Estamos a ajudar a melhorar a visão dos atletas de alta competição

11-08-2023 | Marta Ferreira | Fotos: CEORLab

Jorge Jorge é investigador do laboratório CEORLab do Centro de Física e professor do Departamento de Física da Escola de Ciências da UMinho

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Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) é procurado por clubes e atletas de diferentes modalidades e países.




O projeto na área da visão no desporto é coordenado pelo professor Jorge Jorge, no Centro de Física da Escola de Ciências da UMinho, em Braga. Surgiu há 15 anos, inicialmente numa perspetiva de solucionar problemas de visão dos atletas. Esta investigação é pioneira em Portugal e na maioria dos países da Europa, tendo a área apenas alguma expressão nos Estados Unidos da América.

Desde 2010, o foco do projeto é otimizar as capacidades visuais dos atletas, colmatando as dificuldades ou problemas visuais que possam condicionar a sua performance. A equipa de Jorge Jorge faz, primeiramente, uma caraterização do sistema visual dos atletas, diagnosticando os aspetos mais importantes na atividade desportiva e na modalidade de cada um, para posteriormente aplicar exercícios de treino visual e potencializar as suas capacidades visuais.

Uma das dificuldades encontradas pelos investigadores prende-se com os inúmeros fatores externos que influenciam o desempenho dos atletas, tornando complexa a avaliação dos resultados práticos do treino visual. “Ainda assim, já demonstramos que, melhorando alguns parâmetros da visão, conseguimos melhorar o rendimento dos atletas”, refere Jorge Jorge. Esta área tem-se afirmado e é procurada por vários clubes e atletas de diferentes modalidades a nível nacional e internacional.


E quem não distingue as cores?

Estima-se que 8 a 10% dos homens têm problemas de visão cromática, o que se reflete, na experiência dos investigadores, em um a três atletas por equipa com dificuldade em identificar, por exemplo, a cor dos equipamentos, um fator que limita o rendimento do atleta. “Verificamos que as equipas médicas e técnicas e mesmo a própria Liga de Clubes não estão conscientes desse problema”, ressalta o docente. Jorge Jorge exemplifica que, num jogo de futebol da última época entre o Benfica e o Marítimo, foram utilizados equipamentos de cor vermelha e verde, respetivamente, e aos olhos de um daltónico eram praticamente iguais. “Poderia solucionar-se facilmente com uma das equipas a jogar de branco”, acrescenta.



O que podemos esperar desta área no futuro

A investigação do CEORLab aposta atualmente na determinação dos equipamentos mais adequados para treinar os atletas, fruto da diversidade de instrumentos existentes no mercado, que passam até pela aplicação de métodos de realidade virtual. Após estarem consolidadas fases como a seleção dos métodos a utilizar para melhorar o rendimento do atleta, a definição dos exames mais relevantes a realizar e quais os valores a alcançar, de acordo com Jorge Jorge será possível “oferecer este tipo de serviço a uma comunidade de forma muito mais abrangente”.