pacientes e profissionais. O passo de me dedicar em exclusivo à música, sendo de origens humildes e “pai de família” com dois filhotes, foi de um risco enorme e sem grande apoio moral ou de outra força qualquer. Mas a ideia de chegar a velho sem sequer ter tentado destruía-me por dentro. Teve que ser e ainda bem que o fiz! Se tiver que acabar amanhã, posso estar descansado, porque já vivi imensas aventuras pelas quais sou mesmo muito grato: umas boas centenas de concertos em nome próprio, uma residência artística na RTP em prime time, um espetáculo no Terreiro do Paço, em Lisboa, com os meus convidados especiais e muito mais! Consegui mais do que imaginava e, por isso, aconselho sempre as pessoas a seguirem o que as realiza, o que as faz sentir vivas.
Como surgiu a música na sua vida?
Essencialmente através do meu pai, o também alumnus Casimiro Pereira [licenciado e mestre em História pela UMinho]. Música e instrumentos sempre existiram em casa e na sala de ensaio do grupo “Origem Tradicional”, onde acabei por ingressar com 10 anitos, em 1989, já a tocar cavaquinho e a cantar. Foi a minha grande escola de música e de vida numa altura em que a música de raiz era bastante popular e em que tocávamos em muitos lugares, essencialmente no Norte de Portugal.
O seu primeiro disco, “Cavaquinho Cantado”, valeu o Prémio Carlos Paredes, já atribuído a artistas como Mário Laginha e Carminho. Um reconhecimento importante logo em início de carreira…
Foi, sem dúvida, um grande boost, que no fundo validou e deu credibilidade a tudo aquilo que estava a fazer em torno dos nossos instrumentos e sonoridades, em particular o cavaquinho, sempre com muita paixão, trabalho e com o maior rigor possível.
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