As nossas primeiras patentes

30-04-2023 | Pedro Costa

Representação da primeira patente da UMinho no INPI, submetida pelo professor José Covas

As primeiras patentes de José Covas noticiadas na revista do "Expresso", a 20 de fevereiro de 1999

José Covas

A primeira inovação da UMinho (através de Carlos Couto), no portal do Instituto Europeu de Patentes

Ilustração desta inovação de Carlos Couto e Hes Lubos

Carlos Couto

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Carlos Couto teve a primeira patente europeia (1993) e José Covas a nacional (1996) pela UMinho, com um novo tipo de termómetro e um coletor de amostras de polímeros a serem transformados.




A Universidade do Minho tem estado na linha da frente a nível da inovação e valorização económica do conhecimento nas suas diversas formas. O licenciamento de propriedade industrial possui um longo e profícuo histórico distintivo. Isso deve-se ao talento e resiliência aos cientistas e centros de I&D, mas também à estratégia das várias equipas reitorais e ao trabalho da interface TecMinho e do seu Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial (GAPI), coordenado por Marco Sousa.

Neste âmbito, fomos conhecer as primeiras patentes em nome da UMinho. Foi a 3 de maio de 1993 que se iniciou o primeiro dos 108 registos europeus, no Instituto Europeu de Patentes (EPO). “Method of contactless measuring the surface temperature and/or emissivity of objects” foi submetido na República Checa, por Carlos Couto e pelo checo Lubos Hes. Em Portugal, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) agrega 232 patentes da UMinho, tendo o primeiro pedido, “Dispositivo de recolha rápida de amostras de polímero de extrusoras”, sido submetido a 27 de novembro de 1996 por José Covas. 
 
 
Estreia na Europa em coautoria
 
Carlos Couto, professor catedrático do Departamento de Eletrónica Industrial da Escola de Engenharia da UMinho (EEUM), já tinha estado ligado nos anos 1980 ao desenvolvimento de uma das primeiras balanças eletrónicas. Quanto à sua primeira patente no EPO, resultou de um "pirómetro auto-calibrado, relativamente à emissividade do corpo cuja temperatura se pretende medir". O projeto foi iniciado em outubro de 1993 por dois alunos finalistas, sob coorientação de Carlos Couto e Lubos Hes. Está co-registado em nome da UMinho, em Bruxelas (Bélgica), com a referência 94117 CH/EU, data de 28 de abril de 1994 e válida para Alemanha, França, Reino Unido e Portugal. Lubos Hes, da Universidade Técnica de Liberec, realizaria na UMinho as provas de agregação no âmbito da Física Têxtil, em junho de 1995.
 
“Este trabalho repetiu-se depois com o desenvolvimento de um sensor integrado, recorrendo às micro-nanotecnologias, que permitiram a realização mais rápida das duas medições com baixos consumos de energia”, frisa Carlos Couto. Nesta investigação esteve envolvido Luís Miguel Gonçalves, já docente da UMinho. Contudo, devido a várias reflexões múltiplas, os registos obtidos não permitiram com exatidão confirmar o objeto da patente.

Ainda assim, Carlos Couto considera sem reservas que “a experiência adquirida permitiu desenvolver a partir daí vários projetos relacionados com os microssensores de radiação e microdispositivos termoelétricos" (para aquecimento e arrefecimento), Daí resultou uma importante linha de investigação, com um número apreciável de publicações em revistas científicas.

 
Polímeros de ponta em Portugal
 
Em Portugal, a primeira patente submetida ao INPI pela UMinho foi em 1996 e consistiu num dispositivo para recolher amostras de polímero ao longo do cilindro de uma extrusora em funcionamento. O autor é José Covas, professor catedrático do Departamento de Engenharia de Polímeros da EEUM e investigador do Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC) nas áreas de reologia, processamento e composição polimérica.

