O bólide EconomicUM está num dos laboratórios do
Departamento de Engenharia Mecânica da UMinho. Foi criado em 2005, na altura chamado Papa Léguas, pela equipa
BebUMlitro, formada por alunos da
Escola de Engenharia e orientada pelos docentes Heitor Almeida, Jorge Martins e Luís Martins. O projeto durou até 2017 e com resultados de relevo. Há uma década, por exemplo, alcançou o 8º lugar em protótipos, num circuito em Roterdão, Países Baixos, sendo o melhor dos seis bólides portugueses em prova e até entre os ibéricos. A sua melhor marca, de 1565 km/l, foi obtida em Rockingham, Inglaterra. "Era dos circuitos mais difíceis, pois tinha uma só subida e, caso se errasse na abordagem, adeus à classificação", sorri Jorge Martins.
Curiosamente, na sua
estreia a 21 de maio de 2005, no circuito de Nogaro, sul de França, o veículo acabou por não ir para a pista devido à avaria súbita de um componente eletrónico. Dias antes, após 3000 horas de trabalho e 5000 euros investidos, tinha feito 533 km/l em testes no autódromo de Braga. E em 2006 chegou aos 967 km/l (26º lugar) na Eco-Marathon, mas os resultados foram melhorando nos anos seguintes, graças a evoluções no motor e na aerodinâmica.
Um
motor com sobre-expansão, criado na UMinho, seria testado na prova em 2017 e também elogiado no Create the Future Design Contest, da revista
NASA Tech Briefs. “Face a haver diversas equipas profissionais na Europa e a termos alguns problemas técnicos e orçamento reduzido, as nossas prestações foram assinaláveis”, diz Jorge Martins. O professor frisa a importância desta atividade para os alunos: "Cresceram nos conhecimentos, no
networking e na experiência internacional. A Eco-Marathon permitia até escolherem a classe a competir em termos de motor, de cilindrada…”. Quanto ao combustível, havia veículos a hidrogénio, GPL, gasóleo, gasolina, biocombustível e solares.
O EconomicUM nasceu com três metros de comprimento, 80 centímetros de largura e 60 centimetros de altura, tendo três rodas,
chassis autoportante em fibra de carbono e motor de combustão de 50cm3, com injeção e ignição controladas por computador e a funcionar segundo o ciclo Miller. O carro foi até desenhado para participar no traçado de Paul Ricard, França, onde ironicamente nunca correria. "Essa pista tinha uma curva apertada, daí o carro ser largo, quase o dobro da área frontal da maioria dos concorrentes, o que lhe limitava o desempenho", recorda Jorge Martins.
O bolíde foi criado no Laboratório de Motores e Termodinâmica Aplicada (LaMoTa) da UMinho e suportado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tendo também a ajuda de alunos Erasmus e investigações de fim de curso. O projeto contou ainda com o apoio da Escola de Engenharia e Associação Académica da UMinho, da Seur e, entre outros, do Município de Guimarães, que na decoração do
chassis aproveitou para promover a “Capital Europeia da Cultura 2012” e, depois, “Capital Europeia de Desporto 2013”. O tempo passa rápido.