“Não houve festas no 1º ano porque éramos muito ingénuos”
Como era a relação com os professores e funcionários?
O contacto era muito próximo. Aliás, foi dada a oportunidade a alguns professores e funcionários para morarem naquela que foi a primeira residência universitária da UMinho, situada Rua do Forno, em Braga. Lembro-me do professor Jaime Rocha Gomes ter sido meu companheiro de residência durante um ou dois anos. Devo muito ao dr. Armando Osório, então administrador dos Serviços de Ação Social, porque sem ele não teria chegado onde cheguei, ao dr. Aguilar Monteiro, diretor dos Serviços Académicos, bem como aos professores Mário Duarte de Araújo, Jaime Rocha Gomes, Chainho Pereira e Hernâni Maia, com quem tive as primeiras aulas de Física e Química no ensino superior, respetivamente. Com o professor José Esgalhado Valença aprendi muito sobre computadores e com o professor Carlos Couto sobre Eletrónica. Sem eles não teria chegado onde cheguei!
Já se organizavam convívios?
Não houve festas no 1º ano, porque éramos muito ingénuos e bem-comportados e não sabíamos bem ao que vínhamos [risos]. Começaram a realizar-se no ano seguinte na residência universitária. Foi lá que conheci a minha mulher, que frequentava o curso de Formação de Professores em Inglês-Português. A imagem mais forte que ficou dessa época foi a da proximidade e da informalidade, porque éramos todos amigos. Éramos pouco mais de 200 estudantes no total, entre cursos de Engenharia e de Ensino. A UMinho abriu-me caminhos para a vida, para o mundo de trabalho e para o convívio com pessoas extraordinárias que se tornaram amigos íntimos. Organizamos ainda hoje encontros semestrais e falamos todos os meses.
E como surgiu o bacharelato de Engenharia Têxtil? Já tinha interesse pela área?
Não, Engenharia Têxtil surgiu primeiro no catálogo de cursos da UMinho [risos]. E como não tinha muita queda para o ensino, acabei por olhar mais para os cursos de Engenharia, até porque a minha família é maioritariamente constituída por engenheiros. A área de Metalomecânica não me dizia muito e Engenharia Têxtil despertou-me a curiosidade. Nem sequer sabia que existiam processos têxteis [risos]. Comecei a interessar-me pelo setor quando percebi que o fio, a malha, o tecido e o tingimento passavam por processos extremamente complexos e muito atraentes. Demorei mais tempo do que o normal a concluir o curso, porque comecei logo a trabalhar numa fábrica. Foi o professor Mário Duarte de Araújo que me levou para a especialização das malhas e deu um empurrãozinho para o meu primeiro emprego e, depois, para terminar o bacharelato - um bocado forçado por ele, confesso! Fui o primeiro aluno formado pela Escola de Engenharia, em 1979.
Naquela altura quase que bastava ter o canudo para conseguir um bom emprego...
Todos os alunos da Universidade do Minho da minha geração conseguiram emprego imediato. Era bastante mais fácil, comparativamente a hoje.
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