Objetos com história: os documentos fundadores do Instituto de Educação

11-08-2023 | Nuno Passos | Fotos: Nuno Gonçalves

Pormenor do índice dos documentos “Departamento de Educação: Programação” e “Centro de Desenvolvimento e Educação Comunitária”

Esboço inicial sobre os grupos de projeto nas Ciências da Educação na UMinho

Momento de uma aula de Tecnologia Educativa, cerca de 1980

José António Martin Afonso é professor auxiliar do Instituto de Educação da UMinho

Exemplares da Comissão Instaladora sobre cursos e departamentos em Línguas Vivas, Educação, História, Medicina e Ciências Exatas e Tecnológicas, a par da integração da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital ou das instalações definitivas

Um dos principais volumes da Comissão Instaladora foi "Universidade do Minho: que universidade?" (1976), onde propunha o modelo a seguir, as condições necessárias e apelando à comunidade para a sua importância e implementação

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No Cinquentenário da UMinho, continuamos a conhecer artefactos que fazem parte da nossa história.




Em 1974-77, a Comissão Instaladora da UMinho publicou vários programas, projetos e pareces que estão na base matricial desta academia e na criação das suas unidades, como as Escolas e os Institutos. Daqui surgiram novos cursos em Portugal, como de Relações Internacionais, de Engenharia de Sistemas e de Ensino com estágio integrado.
 
Aquelas licenciaturas em Ensino saíram da Unidade Científico-Pedagógica de Ciências de Educação, que é o atual Instituto de Educação (IE), no campus de Gualtar, em Braga. A sua formação de professores inovou nos moldes e nas modalidades incluídas ao longo dos anos, desde os educadores de infância aos docentes do ensino secundário. O processo foi sendo acompanhado pelo incremento de mestrados e doutoramentos a partir dos anos 80.
 
Também a educação de adultos e o desenvolvimento comunitário foram estruturados em perspetivas modernas, assumindo alguma centralidade já desde 1975. O alargar de áreas de intervenção correspondeu à interação com uma diversidade de agentes sociais, como centenas de escolas básicas e agrupamentos, escolas profissionais, municípios, museus, bibliotecas, empresas, cooperativas, ONGs, associações empresariais e de desenvolvimento local, entre outras.
 
De igual modo, as redes internacionais consolidaram-se, quer na procura seletiva de formação ou ações de cooperação, quer em projetos de investigação, atentos à multidimensionalidade da educação e às mutações tecnológicas.
 
“Tudo isto afirmou um património que se foi construindo neste meio século”, diz o professor José Martin Afonso, do IE. Nota que as ideias basilares dos dossiês “Departamento de Educação: Programação” e “Centro de Desenvolvimento e Educação Comunitária” (CEDEC), elaborados pela Comissão Instaladora da UMinho em 1974-75, “declinaram-se ininterruptamente numa espécie de tradição que permanentemente se atualiza com audácia e inovação”. O próprio IE derivou em 2008 dos antigos Instituto de Estudos da Criança (IEC) e Instituto de Educação e Psicologia (IEP).
 
“A Educação da UMinho consolida-se numa trajetória singular, complexa e contrastante, mas embebida de premissas de permanente abertura à descoberta, à experimentação e, com uma especial atenção, aos campos disciplinares e aos saberes em movimento; é um modo de interpretar a sua identidade em íntima relação com sucessivas reconfigurações da própria universidade, das agendas políticas e das mudanças históricas e sociais”, acrescenta José Martin Afonso.