Implementada compostagem pioneira nos campi da UMinho

11-08-2023 | Fotos: Nuno Gonçalves

Fátima Bento é professora e investigadora do Departamento/Centro de Química da Escola de Ciências da UMinho, em Braga

Ana Catarina Silva é uma das investigadoras envolvidas do Centro de Química, mas há também colegas do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e do Centro de Território, Ambiente e Construção (CTAC)

No anterior projeto Res2Valhum, os cientistas mostraram que flores, vermes e estrume ajudam a reter poluentes de águas e, também, a travar a degradação de solos e a atacar os patogénicos

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Projeto coordenado por Fátima Bento junta cientistas das Escolas de Ciências e Engenharia e tem o apoio dos Serviços de Ação Social e da Reitoria.




As universidades do Minho e de Santiago de Compostela (USC) estão lançadas num compromisso de sustentabilidade e de preservação do meio ambiente, consolidando este propósito através de uma parceria no âmbito do projeto Interreg Res4VALOR. Os Serviços de Ação Social da UMinho (SASUM) são um dos parceiros neste projeto, num esforço de aumentar as competências sobre a separação seletiva de resíduos orgânicos para compostagem, com o objetivo de constituir um modelo de boas práticas ambientais.
 
Esta cooperação transfronteiriça visa desenvolver ações de capitalização de resultados do projeto Res2ValHum que antecedeu o Res4VALOR, e que trabalhou a valorização dos resíduos orgânicos e produção de substâncias húmicas. Ambos integram o programa Interreg VA Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Nesta iniciativa, as universidades estabeleceram um consórcio com a empresa pública SOGAMA - Sociedade Galega do Medio Ambiente, para melhorar a eficiência da utilização dos recursos naturais e ajudar ao desenvolvimento da economia verde na zona de cooperação entre a Galiza e o Norte de Portugal.
 
Para Miguel Bandeira, pró-reitor para o Desenvolvimento Sustentável e o Planeamento dos Campi, “este projeto é determinante e vai ao encontro das ações da UMinho no cumprimento dos seus objetivos de sustentabilidade”. O responsável acrescenta que “é importantíssimo ter a universidade como motor dinamizador para novas iniciativas a favor da sustentabilidade, contribuindo para uma realidade ambiental mais equilibrada para as gerações futuras”.

 
Azurém e Gualtar receberam unidades de compostagem
 
Na UMinho foram dinamizadas nos últimos seis meses várias atividades e instaladas, de forma pioneira, duas ilhas de compostagem junto às cantinas dos campi de Azurém (Guimarães, na foto) e Gualtar (Braga). Através do Res4VALOR, foi igualmente instalada uma ilha de compostagem no campus Vida da USC. A coordenação do projeto na UMinho cabe a Fátima Bento, professora da Escola de Ciências (ECUM) e investigadora do Centro de Química, que trabalhou a instalação das unidades de compostagem em estreita colaboração com os SASUM e a equipa de gestão dos campi, ainda com a participação dos investigadores Ana Catarina Silva, Ana Cunha, Ana Paula Bettencourt, Maria Dulce Geraldo, Maria Fernanda Proença e Rui Oliveira, todos da ECUM, e Paulo Ramísio, da Escola de Engenharia.
 
O projeto faz um aproveitamento máximo da matéria orgânica com a colaboração do Departamento Alimentar dos SASUM, através da segregação dos resíduos nas linhas de preparação de alimentos - folhas de vegetais, partes não comestíveis de frutas, cascas de frutos secos, ovos, borras de café, saquetas de chá, entre outros -, que são posteriormente encaminhados para os compostores.
 
Fátima Bento salienta que foram já obtidos resultados de investigação significativos no âmbito destes projetos. “Através de um estudo abrangente, no qual tanto o composto como as substâncias húmicas que o constituem foram caraterizados, estabeleceu-se uma escala de qualidade para este tipo de produto, particularmente na sua capacidade como fertilizante orgânico”, revela. A criação dessa escala, a primeira no seu género, "é de extrema importância", pois permite determinar as doses adequadas para maximizar o crescimento das culturas, mas também para definir o preço do composto com base no seu valor intrínseco. A responsável realça que as investigações realizadas "possibilitaram avaliar o potencial do composto como adsorvente de contaminantes orgânicos persistentes”. Esses contaminantes "representam uma ameaça à qualidade das águas superficiais, devido à ineficácia dos métodos tradicionalmente usados nas estações de tratamento de água para eliminá-los ou retê-los de forma eficaz”, adverte a investigadora.