O prazer de frequentar dois cursos em simultâneo

31-05-2022 | Pedro Costa

Como clarinetista na Orquestra da Universidade do Minho, no salão medieval da Reitoria, em Braga

A receber o diploma de mérito do Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio, em Braga

No lançamento de um livro do filósofo Manuel Reis, na presença de um professor aposentado da UMinho

Nos preparativos para uma prova de atletismo de estrada, com as cores do SC Braga

A participar (ao centro) numa competição de corta-mato em Guimarães

A realizar uma performance pelo Artigym - Clube de Ginástica de Braga

As suas habilidades na ginástica permitem contextos surpreendentes

Também já praticou artes marciais durante a adolescência

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Jael Cohen, bracarense de 19 anos, estuda Música e Línguas e Literaturas Europeias na UMinho, mas ainda tem tempo para atuar em vários grupos musicais, ocupar cargos diretivos, dar aulas, ser atleta em diversas modalidades e até fazer voluntariado. Uma inspiração.



Chama-se Jael Cohen, um nome de origem hebraica. “O meu lado paterno é judeu e na família temos mantido tradicionalmente os nomes, por isso... Jael”. Nasceu no Porto e instalou-se com a sua família em Braga, onde tem uma vida preenchida de múltiplas e diferentes atividades. Amante das viagens, aprecia os clássicos do cinema, mas também o cinema japonês, e ouve jazz, erudito, mas também eletrónica ou sons ciganos. Lê desde muito pequena e Fernando Pessoa ou José Saramago estão entre os seus autores eleitos.
 
Mas a mais curiosa e invulgar particularidade desta bracarense de 19 anos vai para o facto de frequentar duas licenciaturas em simultâneo na UMinho: Música e Línguas e Literaturas Europeias. “Tudo surgiu pela minha necessidade de preencher o tempo, mas também por procurar estar envolvida em várias áreas diferentes”, revela. Sempre esteve muito ligada à música desde os 6 anos de idade – atualmente dá aulas no Conservatório Bomfim –, daí que a licenciatura em Música, no Edifício dos Congregados, também em Braga, acaba por ser natural.

Contudo, surgiria outro estímulo: “Tive constantemente uma relação próxima com os professores de Português e de outras línguas desde o ensino básico, que me incitaram à leitura e à investigação”. Quando percebeu que havia uma licenciatura da UMinho nessas áreas... “Ainda tinha algum tempo livre e pensei: porque não?”, sorri. Na verdade, está a ter “das melhores notas da turma em ambas as licenciaturas". "Isso para mim é natural, porque tenho a sorte de estudar áreas de que gosto muito”, confessa.
 
A agenda é difícil de conjugar, mas “com organização consegue-se, e os professores em geral ajudam bastante" e compreendem a situação, explica Jael Cohen. Na vida académica, é ainda representante dos alunos no Conselho de Escola da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho e foi eleita recentemente como presidente da Associação de Estudantes de Música da UMinho. A jovem estudante integra alguns grupos musicais desta academia, como a Orquestra da UMinho, um ensemble de música de câmara e o Coro de Alunos de Música. Paralelamente, é ginasta artística no Club Artigym desde os 6 anos de idade e atleta do SC Braga, tendo como especialidades as corridas de obstáculos e de meio fundo.
 



Organização dia a dia

Falamos com Jael Cohen numa semana em que, por coincidência, estava lesionada. Contudo, quisemos saber como é o dia-a-dia de alguém com tantas atividades. Tendo entre seis a oito treinos por semana no clube, “acaba por ser intenso, mas também ajuda a prática desportiva”. Um dia para a jovem pode começar às 6h00, pois gosta de se levantar cedo. Após treino e pequeno-almoço, começam as tarefas normais, como tratar as coisas de casa e "preparar o dia de forma relaxada”. A manhã inclui estudar ou tocar instrumento em casa ou nas aulas, dependendo do horário, sendo habitual voltar às aulas após o almoço. Três vezes por semana também vai lecionar a escolas primárias ou no Conservatório Bomfim. Pode ainda haver mais um treino entre o fim da tarde e o início da noite, antes do jantar.
 
Não se pense que a vida de Jael Cohen não tem lazer. “Muitas vezes ainda saio com os meus amigos e tenho também tempo para algo que adoro - aproveitar os eventos culturais que há em Braga, como o cinema no Theatro Circo", declara. Face à agenda preenchida, a pergunta mais difícil é: Como definiria um tempo livre de qualidade? A jovem não foge à pergunta, mas denota dificuldade em sair da ocupação útil do tempo. “Posso divertir-me a ir para um café e gastar tempo apenas numa boa conversa com os amigos, mas posso procurar coisas novas para fazer, ver um bom filme...”. Sim, e há até tempo para a solidariedade, já que se envolve enquanto clarinetista a tocar em eventos solidários. As viagens são um estímulo irresistível. “Adoro viajar e, se puder, faço-o sempre que possível”, admite, tendo como próximo destino alguma experiência fora da Europa.
 

Com os olhos no futuro

“O futuro é algo complexo”, devolve Jael Cohen, pois “o mundo coloca-nos circunstâncias que podem mudar a qualquer momento”. Por isso, não deposita muitas energias a projetar os próximos tempos. A UMinho tem-lhe estimulado novos caminhos. "Tenho expandido mais o meu gosto musical, pois conheci pessoas muito interessantes, com gostos bastante diferentes”, revela. Imagina-se a fazer carreira na música, mas “seguramente, a estudar sempre”. Dar aulas também a motiva, pois transmite conhecimento e evolui no processo. Aliado ao facto de gostar tanto de aprender, fá-la imaginar uma carreira de investigadora. Mais uma vez, replica: “Porque não?”. Para Jael Cohen, o futuro promete muito, mesmo sendo essa enorme página em branco com tudo por escrever.