Objetos com história: calorímetro FEMC

19-05-2023 | Nuno Passos | Fotos: Nuno Castro e CERN

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Continuamos a revelar artefactos que fazem parte do percurso desta academia. Pode uma peça representar o início de um polo de investigação? No LIP-Minho, sim!


No edifício 3 do campus de Gualtar, em Braga, o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP-Minho) guarda uma parte de um detetor avançado, o calorímetro FEMC da experiência DELPHI. Este é o acrónimo de "DEtector with Lepton, Photon and Hadron Identification", uma das quatro grandes experiências de deteção de física de partículas que funcionou entre 1989 e 2000 no Grande Colisionador de Electrões e Positões do CERN - Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, que fica na fronteira franco-suíça e possui o maior acelerador de partículas do mundo. A DELPHI foi desmantelada em 2001 e substituída por uma nova geração de equipamentos. A tal parte do FEMC foi depois trazida para Braga pelo investigador Nuno Castro.

"Fiz o meu trabalho de mestrado na experiência DELPHI, orientado pelos professores António Onofre e Mário Pimenta, e pode dizer-se que esta colaboração deu mais tarde origem ao LIP-Minho, o qual naturalmente teve também a intervenção de mais pessoas”, explica Nuno Castro, que viria com António Onofre para a UMinho. “Esta peça histórica, que mostramos a alunos e investigadores que habitualmente nos visitam, é um testemunho importante”, realça o também professor e vice-presidente da Escola de Ciências da UMinho.

Na fotogaleria acima surge igualmente uma equipa internacional de cientistas no CERN, junto ao detetor DELPHI parcialmente desmontado (o FEMC já fora retirado), que inclui Nuno Castro, António Onofre, Mário Pimenta e outros colegas portugueses.

O LIP nasceu em 1986, tem polos em Lisboa, Coimbra e Minho e é a instituição portuguesa de referência para a física experimental de partículas e as tecnologias associadas. É um parceiro contínuo no consórcio científico internacional do CERN. O CERN fica próximo de Genebra e possui um túnel circular de 27km a 100 metros de profundidade. Nos detetores do Grande Colisionador de Hadrões, instalado nesse túnel, produzem-se milhares de milhões de colisões de protões por segundo, originando uma quantidade imensa de dados que são posteriormente analisados por físicos de todo o mundo, em busca dos mistérios da origem do universo... e não só.