Os nossos “magníficos”

29-09-2023 | Texto e fotos: Marta Ferreira

Heitor Fernandes, Mariana Ferreira e Ívan Sousa à conversa no B-Lounge da Biblioteca Geral da UMinho, em Braga

Mariana Ferreira estuda Línguas e Literaturas Europeias, na Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho

Ívan Sousa à entrada da "sua" Escola de Economia e Gestão da UMinho

Heitor Fernandes quer formar-se em Informática na Escola de Engenharia da UMinho

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Na vida de um estudante, espera-se que a sua jornada seja um período de descobertas, desafios e crescimento pessoal. À conversa com três novos alunos da UMinho que ingressaram com média de quase 20 valores, descobrimos os seus influenciadores, os seus hábitos que contribuem para o sucesso e as suas preocupações e expectativas sobre o futuro.



Mariana Ferreira tem 18 anos e é estudante do curso de Línguas e Literaturas Europeias. Ingressou na universidade da sua cidade depois da participação em duas edições do Verão no Campus. Recuando até à sua infância, tem memória de percorrer os corredores da UMinho ao participar numa iniciativa de Natal dos funcionários e, já na altura, ficou agradada. Foi também nessa época que nasceu o seu gosto por línguas e literatura, quando lia e comentava as suas próprias leituras. Encontrou igualmente na escrita um grande interesse e confessa que a sua versão do paraíso se parece com uma biblioteca. Sendo ela uma estudante de mérito, quando questionada sobre o que considera ser um/a “estudante ideal”, destaca que cada qual tem os seus próprios métodos, características e ambições. Acredita que cabe a cada um decidir o que constitui um estudante ideal e como se tornar num.

Confrontado com a questão, Ívan Sousa, um jovem da mesma idade natural de Felgueiras, é mais pragmático a elencar as três características que considera essenciais para obter sucesso académico, nomeadamente: boa média académica, aptidão para trabalhar profissionalmente e participação em atividades extracurriculares. Acaba de ingressar no curso de Economia e, na sua perspetiva, “para ser um estudante ideal, é necessário, em primeiro lugar, ser um excelente estudante”, dando destaque à importância de participar em atividades que não estejam ligadas aos estudos. “Se o ideal se resumisse apenas a estudar constantemente, não imagino que alguém o desejaria ser”, considera.

Na mesma linha de pensamento, outro dos alunos com quem conversamos, Heitor Fernandes, defende que “a função de um estudante vai para além do sucesso académico determinado pelas avaliações”, devendo o estudante cultivar conhecimento nas áreas do saber que lhe despertam curiosidade, a fim de desenvolver competências que “por vezes, são deixadas de lado pelas instituições educativas por falta de tempo”. A Matemática sempre foi a disciplina de eleição e, mais tarde, no ensino secundário, encontrou outra disciplina que despertou a sua curiosidade, a Física.

No entanto, o seu percurso passa hoje pela Engenharia Informática, o curso que escolheu estudar. Conta que estar atento nas aulas, expor sempre as suas dúvidas e rever a matéria em casa foi a chave para atingir bons resultados académicos, mas sem nunca abdicar do tempo dedicado à vida social e a outros hobbies. Apesar de estar a iniciar o primeiro ano do curso, a informática e a programação não são novidade para Heitor, que já dedicou algum tempo a fazer formações nestas áreas, mesmo antes de ingressar no ensino superior. No momento de decisão, a Universidade do Minho foi uma escolha óbvia para o jovem bracarense, motivado pela boa cotação do curso a nível nacional e internacional. Por outro lado, o jovem acrescenta que não pretendia "investir dinheiro para sustentar as rendas exorbitantes de cidades como o Porto e Lisboa”.

 
Na hora de aprender…

Quando o assunto é aprendizagem, os estudantes têm abordagens diferentes. Mariana surpreende ao revelar que ouvir música com letras a ajuda a concentrar-se nos momentos de estudo e na memorização das matérias. O estudo em grupo também está dentro das suas preferências. Já Ívan, com grande interesse pelas áreas da política e literatura, destaca a importância da motivação e do foco no momentos de estudo. Dá importância a uma formação de qualidade e esse foi um dos motivos que o fez optar pela Universidade do Minho, apontando que “é conhecida como uma das 500 melhores universidades do mundo”
 


Quais são os seus influenciadores?

Todos destacam a importância das suas famílias ao longo do seu percurso académico. A estudante de línguas descreve o apoio do seu núcleo familiar como “uma noção da família enquanto clã": "Deram-me um espaço seguro em que desenvolver as minhas próprias crenças, apoiaram-me sempre”. Da mesma forma, a mãe de Heitor foi a sua principal motivadora para começar a aprender linguagens de programação e como utilizar várias ferramentas digitais.

Em paralelo, os três alunos destacam os professores como influenciadores profundos dos seus percursos escolares, seja no desenvolvimento de um bom método de estudo, no caso de Ívan - que espera que as sementes plantadas pela professora de Matemática “possam vir a desabrochar no ensino superior” - ou enquanto grandes inspirações, como conta Mariana.

Até mesmo nos momentos de escolha o papel destes educadores foi decisivo no percurso de Heitor: “O meu professor de Aplicações Informáticas também contribuiu para a minha decisão de estudar Engenharia Informática no ensino superior”.
 
 

O que os preocupa?

Quando questionados sobre suas inquietações em relação ao mundo, as perspetivas são bem diferentes. Por um lado, Ívan assume uma preocupação clara com o futuro do mundo em que vivemos, “que se encontra em perigo devido às guerras, desumanidades e catástrofes naturais cada vez mais comuns”. Usa a escrita como forma de deixar uma mensagem às pessoas, com o desejo de influenciá-las a tornar o mundo um lugar melhor. Já Mariana afirma com franqueza: "Tento pensar pouco nisso. Fá-lo-ia se a minha preocupação individual resolvesse as questões planetárias por si só, mas, como isso não se aplica, tento ficar tranquila. Tanto quanto sei o mundo pode acabar amanhã, mas hoje estou bem". Mais cauteloso, Heitor prefere pensar a médio prazo. Aquilo que o desassossega é a exigência do mercado de trabalho. Quer ser capaz de acompanhar o ritmo alucinante a que a tecnologia evolui.
 

E daqui a 20 anos, onde se imaginam?

Os três recém-chegados ao ensino superior sentem o peso da responsabilidade desta nova etapa, onde a fasquia e exigência sobem. Há ansiedade, motivação e muita vontade de desfrutar da vida académica no seu todo, como explica Mariana: “Ser capaz de aplicar todas as vivências desta nova etapa de modo a ser uma pessoa mais completa, feliz e empregável”.

Com os olhos no futuro, os jovens sonham alto e convictamente. No caso de Heitor, a ambição passa por viajar e conhecer novos lugares e encontrar um emprego que lhe ofereça uma grande flexibilidade, para que possa trabalhar a qualquer hora, a partir de qualquer lugar. Já Ívan imagina-se um poeta, “mesmo que pouco conhecido”, e, em simultâneo, almeja um cargo político relevante. O sucesso na modalidade do xadrez também entra na equação quando lhe é lançado o desafio de se imaginar daqui a vinte anos. Por fim, Mariana, que anseia ser professora, espera poder fazer a diferença de forma positiva na vida dos seus alunos. Não abdica de fantasiar em grande e revela o desejo de conduzir um carro roxo, acompanhada do seu gato sem pelo.