As extrusoras, equipamentos muito utilizados pela indústria para a preparação de materiais, são infelizmente como uma “caixa negra”, pois não dão acesso a informação sobre o que se passa com o material durante o processamento, explica José Covas. O material a ser processado é aquecido acima do ponto de fusão e sujeito a um escoamento complexo, pelo que se tornou importante identificar problemas de degradação ou de mistura indevida dos componentes. “Esta invenção permite retirar amostras de material em localizações específicas da máquina, para análise das suas características”, revela.

A patente foi posteriormente complementada com outras invenções, que permitiram caracterizar diretamente as propriedades do material nos pontos onde as amostras foram recolhidas. De resto, em 20 de fevereiro de 1999, a revista do semanário “Expresso” deu relevância a esta “Inovação dos Plásticos”. Esta patente e a investigação resultante permitiram apresentar resultados em diversas conferências internacionais, bem como publicar artigos em revistas científicas relevantes, que suscitaram colaborações com colegas de universidades europeias e brasileiras, além de intensa atividade com alguns dos maiores produtores europeus de polímeros e plásticos.
 
Enquanto cientista, José Covas considera que esta invenção teve um papel determinante, pois foi a base de um conjunto de inovações que permitiram acoplar equipamentos de caracterização de polímeros a extrusoras, avaliando-se desta forma - em tempo real e ao longo do cilindro da máquina - as propriedades de sistemas poliméricos complexos, durante o seu funcionamento. “Esta expertise e os resultados obtidos touxeram diversas colaborações, projetos e reconhecimento internacional”.


Título da patente Pedido Autores Requerente
Method of contactless measuring the surface temperature and/or emissivity of objects 03/05/1993 (EPO)
 
Carlos Couto, Hes Lubos Departamento de Eletrónica Industrial - UMinho
Dispositivo para recolha rápida de amostras de polímero de extrusoras 27/11/1996 (EPO, INPI) José Covas Departamento de Engenharia de Polímeros - UMinho
Acessório acoplável a reómetro rotacional para medição de propriedades extensionais 05/08/1997 (EPO, INPI) José Covas Departamento de Engenharia de Polímeros - UMinho
Acessório para medição rápida de propriedades reológicas durante o processo de extrusão 04/06/1998 (EPO, INPI) João Maia, João Miguel Nóbrega, José Covas Departamento de Engenharia de Polímeros - UMinho
Processo de proteção de corantes em artigos têxteis ao efeito do branqueio com peróxido de hidrogénio, perboratos ou percabonatos 11/11/1998 (INPI) Jaime Rocha Gomes Departamento de Engenharia Têxtil - UMinho
Meio de cultura para a deteção das leveduras Zygosaccharomyces bailii e Zygosaccharomyces bisporus 31/05/1999 (INPI) Manuela Corte-Real, Cecília Leão, Dorit Schuller Departamento de Biologia - UMinho & Stab Vida, Lda.
Sistema para medir a topografia de ambas as superfícies corneanas e a espessura da córnea 25/02/2000 (INPI)
 
José Borges de Almeida, Sandra Franco Departamento de Física - UMinho
Utilização de pigmentos cromotrópicos pretos em coberturas têxteis brancas com vista à poupança de energia em edifícios 30/05/2000 (EPO, INPI) Jorge Neves, Paulo Mendonça Departamento de Engenharia Têxtil - UMinho
Cabeça para pultrusão de perfis em termoplástico reforçado com fibras longas 14/07/2000 (EPO, INPI) António Pousada, J. N. Mota, João Pedro Nunes Departamento de Engenharia de Polímeros - UMinho
Máquina para a produção em contínuo de mechas de fibras pré-impregnadas com termoplástico em pó com fibras longas 14/07/2000 (EPO, INPI) João Pedro Nunes, J. F. Silva, L. Silva, P. J. Novo, A. T. Marques Departamento de Engenharia de Polímeros - UMinho & INEGI
Tratamento de fibras de pelo animal com proteases modificadas 30/03/2001 (EPO, INPI)
 
Artur Cavaco Paulo, Carla Joana Silva Departamento de Engenharia Têxtil - UMinho
Fonte: INPI e EPO (optamos pelo título português da patente quando foi pedida em simultâneo nestas entidades).